As eleições passaram, mas a militância política continua movimentando as ruas nas diversas capitais brasileiras. Na Praça do Derby, localizada no bairro recifense homônimo, movimentos sociais de Pernambuco e militantes do PT no estado realizaram um ato público em defesa daquela que é a pauta de maior repercussão no momento: a reforma política. Personalidades políticas, como a deputada estadual Teresa Leitão e o vereador em Olinda Marcelo Santa Cruz, ambos petistas, se juntaram a líderes e representantes de movimentos de trabalhadores, urbanos e rurais, de mulheres e de jovens para fazer valer a vontade popular de mundança.
Teresa Leitão vê o Congresso Nacional, reconhecido como o mais conservador já eleito desde a redemocratização, como um grande obstáculo para a reforma política se tornar realidade, mas se mostrou otimista. “Nunca a população esteve tão próxima de uma bandeira como esta da reforma política. Essas eleições revelaram a necessidade e a urgência de se fazer essa reforma. Já que a presidente Dilma Rousseff a colocou como prioridade em seu discurso, o governo deve procurar manter um diálogo duplo, com o Congresso e com a população”, sugeriu.
Intimamente ligado aos movimentos de direitos humanos, o vereador Marcelo Santa Cruz manifestou seu apoio à proposta e repudiou os atos contra a presidente reeleita ocorridos em São Paulo, que exigiam seu impeachment e uma nova intervenção militar. “Essa manifestação hoje serve para mostrar à sociedade que as forças democráticas estão vigilantes contra qualquer posição golpista que stá sendo tramada. É lamentável que hoje alguém ainda se coloque a favor de uma ditadura militar”, protestou Marcelo, cujo irmão, Fernando Santa Cruz, está na lista dos casos de desaparecimento forçado durante o regime militar.
Bem como a deputada, o vereador marcou presença no ato, por acreditar que a reforma política se faz urgente. “Apenas ela vai modificar totalmente a representação parlamentar, que passa a ser uma representação de acordo com a vontade popular e não em função dos interesses dos grupos econômicos”, destacou.
Representando o Movimento Sem Terra (MST), Joelson Santos falou sobre a necessidade de se viabilizar a participação popular das decisões políticas e ressaltou a importância da reforma política para os trabalhadores do campo. “Nós temos um programa agrário muito atrasado. Os índices de terra hoje são medidos como se estivéssemos no Brasil de 100 anos atrás. A participação dos movimentos do campo definirá melhores políticas voltadas para o campo, que historicamente foi esquecido no nosso país”, explica o médico do MST.
Com microfone nas mãos, Gigi Bandler chamava atenção ao puxar os cânticos e gritos de ordem na manifestação com seu notável sotaque. A francesa vive há 35 anos luta pelos direitos da mulheres no Brasil. “Faz anos que a gente tá lutando por essa reforma política, só assim que a gente vai poder mudar as estruturas desse país, que estão muito doentes. Tem que ter uma constituinte exclusiva e soberana sobre essa questão, considerando a decisão popular”, concluiu.
