As
conquistas econômicas da Campanha Nacional dos Bancários 2014,
obtidas com a greve de sete dias, injetarão mais de R$ 9,030 bilhões
nos próximos 12 meses na economia brasileira, segundo projeção do
Dieese. A estimativa considera o total de 511.833 bancários,
conforme dados da RAIS.
A
presidenta do Sindicato, Jaqueline Mello, detalha que só
o reajuste de 8,5% nos salários representa um acréscimo anual de
cerca de R$ 3,312 bilhões. “A PLR injetará R$ 5,112 bilhões. É
um dinheiro que sairá do lucro dos bancos diretamente para o bolso
dos bancários”, diz.
Apenas
a antecipação do pagamento da
PLR, que
será efetuada 10 dias após a assinatura da Convenção Coletiva de
Trabalho na próxima segunda-feira (13), proporcionará um impacto de
cerca de R$ 2,008 bilhões.
Além disso, o reajuste de 12,2% e
8,5% nos vales refeição e alimentação, respectivamente,
garantirão mais R$ 606,015 milhões em um ano.
Distribuição
de renda – Para
Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT e coordenador do Comando
Nacional dos Bancários, “esses bilhões de reais são resultado
direto do enfrentamento que tivemos este ano, mais uma vez, com os
bancos. Não são benefícios, mas sim conquistas da unidade nacional
e da forte mobilização da categoria”.
“Esses ganhos
dos bancários de todo o Brasil, sobretudo o aumento real pelo 11º
ano consecutivo, contribuem, e muito, para aquecer a economia e fazer
o país crescer, fomentando o desenvolvimento econômico com
distribuição de renda”, acrescenta.
Vitória
contra o pessimismo – Para
a economista do Dieese, Regina Camargos, pelo seu tamanho e
capilaridade, a categoria bancária tem um papel muito importante
para dinamizar a economia em nível local e nacional. Os ganhos
obtidos em suas negociações anuais injetam uma elevada soma de
recursos no comércio, na indústria e nos serviços, como na cultura
e lazer.
“Esse efeito dinamizador comprova a importância
da elevação do poder aquisitivo dos trabalhadores para mover a roda
da economia e ajudar o país a atravessar com menor turbulência a
mais grave crise já enfrentada pelo capitalismo mundial desde 1929.
O Brasil é um dos poucos países do mundo que está passando pela
crise sem afetar o nível de emprego e de renda da classe
trabalhadora e isso está sendo decisivo para que a crise não nos
afete da forma como já ocorreu no passado”, destaca
Regina.
Economistas de renome mundial e até mesmo o ortodoxo
FMI têm dito que esse diferencial brasileiro no enfrentamento da
crise está sendo decisivo para evitar que o país amplie as
desigualdades sociais, tal como está acontecendo nos Estados Unidos
e na Europa.
Segundo a economista, os ganhos obtidos pelos
bancários em suas negociações coletivas, nestes últimos 11 anos,
foram decisivos para fomentar esse novo momento da economia
brasileira, juntamente com outras categorias organizadas, como
metalúrgicos, petroleiros e comerciários. “Ao lado da política
de valorização do salário mínimo, os ganhos reais obtidos pelos
trabalhadores têm contribuído para atenuar a elevada desigualdade
de renda existente no país”, salienta.
“Por tudo
isso, a vitória dos bancários não beneficia somente a categoria.
Ela tem efeitos positivos sobre o conjunto dos trabalhadores e a
economia brasileira, diante dos seus impactos em diversos setores. Ao
mesmo tempo, as conquistas alcançadas representam, também, uma
importante vitória contra o pessimismo que a grande mídia tenta
diariamente disseminar na sociedade ao fazer projeções
catastróficas sobre o desempenho do país”, conclui Regina.