Depois de oito dias de
greve, os bancários do Banco do Nordeste do Brasil (BNB), em
Pernambuco, decidiram encerrar a paralisação nesta terça-feira,
dia 7. Em assembleia realizada no início da noite, na sede do
Sindicato, os funcionários entenderam que a proposta apresentada
pelo banco não contempla os anseios da categoria, mas que as
negociações com o BNB chegaram ao limite.
Segundo o diretor
do Sindicato Fernando Batata, que representou os bancários de
Pernambuco no processo de negociação com o banco, a proposta de
acordo apresentada pelo BNB ficou aquém do esperado. “Mantivemos a
greve por mais um dia além dos bancários de outros bancos. Tentamos
retomar as negociações com o BNB nesta terça, mas a empresa
permaneceu irredutível. Para não jogar o funcionalismo numa
aventura que pode ser perigosa, decidimos encerrar a greve. Mas
continuaremos mobilizados para pressionar o banco nas negociações
permanentes, que serão retomadas em breve”, diz Batata.
A
presidenta do Sindicato, Jaqueline Mello, destaca que, embora a
proposta do BNB tenha alguns avanços, muitas reivindicações
ficaram de fora. “Conseguimos valorizar o piso com reflexo em todo
o plano de carreira, mas o próprio PCR não avançou. E esse é um
dos principais anseios dos funcionários”, comenta.
Jaqueline
repudia a postura do BNB, neste oitavo dia de greve, que espalhou
ameaças entre os funcionários. “O banco ameaçou entrar na
Justiça contra a greve dos bancários, quebrando o processo
negocial. Isso não interessa para nenhum dos dois lados. Não
podemos admitir que uma empresa pública faça este tipo de ameaça.
Mais uma vez, o BNB perdeu a chance de mostrar que é diferente dos
bancos privados”, avalia Jaqueline.
A proposta do banco
– Entre os principais pontos da proposta de acordo do BNB está
o aumento de 9%, com impacto em todos os níveis do Plano de
Carreiras e Remuneração (PCR). O banco também se comprometeu a
contratar mais 1.300 bancários para aliviar a sobrecarga de trabalho
que hoje aflige os funcionários.
O banco também aceitou
inciar imediatamente a implantação do ponto eletrônico e a criação
de mais um nível na função de gerente de negócio Pronaf, entre
outros avanços. Com relação ao Vale-Cultura, de R$ 50, o banco
disponibilizará, ainda este mês, um prazo de adesão para os
empregados, retroativo a setembro. “O banco até que atendeu
algumas reivindicações, mas deixou outras importantes demandas de
fora. Por exemplo, o plano de cargos e remuneração (PCR) não saiu
do papel, mas uma vez”, diz Batata.
>>Confira
a proposta completa
do BNB aprovada pelos bancários
Oitavo dia de greve – Um ato organizado pelo
Sindicato, nesta terça-feira (7), em frente ao prédio
administrativo do BNB, na Conde da Boa Vista, marcou a continuidade
da greve do banco. Fernando Batata explica que essa agência foi
escolhida para o ato por abrigar o maior contingente de funcionários
de Pernambuco.
“O ato alcançou seus objetivos: mostramos a
força do segmento para os bancos, mobilizamos os colegas que ainda
não tinham aderido à greve e explicamos à população os motivos
de continuarmos a paralisação”, afirmou Batata.
O
funcionário do BNB da agência Paulista, Rogério Ramos, lamenta que
as promessas do banco não saiam do papel. “No atual PCR, colegas
que chegaram ao último nível da carreira (o nível 18) estão sem
promoção há 7, 8, ou até, 10 anos. E outros, que estão no nível
5, continuam ganhando o piso”, comentou Rogério.
O diretor
da Federação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro do Nordeste
(Fetrafi-NE) e funcionário do BNB, Ricardo Vaz, ressalta a
discriminação do banco com os gerentes da agricultura familiar.
“Esses gerentes recebem valores fixos, independente da área em que
atuam. Não importa se trabalham numa agência de grande ou de
pequeno porte. Nas demais gerências de negócios, o BNB considera o
tamanho da economia da região em que a unidade está localizada para
remunerar os gerentes ”, afirmou Ricardo.
O diretor da
Fetrafi destaca que o aumento do valor das diárias não atende as
necessidades dos funcionários que precisam viajar. “Além disso,
não conseguimos avançar nos valores da PLR Social, que precisam
melhorar”, completou Ricardo.