No Brasil e em todo o mundo, as instituições financeiras evitam divulgar suas perdas com fraudes bancárias, e quando publicadas são minimizadas e ficam abaixo dos custos divulgados com tecnologia em segurança bancária.
Mas as cifras são altas e os custos somente em fraudes com cartões podem atingir 7 bilhões de euros (R$ 22 bilhões) em todo o mundo em 2015, segundo a consultoria internacional Value Partners.
O dado mais recente da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) referente ao ano de 2013 aponta que as instituições gastaram R$ 2 bilhões em tecnologia para segurança da informação, e relataram perdas de R$ 270,3 milhões no último ano.
Por meio da internet, o sistema financeiro brasileiro sofreu 77,646 mil invasões, sendo 56,192 mil invasões em contas de pessoas físicas e 21,454 mil invasões em contas de pessoas jurídicas.
“Os números de fraudes bancárias são bem difíceis de conseguir, nenhum banco ou empresa de cartão gosta de admitir a ocorrência de fraudes. Normalmente todos os números que são divulgados sobre fraudes são subestimados”, diz o sócio diretor da Value Partners no Brasil, Saul Attie.
A consultoria também relatou que os custos com fraudes via roubo de identidade bancária cresceram 90% na União Europeia em seis anos. “Praticamente existe uma indústria de fraudes, dedicada a fazer isso full time [o tempo todo], e do outro lado, os bancos gastam bilhões para tentar minimizar isso com sistemas de segurança, novos protocolos.”
Situação no Brasil – O diretor contou que os bancos brasileiros avançaram nos últimos anos na implantação de cartões com chip e na identificação biométrica. “Com isso, a fraude com cartões diminuiu muito. O Brasil, entre os países da América Latina é o que apresenta mais desenvolvimento nesse processo”, diz.
Ele contou, no entanto, é possível encontrar sites na internet em que hackers (invasores da internet) vendem dados de cartões para que outros tentem realizar a fraude. “Hoje, comprar um dado de um cartão de crédito ou de débito custa menos de um centavo [US$ 0,01]. Antes, custava muito mais caro, pois agora está muito mais difícil fazer essa fraude mesmo com dado do cartão em mãos”, afirmou.
Risco no celular – Sobre os riscos atuais, Attie alertou para uso do mobile banking, ou seja, da utilização da página do banco no celular ou smartphone. “Há um vírus, o Zitmo que ataca os telefones, é uma mutação do vírus Zeus que atacava computadores.”
Os criminosos vendem dados de contas bancárias pela internet por valores entre US$ 10 e US$ 1 mil. “Esses casos de fraude são raros, mas são com valores mais altos”, alertou.
Tentativas de fraudes – O economista da Serasa Experian, Luiz Rabi, diz o número de tentativas de fraudes com documentos roubados ou falsificados atingiu 175,822 mil somente em agosto. “É uma tentativa a cada 15 segundos no Brasil”, disse Luiz Rabi.
Em agosto de 2014 foram 38,5 mil tentativas de fraudes no setor bancário e em financeiras, 21,9% do total, ante 17,4% em agosto de 2013. “De posse de documentos, o fraudador tenta empréstimos.”