Bancários cobram proteção ao emprego; bancos dizem não

A
terceira rodada de negociações da Campanha Nacional dos Bancários
foi concluída nesta quinta-feira, dia 4, sem que os bancos
apresentassem qualquer proposta para as reivindicações sobre
emprego e remuneração. Durante a reunião, ficou claro que os
bancos não querem nem saber de garantir empregos, acabar com as
dispensas imotivadas e colocar um fim às terceirizações. Os
negociadores da federação dos bancos (Fenaban) disseram não para
todas as reivindicações feitas pelo Comando Nacional dos
Bancários.

“Em
três rodadas de negociação, já
discutimos todas as nossas demandas sobre saúde, condições de
trabalho, segurança, igualdade de oportunidades e emprego. Até
agora, os bancos não atenderam nenhuma reivindicação. Na semana
que vem, vamos discutir os últimos pontos da pauta, que tratam da
remuneração.
Esperamos que a Fenaban apresente alguma proposta, porque, por
enquanto, o cenário que está se desenhando é de mais uma greve”,
diz a presidenta do Sindicato, Jaqueline Mello, representante de
Pernambuco no Comando Nacional.

Na reunião desta quinta, os
representantes da Fenaban
alegaram que a Convenção Coletiva não é o instrumento adequado
para impor restrições aos bancos, como as reivindicações dos
bancários que visam proteger o emprego. Eles disseram que as
demissões na categoria são “irrisórias e ajustes pontuais”,
realizadas “com muita responsabilidade”.

“Irrisórias e
pontuais? Os bancos demitiram 23 mil bancários de janeiro a julho
deste ano e fecharam mais de 5 mil postos de trabalho. Não tem nada
de responsável nessas demissões, pois tratam-se
de pessoas, pais e mães de família, e não apenas números”,
destaca a
secretária de Finanças do Sindicato, Suzineide Rodrigues, que
representou Pernambuco nas negociações desta semana.

O
Comando Nacional dos Bancários voltou a cobrar o fim da
terceirização por meio da qual os bancos economizam e aumentam seus
lucros, retirando direitos e pagando salários mais baixos. Mas a
Fenaban mais uma vez deixou clara a importância dessa prática para
o setor e disse
que
os
bancos
não pretendem revertê-la. Para eles,
a regulamentação deve permitir terceirizar qualquer área,
inclusive as atividades-fim.

A ampliação e desvirtuação do
papel dos correspondentes bancários também foi debatida. O Comando
lembrou que em vez de atender em locais distantes, os correspondentes
estão nos grandes centros. Os bancos assumiram que se trata de uma
forma de terceirização e que só estão fazendo o que se faz no
mundo todo.

Carreira –
Após o debate de emprego, o Comando iniciou a discussão das
reivindicações sobre remuneração. O primeiro tema foi a demanda
histórica de Planos de Cargos e Salários (PCS) em todos os bancos,
que já existem nas instituições públicas.

Para os
sindicatos, o PCS é um instrumento de valorização e de
transparência dentro dos bancos, que permite ao trabalhador obter
ganhos ao longo de sua permanência na empresa. O Comando ainda
chamou a atenção para a grande diferença entre a remuneração dos
altos executivos e dos funcionários, que chega a 318 vezes, uma das
maiores do mundo.

Os bancos não admitiram, em hipótese
alguma, incluir a obrigatoriedade de um PCS na convenção coletiva e
ainda descartaram qualquer possibilidade de incorporar ganhos
automáticos em decorrência de tempo de serviço.

Piso
salarial –
O Comando
reivindicou o salário de ingresso de R$ 2.979,29 para escriturário,
que corresponde ao salário mínimo calculado pelo Dieese. Para
caixas e empregados de tesouraria, o piso seria de R$ 4.021,99; para
primeiros comissionados, de R$ 5.064,73; e para primeiro gerente, R$
6.703.31. Os negociadores da Fenaban se comprometeram a apresentar
uma proposta de piso nas
próximas negociações.

Outras
reivindicações –
Ainda
sobre emprego, outras reivindicações foram discutidas, como as
condições para funcionamento das agências, o controle do tempo de
permanência nas filas, a criação de uma comissão sobre mudanças
tecnológicas, a instalação de comitê de relações trabalhistas,
o abono-assiduidade de cinco dias por ano e investimentos dos bancos
para a qualificação e requalificação profissional. Os bancos
recusaram as reivindicações apresentadas, ficando apenas de dar
resposta sobre a possibilidade de realizar um seminário para
aprofundar conhecimentos para mudanças tecnológicas.

As
negociações sobre as reivindicações de remuneração dos
bancários prosseguem
na semana que vem, na quarta e quinta, dias 10 e 11. “Por
enquanto, estamos sem nenhum avanço. Se continuarmos assim nos
próximos dias, é greve”, reforça Jaqueline, convocando todos os
bancários para as atividades de mobilização e pressão que o
Sindicato tem realizado nas agências e departamento dos bancos. “Só
a nossa luta é capaz de quebrar a intransigência dos bancos”,
finaliza.

Confira os resultados de todas as negociações
>> Fenaban (negociação do dia 3 de setembro)
>> Fenaban (negociação do dia 28 de agosto) 
>> Fenaban (negociação do dia 27 de agosto)

>> Fenaban (negociação do dia 20 de agosto)
>> Fenaban (negociação do dia 19 de agosto)
 
>> Banco do Brasil e Caixa (segunda rodada)
>> Banco do Nordeste (negociação de 25 de agosto) 
>> Banco do Brasil (negociação do dia 22 de agosto)  
>> Caixa (negociação do dia 21 de agosto)

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