A abertura da terceira
rodada de negociações da Campanha Nacional dos Bancários,
realizada nesta quarta-feira, dia 3, acirrou ainda mais os ânimos
dos sindicatos diante da postura irônica dos representantes da
federação dos bancos, a Fenaban. A reunião discutiu as
reivindicações sobre emprego. Para os representantes dos bancos,
eliminar 5 mil empregos nos últimos doze meses “não é muito”.
O objetivo, deixaram bem claro, é terceirizar tudo, prática
classificada pela Fenaban como muito importante para o setor. A
rodada de negociação prossegue nesta quinta, dia 4.
Para a
presidenta do Sindicato, Jaqueline Mello, os bancos foram irônicos e
desrespeitosos na mesa de negociação. “Enquanto o Comando
Nacional dos Bancários apresentou dados sobre o emprego nos bancos e
tentou fazer uma discussão conceitual sobre a situação, os
representantes da Fenaban mostraram que não há responsabilidade
social no setor. Além de lançar ironias sobre a quantidade absurda
de demissões, os bancos ainda defenderam a regulamentação da
terceirização de forma ampla, com o mesmo enfoque apresentado pelo
programa econômico da candidata a presidente Marina Silva. Não é a
toa que ela tem a irmã do presidente do Itaú na coordenação da
sua campanha e o ex-presidente do Citibank como tesoureiro”, diz
Jaqueline.
>> Programa
de Marina Silva prega terceirização irrestrita, alerta
jurista
Demissões em massa – O Comando Nacional
dos Bancários apresentou à Fenaban o estudo do Dieese com base na
Rais do Ministério do Trabalho, mostrando que os bancos privados
fecharam 18.023 postos de trabalho em 2013. E que outros 3.600
empregos foram cortados de janeiro a julho de 2014.
“Mostramos
que, neste mesmo período, as demais empresas brasileiras, que lucram
muito menos que os bancos, criaram 1,75 milhão de postos de
trabalho. Ou seja, os bancos estão jogando contra o Brasil, que hoje
tem o menor nível de desemprego da história sem nenhuma
contribuição do sistema financeiro, pelo contrário”, explica
a secretária de Finanças do Sindicato, Suzineide Rodrigues, que representa os bancários de Pernambuco na terceira rodada de negociações.
Os representantes dos bancos negaram que haja
demissões em massa no sistema, alegando que há apenas ajustes
pontuais e que o Comando Nacional dos Bancários “está
torturando os números”. Sobre a rotatividade, que gera uma
diferença de 63,3% entre a média salarial dos admitidos e
desligados, a Fenaban disse que ela é uma “boa notícia”
porque mostra que os bancários ficam bastante tempo no emprego e têm
progressão salarial na carreira.
Terceirização – O
Comando Nacional dos Bancários também apresentou dados da PNAD
(Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, do IBGE), que mostram
os impactos da terceirização nos bancos. Segundo o levantamento,
mais de um milhão de trabalhadores atuam no setor financeiro, mas
pouco mais de 500 mil são bancários, com os salários e direitos
garantidos pela Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) da
categoria.
Ou seja, para cada bancário formal existe pelo
menos outro informal trabalhando no sistema financeiro, recebendo
salários inferiores, cumprindo jornadas de trabalho maiores e sem os
mesmos direitos da categoria, aumentando os lucros bilionários dos
bancos.
Esse problema se agrava com a tentativa do setor
empresarial, tendo os bancos à frente, de legalizar a terceirização
total no Brasil com a aprovação do PL 4330 na Câmara Federal, do
PLS 087 no Senado e do julgamento de Recurso Extraordinário com
Repercussão Geral no Supremo Tribunal Federal.
Os
negociadores da Fenaban defenderam a regulamentação imediata e
total das terceirizações, o que coincide com a proposta da
candidata Marina Silva apresentada no dia 29 de agosto último. As
discussões sobre o assunto prosseguem no encerramento da terceira
rodada de negociações, nesta quinta.
Confira os resultados de todas as negociações
>> Banco do Brasil e Caixa (segunda rodada)
>> Fenaban (negociação do dia 28 de agosto)
>> Fenaban (negociação do dia 27 de agosto)
>> Banco do Nordeste (negociação de 25 de agosto)
>> Banco do Brasil (negociação do dia 22 de agosto)
>> Caixa (negociação do dia 21 de agosto)
>> Fenaban (negociação do dia 20 de agosto)
>> Fenaban (negociação do dia 19 de agosto)