Começou nesta
quarta-feira, dia 27, a segunda rodada de negociações da Campanha
Nacional dos Bancários. Os debates giraram em torno das
reivindicações sobre segurança. Mais uma vez, a federação dos
bancos (Fenaban) tratou com profundo descaso as demandas dos
trabalhadores, apesar da sensação de insegurança, dos sequestros e
do aumento das mortes em assaltos a agências e postos de
atendimento. A segunda rodada continua nesta quinta-feira, dia 28,
para discutir igualdade de oportunidades.
A secretária de
Finanças do Sindicato, Suzineide Rodrigues, que representa os
bancários de Pernambuco nesta segunda rodada de negociações,
realizada em São Paulo, conta que as discussões desta quarta-feira
não foram nada fáceis.
“O Comando Nacional dos Bancários
mostrou preocupação com a falta de segurança nas agências e
postos de atendimento. Enquanto isso, os bancos mostraram que se
preocupam mais com as normas disciplinares do que com a vida dos
bancários, clientes e vigilantes”, comenta Suzineide.
Projeto-piloto – Os sindicatos e a
Fenaban fizeram um balanço positivo do Projeto-piloto de Segurança
Bancária, conquistado na Campanha de 2012 e implantando em agosto do
ano passado de forma pioneira nas agências de Recife, Olinda e
Jaboatão de Guararapes.
Segundo dados da Secretaria de Defesa
Social de Pernambuco, o número de roubo a bancos caiu pela metade
(de 16 para 8) entre janeiro a julho de 2014 em comparação com o
mesmo período do ano passado. Em relação à “saidinha de
banco”, o número de ocorrências também diminuiu de 131 para
113 no período, o que representa uma redução de 8,6%.
Em
razão desses avanços, os bancários agora querem incluir na
Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) as medidas testadas e
aprovadas no projeto-piloto, tais como porta giratória com detector
de metais, câmeras internas e externas, biombos em frente aos
caixas, guarda-volumes e vigilantes armados e com coletes balísticos,
de forma que sejam estendidos para agências e postos de atendimento
em todo o país. Os negociadores da Fenaban disseram que levarão a
reivindicação para apreciação dos bancos.
Guarda das
chaves – O Comando dos Bancários enfatizou a necessidade
de prevenção contra sequestros diante do alto número de casos em
todo o país, cujas principais vítimas são gerentes e tesoureiros.
Os sindicatos defenderam o fim da guarda das chaves de agências e
postos de atendimento por bancários ou por vigilantes, reivindicando
que a abertura e o fechamento de cada estabelecimento sejam feitos
por empresas especializadas em segurança ou por controle remoto. Os
representantes dos bancos ficaram de estudar a
possibilidade.
Números da insegurança – Os
representantes da Fenaban ficaram incomodados com os números
apresentados pelo Comando Nacional dos Bancários sobre a quantidade
de assaltos às instituições financeiras no primeiro semestre de
2014. De acordo com pesquisa realizada pela Contraf-CUT e pela
Confederação dos Vigilantes, foram 403 assaltos a bancos em todo o
país nesse período, com 32 mortes. Segundo a Fenaban, teriam sido
186 casos.
Os bancários e os bancos também divergiram a
respeito das despesas com segurança. Estudo do Dieese com base nos
balanços das instituições financeiras mostra que elas gastaram R$
2,4 bilhões em segurança e vigilância no primeiro semestre deste
ano, para um lucro líquido de R$ 28,3 bilhões, o que representa uma
média de 8,6%. Os bancos questionaram esse número, afirmando que
ele não contempla despesas com transporte de valores. Os sindicatos,
então, propuseram que os bancos sejam mais transparentes e detalhem
todos os gastos com segurança nos seus balanços.
Prevenção
e assistência – Os dirigentes sindicais cobraram também o fim
das demissões e a concessão de estabilidade no emprego para as
vítimas de assaltos e sequestros por 36 meses. Mas os bancos não
concordaram com qualquer garantia de emprego, alegando que a demissão
é um “procedimento disciplinar” de cada instituição em
caso de descumprimento de normas internas de segurança.
“E
a proteção à vida dos familiares sob a ameaça de revólveres de
bandidos não tem importância?”, questionou Carlos Cordeiro,
presidente da Contraf-CUT e coordenador do Comando Nacional dos
Bancários. Os sindicalistas ficaram indignados com a insensibilidade
e a indiferença dos bancos.
O Comando defendeu, ainda, mais
assistência às vítimas de assaltos, sequestros e extorsões. Para
os sindicatos, mais do que atendimento médico e psicológico, os
bancos têm de fechar o estabelecimento em caso de assaltos e
sequestros, dispensar do trabalho os empregados no dia da ocorrência,
emitir a Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) aos funcionários
que presenciaram a ação criminosa e assumir os custos de remédios
e de tratamento para restabelecer a saúde do funcionário. Mais uma
vez, os bancos não aceitaram as reivindicações, frustrando a
expectativa dos bancários.
Adicional de risco de morte – A
exemplo dos vigilantes que conquistaram adicional de periculosidade
de 30% dos salários, através da lei nº 12.740/2012 sancionada pela
presidenta Dilma Rousseff, o Comando reivindicou o pagamento do mesmo
adicional para quem trabalha em agências, postos de atendimento e
áreas de tesouraria. Os bancos, porém, não aceitaram a
reivindicação.
O Comando defendeu ainda o envio de cópia do
Boletim de Ocorrência Policial dos assaltos e sequestros para os
sindicatos e a Contraf-CUT, como forma de acompanhar os casos. Mas os
bancos também negaram a demanda, alegando que se trata de
informações confidenciais.
“Saímos frustrados da
negociação de segurança. Os bancos mais uma vez priorizam a gestão
do lucro em detrimento da proteção à vida de trabalhadores e
clientes. Precisamos mobilizar a categoria e a sociedade para
conquistar mais segurança”, conclui Carlos Cordeiro.
Confira os resultados das negociações realizadas até agora nos links abaixo
>> Fenaban (negociação do dia 19 de agosto)
>> Fenaban (negociação do dia 20 de agosto)
>> Caixa (negociação do dia 21 de agosto)
>> Banco do Brasil (negociação do dia 22 de agosto)
>> Banco do Nordeste (negociação do dia 25 de agosto)