O Sindicato
garantiu na Justiça uma indenização de R$ 100 mil para um bancário
do Bradesco que teve a saúde psíquica destruída pela falta de
condições de trabalho. Em decisão unânime, a 4ª Turma do
Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região também mandou o banco
devolver o emprego do funcionário, que fora demitido de forma
ilegal.
Sebastião Alcionann Barbosa completou, em agosto, 30
anos como empregado do Bradesco. Ao longo dos anos, a falta de
condições de trabalho foi corroendo sua saúde. Hoje, Sebastião já
não frequenta ambientes sociais. Não anda sozinho na rua, com medo
de alguma convulsão decorrente da Síndrome de Pânico, como já lhe
aconteceu outras vezes. Também não pode dirigir com os efeitos dos
tantos remédios que é obrigado a tomar.
Os problemas de
Sebastião começaram há alguns anos, depois que o bancário passou
por três assaltos: dois na agência Piedade e um na Recife Centro.
Quando ele assumiu a gerência-geral no município de Afogados da
Ingazeira, os problemas aumentaram. “Havia 17 bancos postais
ligados à unidade de lá. E não havia carro-forte. Tínhamos, eu e
o gerente administrativo, de abastecer nós mesmos todos estes
locais. Tudo isso antes da agência abrir. Ou seja, eu tinha que sair
de casa cinco horas da manhã para fazer todo este percurso”,
lembra Sebastião.
Em Serra Talhada, assumiu a gerência sob
circunstâncias nada agradáveis: o colega que antes assumira a
função tinha sido baleado enquanto fazia o transporte de valores
para abastecer cidades vizinhas.
Ele acredita que foi por
volta de 2006 que ele se deu conta de que havia algo errado com sua
saúde. “Eu já vinha há algum tempo sem conseguir dormir do
domingo para a segunda, mas não levava muito a sério. Mas o quadro
foi se agravando. Quando eu chegava na frente da agência, eu
começava a suar, as mãos, o pescoço… vinha uma sensação de que
o ar ia faltar, de que eu ia desmaiar”, descreve o trabalhador. Foi
quando ele decidiu procurar acompanhamento médico-psicológico, que
diagnosticou a Síndrome do Pânico associada à depressão.
Todos
no banco estavam a par da doença de Sebastião. O próprio médico
do banco constatara. Por duas vezes chegou a apresentar o atestado
para tentar o afastamento. Não conseguiu. Sequer conseguiu tirar
férias entre 2010 e 2011. “Em maio de 2011, eu conversei com o
gerente regional e expliquei que o médico havia aconselhado uma
licença. Ele disse que eu descansasse e voltasse na segunda. Na
terça-feira, eu fui demitido”, lembra o trabalhador.
Para
ele, o grande apoio veio do Sindicato. “Sou sindicalizado desde que
entrei no banco, em 84. E mesmo antes de eu ser demitido, o pessoal
sempre me apoiou, me ouviu, me orientou. Sou muito grato a todo o
pessoal do Sindicato por tudo o que fizeram e fazem por mim”,
ressalta.
Obviamente, o Sindicato não homologou a demissão.
Encaminhou o bancário ao INSS e o perito atestou a doença e o
considerou inapto. Os descasos do banco continuaram após a demissão:
Sebastião estava com o exame periódico vencido e não fez o exame
demissional. A advogada Márcia Santos, do escritório Galindo, Falcão e Gomes Advogados, que presta serviços ao Sindicato, entrou com ação
judicial requerendo, além da reintegração, indenização por danos
morais.
A indenização que o banco foi condenado a pagar, de
R$ 100 mil, é quase nada diante do que foi tirado do trabalhador. E,
apesar da reintegração, Sebastião continua doente. Mas a terapia
que vem desenvolvendo recomenda o contato progressivo com o foco
desencadeador da doença. Em seu caso, o banco.
“Queremos
alertar as outras pessoas para que não deixem jamais a situação
chegar neste ponto. O Sindicato está de portas abertas.
Procurem-nos”, ressalta o secretário de Saúde do Sindicato,
Wellington Trindade. Os telefones do Sindicato são: (81) 3316-4215 e
3316-4244.