Bancários do Nordeste definem prioridades para a Campanha Nacional 2014

Cerca
de 200 bancários
se reuniram neste
final de semana para
a
Conferência Regional
do Nordeste, realizada em João Pessoa.
O evento é uma das etapas preparatórias da Campanha
Nacional 2014. Em cada etapa regional, são definidas as
reivindicações e estratégias que serão levadas à Conferência
Nacional, que acontece no final de julho, quando será fechada a
pauta e a estratégia de mobilização. A
delegação de Pernambuco participou
da Conferência Regional com 42 trabalhadores.

Depois
de
dois dias de palestras e debates, os participantes saíram do
encontro com a certeza de que é preciso extrapolar a discussão
corporativa. “É
preciso que a gente se veja, não apenas como bancário, mas como
trabalhador. E reflita sobre que projeto político a gente quer. Para
isso a gente precisa ter uma visão do todo, até para perceber que
cada um dos problemas que hoje afetam a categoria integra uma forma
de organização do trabalho que não é específica dos
bancos”,
afirma a presidenta do Sindicato, Jaqueline Mello.

7,5%
de aumento real –
Na discussão sobre remuneração, por exemplo, insere-se o debate
sobre redistribuição da renda do grupo econômico que mais lucra no
país: os banqueiros. Os bancários nordestinos levam para a
Conferência Nacional a reivindicação de um índice de 7,5% de
aumento real.

“Até porque um dos eixos das discussões
sobre remuneração é a valorização do salário, muito mais do que
as várias formas de remuneração variável”, completa
Jaqueline. Segundo
ela, a
implantação de Planos de Cargos e Salários em todos os bancos é
outra demanda importante no que se refere à
remuneração.

Mais que salário
A discussão sobre remuneração é, no entanto, apenas uma das
pontas que se revelam da organização do trabalho. As
reestruturações e mudanças que afetam a categoria (com
introdução de tecnologias e segmentação de agências);
a discussão
sobre emprego (terceirização,
rotatividade, correspondentes bancários);
o debate sobre condições de trabalho (metas
abusivas,
assédio moral, adoecimento)…
todos estes pontos foram analisados como partes de um mesmo
sistema.

Para os participantes, ficou a certeza de que a
regulamentação do sistema financeiro e a redefinição dos papéis
dos bancos públicos são essenciais para que se mude a forma de
organização do trabalho nos bancos. Ao mesmo tempo, para que se
garanta avanços nestes pontos, é preciso haver, entre outras
coisas, reforma política e democratização dos meios de
comunicação.

Além do umbigo
Esta importância de se
pensar as
questões de forma
integrada perpassou os vários debates da Conferência.
Foi o caso da palestra sobre paridade de Wilma
Martins, vice-presidenta
da Comissão de Direitos Humanos da UFPB. Mais do que falar sobre a
discussão de gênero no movimento sindical, a pesquisadora tratou da
paridade como democratização das relações humanas, inserida em
uma discussão de classe e de projeto político.

Um momento
emocionante foi vivido pelos participantes na abertura do evento,
sexta-feira, dia
16,
quando se lembrou os 50 anos do golpe militar. O
ex-bancário Derly Pereira e José Calistrato, militante da Ação
Libertadora Nacional (ALN) falaram sobre a experiência de terem sido
presos políticos e torturados durante o regime totalitário,
instaurado em 1 de abril de 1964 até 15 de março de 1985.

Derly,
preso em duas ocasiões, chegou a ser considerado como um
‘morto-vivo’ e perdeu,
inclusive, todos os direitos como cidadão. Mas o depoimento mais
emocionante foi o de José Calistrato. Membro da ALN, ele sofreu
diversas tentativas de assassinato e foi barbaramente torturado. Mas
afirmou: “não deixo nunca de lutar”.

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