Mesmo com o tempo instável, entre o sol forte e algumas pancadas de
chuvas, centenas de pessoas foram às ruas do centro do Recife com
faixas e cartazes numa passeata para marcar o 1º de Maio, Dia do
Trabalhador. A manifestação pública da Central Única dos
Trabalhadores de Pernambuco (CUT-PE), em parceria com o Fórum Dom
Hélder (Grito dos Excluídos) e o Plebiscito Popular de Pernambuco,
percorreu cerca de 15 quilômetros do Monumento Tortura Nunca Mais em
direção ao Pátio de Nossa Senhora do Carmo.
O trajeto
conduzido por um carro de som enfatizou a importância das bandeiras
de lutas do movimento sindical, a favor das reivindicações de
interesses da classe trabalhadora. O lema deste ano, pelo “Poder
Popular pela Reforma Política”, integrou as atividades da Semana
da Classe Trabalhadora, que iniciou no dia 28 de abril.
O
Sindicato dos Bancários marcou presença na passeata com a
secretária de Finanças, Suzineide Rodrigues, a secretária de
Assuntos da Mulher, Sandra Trajano, e a diretora Suzana Andrade. “Foi
uma atividade linda, com a participação de 700 pessoas”, comenta
Suzineide. Segundo ela, o ato reuniu representantes dos movimentos
sociais, de mulheres, negros, juventude e LGTB, além da CUT, CTB e
diversas comunidades. “Fizemos a diferença nesta quinta-feira na
luta pela reforma politica, igualdade de oportunidade, democratização
da comunicação e pela pauta da classe trabalhadora”, completa
Suzi.
O ato – A concentração começou às 9h em
frente ao Monumento Tortura Nunca Mais.Em seguida houve apresentação
de esquete do Grupo Teatral do Levante Popular da Juventude, que
chamou atenção dos representantes das entidades cutistas ligadas
aos servidores públicos federais e estaduais, trabalhadores em
educação, agricultores rurais, assistentes sociais, bancários,
borracheiros, jornalistas, metroviários, rodoviários, servidores da
saúde, previdência social e transeuntes.
A representação
de situações concretas de opressão como a violência contra a
juventude, contra mulheres, negros, pessoas homoafetivas, dentre
muitas outras, conseguiram gerar indignação da plateia através
dessas situações interpretadas pelos atores.
Reivindicações
– A mobilização reuniu a imprensa para
esclarecer à sociedade sobre as reivindicações dos temas de
interesse que estão em pauta na sociedade e enfatizar a Campanha
pelo Plebiscito Popular. A CUT, a Federação dos Trabalhadores na
Agricultura do Estado de Pernambuco (Fetape), o Movimento dos
Trabalhadores Sem Terra (MST) e o Plebiscito Popular de Pernambuco,
concederam entrevistas para explicar a luta dos trabalhadores pela
redução da jornada de trabalho de 44h para 40h semanais, sem
redução do salário; reforma agrária e polícia agrícola; reforma
política; defesa da política de valorização do salário mínimo;
fim do assédio moral; igualdade de oportunidades de homens e
mulheres, além de outras questões.
“O 1º de Maio é um
dia que representa as grandes lutas e os desafios de todas as
categorias dos trabalhadores. O movimento foi muito importante para
avançarmos juntos com a participação das unidades dos movimentos
sociais. Como resultado, a cada ano seguimos mais fortes para as
conquistas de direitos necessários para a classe trabalhadora”,
avaliou o presidente da CUT de Pernambuco, Carlos Veras.
Em
retomada ao projeto popular de nação, através do Plebiscito
Popular por uma Constituinte Exclusiva e Soberana pela Reforma do
Sistema Político, o Dia do Trabalhador representa também a
expressividade da articulação conjunta por reformas estruturais no
sistema político brasileiro. “Esse ato é a prova que quando a
gente centra em nossa organização em questões unitárias,
fundamentais para a nação, então conseguimos somar um trabalho
conjunto com as unidades sociais, sindicais, de juventude, de negros
e negras, com as cores e as memórias de luta do nosso povo”,
apontou o militante da Consulta Popular, Eduardo Mara.
O
coordenador geral do MST, Aldemir Ferreira, em seu discurso lembrou a
necessidade urgente do Brasil fazer mudanças nas políticas agrárias
e econômicas. “A realidade é que no país mais de cem mil
famílias estão acampadas há mais de oito anos debaixo da lona
preta. Um problema social no campo, somado a falta de investimentos
públicos na produção agrícola e habitação de assentamentos”,
descreveu.
Mobilização – O
ponteiro do relógio apontava às 11h, quando uma fina chuva
acompanhou o início da passeata que seguiu o trajeto de parada em
três pontos de referência: Câmara Municipal do Recife, no Parque
13 de Maio; Palácio da Justiça de Pernambuco, na Praça da
República; e o Pátio de Nossa Senhora do Carmo. Todos os locais na
área central da cidade.
Durante o percurso, um momento
expressivo marcou pela irreverência na lavagem simbólica das
escadarias do edifício-sede do Poder Judiciário do Estado. Com
muita água e sabão, “os militantes deixaram a porta de entrada do
local limpo de sujeiras”, como classificou um deles após a
ação.
A passeata foi encerrada, por volta das 13h, no Pátio
de Nossa Senhora do Carmo, com agradecimentos e informes do
presidente da Central de Pernambuco, Carlos Veras. “Parabenizamos
todos que estiveram presentes nesse ato público do Dia dos
Trabalhadores. Vamos continuar firmes e fortes pela luta de nossos
direitos, sempre”, declarou.