Sindicato reintegra mais um bancário demitido ilegalmente pelo Santander

O bancário Rodrigo
Gominho é um exemplo do descaso dos bancos com seus funcionários.
Oito anos atrás, quando foi contratado pelo Santander, o rapaz era
um jovem alegre que não perdia uma “balada” com a esposa e os
amigos. Mas, desde 2011, sua vida mudou. Os três assaltos seguidos
que viveu em sua agência, no Arruda, deixaram Rodrigo abalado. E, no
final de 2012, foi descartado pelo Santander como se fosse um
objeto.

Após a demissão, Rodrigo encontrou forças para
procurar o Sindicato, que acionou sua assessoria jurídica. A
dispensa ilegal foi revertida pela Justiça e, desde o último dia 5,
o bancário, hoje com 32 anos, voltou a fazer parte dos quadros do
Santander.

“O juiz reconheceu na hora que eu era vítima de
acidente de trabalho, por causa dos três assaltos que sofri. Ele nem
esperou o final do processo, antecipou a tutela e mandou o Santander
me reintegrar. O laudo do perito do INSS era muito claro em
reconhecer o trauma psicológico que os assaltos me deixaram”,
conta Rodrigo.

Os três assaltos vividos pelo bancário
aconteceram em 2011 e 2012. Nas três ocasiões, os gestores do
Santander “convenceram” Rodrigo a não abrir a Comunicação de
Acidente de Trabalho (CAT), com ameaças veladas. “Diziam que se eu
registrasse a CAT iria ficar queimado no banco, que não vê com bons
olhos os funcionários que abrem o documento. Fiquei com medo de
sofrer retaliações e não registrei. Hoje eu sei da importância da
CAT para caracterizar o acidente de trabalho”, diz.

Rodrigo
conta que o trauma sofrido pelos três assaltos não aparece do dia
pra noite. “A coisa acontece devagar e você nem percebe. De
repente, comecei a ficar impaciente com tudo. Depois, só queria
ficar em casa. Eu, que sempre tive uma vida social bastante ativa,
não ia mais a festas e deixei de sair com a minha esposa e com os
amigos. Acabei me transformando numa pessoa totalmente diferente do
que eu era”, conta Rodrigo, que iniciou um tratamento psicológico
há mais de um ano e já está se sentindo bem melhor.

Tempos
difíceis –
Embora Rodrigo já sinta a melhora do tratamento, o
bancário ainda se emociona ao lembrar do que passou no último ano,
depois que foi demitido pelo Santander. “Meu desligamento do banco
foi bem estranho. Minha gestora nem estava presente e a justificativa
que recebi foi bem contraditória e mal explicada”, conta o
bancário, que trabalhava como gerente assistente de pessoa física
no Santander do Arruda.

Na época da demissão, a segunda
filha de Rodrigo tinha acabado de nascer. “Minha dispensa me
desestruturou financeiramente. Além de ter duas filhas novinhas para
criar, eu tinha inciado o tratamento psicológico e fiquei sem plano
de saúde. Foram quinze meses muito complicados, precisei da ajuda da
família para pagar as contas e continuar com o tratamento. Foi muita
falta de consideração e de humanidade do Santander por me demitir
depois de tudo que passei”, relata Rodrigo, sem conseguir conter o
choro.

O trabalhador segue afastado pelo INSS e só deve
retornar ao banco no próximo dia 10. “Dá um frio na barriga só
de pensar nesta volta. Não sei o que vão fazer comigo no banco. Mas
fiz muitas amizades com o pessoal do Sindicato, que vai acompanhar
meu retorno. O Santander me deixou tão abalado, que, neste período
em que estive afastado, não conseguia nem entrar numa agência para
usá-la como cliente”.

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