Ministério do Trabalho se compromete a analisar demissões no Santander

O
Sindicato e a
Contraf-CUT denunciaram nesta quinta-feira (12) o descaso do
Santander com o emprego no Brasil, durante audiência com o
secretário de Relações do Trabalho do Ministério do Trabalho e
Emprego (MTE), Manoel Messias, em Brasília. Os dirigentes sindicais
salientaram que a política de demissões, rotatividade, corte de
postos de trabalho, terceirizações e adoecimentos é nociva não
somente para o emprego e as condições de trabalho, como também
para a sociedade, que acabando pagando mais seguro-desemprego e
auxílio-doença diante do afastamento cada vez maior de
bancários.

Messias ouviu atentamente os bancários, reiterou
o compromisso do Ministério em combater a alta rotatividade no país
e se comprometeu a estudar as medidas que podem ser tomadas no âmbito
do governo contra o processo de demissões no Santander e em defesa
do emprego.

“A
reunião com o Ministério do Trabalho foi produtiva”, avaliou
Tereza Souza, diretora da Federação dos Trabalhadores do Ramo
Financeiro do Nordeste (Fetrafi-NE). “Esperamos que o governo seja
nosso aliado na luta contra as demissões no Santander”,
disse.

Segundo o
secretário de Imprensa
da Contraf-CUT, Ademir Wiederkehr, o
Santander passou o Itaú e é hoje o banco que mais está cortando
postos de trabalho no
Brasil.
“Isso ocorre ao mesmo tempo em que o banco obtém aqui 24% do
lucro mundial, o que é um desrespeito com o Brasil e os
brasileiros”, apontou. “O emprego deveria ser a primeira
contrapartida social do banco”, defendeu.

Com tantas
demissões, faltam caixas e coordenadores na rede de agências,
causando sobrecarga de serviços, desvio de função, assédio moral,
estresse, insegurança e adoecimento de bancários, piorando as
condições de trabalho e prejudicando a qualidade de atendimento aos
clientes. O banco piorou até os serviços de limpeza, pois as
agências passaram a ter somente algumas horas de faxina por
dia.

Demissões
em massa –

Os
sindicatos destacaram para o representante do Ministério do Trabalho
que Santander promoveu, no final do ano passado, um
processo de demissões em massa pouco
antes do Natal. Segundo
estudo do
Dieese, enquanto
a média mensal de demissões sem justa causa era de 182 entre
janeiro e novembro, o banco dispensou 1.153 funcionários em
dezembro, o que impactou no corte de 975 empregos.

“Só
aqui em Pernambuco foram mais de
sessenta
demissões. Mas o Sindicato, com muita pressão, já conseguiu
reintegrar mais da metade dos funcionários dispensados”, lembra
Tereza. O Ministério
Público
do Trabalho
entrou com uma ação civil pública contra o Santander por
causa das demissões em massa,
que se encontra aguardando sentença na 14ª Vara do Trabalho de
Brasília.

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ver o estudo do Dieese entregue para Messias

Novo estudo
realizado pelo Dieese, com base nos balanços publicados pelos cinco
maiores bancos do país nos primeiros nove meses deste ano, revela
que o Santander lidera a redução de postos de trabalho, cujos
cortes foram efetuados mensalmente ao longo do ano.

O
levantamento mostra que o banco eliminou 3.414 empregos até
setembro. Apenas no terceiro trimestre, a instituição decepou 1.124
postos de trabalho. Nos últimos 12 meses, a redução foi de 4.542
vagas, uma queda de 8,2% no quadro de funcionários, que ficou em
50.578 em setembro.

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para
ler o segundo

estudo do Dieese também entregue para Messias

O estudo
aponta que, enquanto se verifica o sacrifício dos postos de
trabalho, “assiste-se ao crescimento da remuneração dos
executivos do banco, tanto no Brasil como em escala mundial”.
Entre 2010 e 2013, o ganho médio anual de um diretor do Santander
cresceu 67% no país, chegando a R$ 7,915 milhões. “Além
disso, observa-se que cresceu anualmente entre 2003 e 2013 o retorno
total do acionista do Santander em todo mundo”, enfatiza o
Dieese.

Terceirização
das homologações

Os
dirigentes sindicais ainda denunciaram para Messias que, com a falta
de pessoal na rede de agências e para reduzir custos, o banco deixou
de enviar funcionários do banco como prepostos nas homologações
junto à maioria dos sindicatos, passando a utilizar terceirizados. O
procedimento foi adotado no momento em que o movimento sindical está
em guerra contra o Projeto de Lei (PL) 4330, que prevê a
terceirização em todas as áreas das empresas. A medida tem sido
rejeitada pelas entidades sindicais, uma vez que a admissão e o
desligamento são atividades-fim das empresas, não cabendo a
terceirização. Messias também ficou de estudar o assunto no
Ministério do Trabalho.

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