Bancários se reúnem com vice do Santander e cobram fim das demissões

O
Sindicato e a
Contraf-CUT se reuniram no final da tarde desta quinta-feira (28) com
o vice-presidente executivo sênior do Santander, José de Paiva
Ferreira, responsável pela área de Recursos Humanos (RH), e
cobraram o fim das demissões imotivadas no banco espanhol e melhores
condições de trabalho.

Os bancários denunciaram que o
Santander é hoje o banco que mais está demitindo no Brasil. Segundo
dados do Dieese, a partir dos balanços publicados, mesmo com lucro
líquido de R$ 4,3 bilhões até setembro deste ano, houve corte de
3.414 empregos no mesmo período, o que é totalmente injustificável.
Apenas no terceiro trimestre, a instituição eliminou 1.124 postos
de trabalho. Já nos últimos 12 meses, a redução alcançou 4.542
vagas, uma queda de 8,2% no quadro de funcionários que caiu para
50.578 em setembro.

“O
Brasil é responsável por garantir 24% do lucro mundial do
Santander, o maior resultado entre todos os países, inclusive a
Espanha, que é sede do grupo. Deixamos claro para o vice-presidente
que não aceitamos que o banco venha para o nosso país e nos explore
sem responsabilidade social alguma”, diz a diretora da Federação
dos Trabalhadores do Ramo Financeiro do Nordeste (Fetrafi-NE), Tereza
Souza, que representou a região no encontro realizado em São
Paulo.

Paiva
reconheceu que estão acontecendo dispensas e disse
que elas continuarão
ocorrendo. “As
demissões são
normais”, disse
o representante do banco.
Os dirigentes sindicais rebateram, afirmando que para os
trabalhadores, principais responsáveis pelos lucros bilionários do
banco, são anormais e nada contribuem para melhorar o atendimento e
a eficiência da instituição.

Os representantes dos
trabalhadores denunciaram que existe uma onda de boatos de novas
demissões em massa na véspera do Natal. No ano passado, o banco
desligou sem justa causa 1.153 funcionários em todo país, o que
representou um corte de 975 empregos. “Não haverá demissões
em massa em dezembro”, disse Paiva.

Atual
modelo de gestão não serve

O
vice-presidente do Santander disse que “o plano do banco é de
crescimento de negócios e de clientes e, para crescer, as pessoas
devem estar satisfeitas, engajadas, motivadas e felizes”. Os
dirigentes sindicais mostraram que a realidade é hoje bem diferente
na rede de agências, onde impera o caos diante da falta de
funcionários, pressão por metas abusivas, assédio moral,
insegurança e condições precárias de trabalho.

Os
sindicalistas mostraram ao executivo do Santander que o atual modelo
de gestão do banco não serve para motivar os funcionários,
melhorar o atendimento e alavancar o banco no mercado. Os
representantes dos trabalhadores denunciaram que o banco cortou até
despesas de limpeza, o que é um absurdo.

Os dirigentes
sindicais cobraram também transparência em relação às
informações sobre os funcionários do banco. Na Espanha, os
sindicatos têm acesso a dados como número de contratações,
desligamentos e afastamentos, bem como as faixas e níveis salariais,
que são divulgados em jornais para o conhecimento de todos. Paiva
disse que concorda em abrir informações para o movimento sindical e
ficou de apresentar números de recentes pesquisas feitas com os
funcionários do banco.

“A
reunião não trouxe nada de concreto, mas pelo menos abrimos um
importante canal de negociações com a cúpula do banco no Brasil.
Os sindicatos vão continuar lutando e organizando os bancários
parar resistirmos aos ataques que o Santander tem feito. Só com
mobilização e luta vamos mudar esta situação”, finalizou
Tereza.

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