Documentário “Verdade 12.528” mantém viva memória da ditadura

Quase 50 anos depois do golpe militar que instaurou uma ditadura no País (1964-1985), foi criada, em 2012, a Comissão Nacional da Verdade. A lei que a criou (12.528/2011) dá nome ao documentário “Verdade 12.528”, lançado na 37ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Dirigido por Paula Sachetta e Peu Robles, o filme busca manter viva na memória uma das fases do Brasil que até hoje não é uma página virada. “Afinal, que crimes daquele período ainda estão sem averiguação e continuam impunes? Quantos foram mortos, como foram mortos, quem os assassinou? Onde estão os corpos de pais, irmãos, irmãs, filhos e filhas de centenas de cidadãos brasileiros? Até onde chegará o trabalho da Comissão da Verdade e o que a população espera dela?”
A Comissão Nacional da Verdade foi criada com o objetivo de apurar as violações de direitos humanos praticadas por agentes públicos entre 18 de setembro de 1946 a 5 de outubro de 1988. Formada por sete membros, 14 assessores e ampla equipe de pesquisadores, a comissão deve entregar seu relatório em maio de 2014. Embora vá apurar e investigar as violações do período, a não terá poder para julgar nem punir.
O documentário vem dar a sua contribuição ao resgate dessa verdade, que é um primeiro passo para resolvermos o nosso passado. Afinal ainda hoje é possível ver resquícios daquele período, já que jovens negros e pobres das periferias do País ainda sofrem as práticas repressivas do Estado. Um exemplo recente é o caso do Amarildo, torturado até a morte por policiais militares da UPP da Rocinha, segundo apontou o Ministério Público.
“Não nos importamos com os mortos e desaparecidos políticos? Hoje somem Amarildos. Não nos importamos com a tortura de presos políticos? Hoje jovens negros, pobres e da periferia são torturados, todos os dias, da mesma forma. O que buscamos mostrar no filme é exatamente isso: que a impunidade do passado dá carta branca à impunidade do presente”, disse Paula Sachetta ao blog do Sakamoto. Sem revanchismo, nem saudosismo, o documentário construir uma memória hoje anestesiada na sociedade brasileira.
O documentário traz depoimentos de pessoas que sofreram com a repressão ou foram afetadas por ela. Foram entrevistadas mais de 40 pessoas em São Paulo, Jales e Araguaia, como Amélia Teles, Clarice Herzog, Franklin Martins, Marcelo Rubens Paiva, entre outros. O filme começou a ser rodado em 2012 e contou com financiamento coletivo, via Catarse, onde foram arrecadados R$ 18.350 em 45 dias.
Serviço
Verdade 12.528
Direção e produção: Paula Sacchetta e Peu Robles
Montagem e finalização: André Dib
Música original: André Balboni
?Som direto: André Mascarenhas
Cor: Pedro Moscalcoff
Efeitos: Alison Zago
Mixagem: Gui Jesus Toledo
Produtora de áudio: Estúdio CANOA
?Realização: João e Maria.doc
Cor, 55 minutos

Expediente:
Presidente: Fabiano Moura • Secretária de Comunicação: Sandra Trajano  Jornalista ResponsávelBeatriz Albuquerque • Redação: Beatriz Albuquerque e Brunno Porto • Produção de audiovisual: Kevin Miguel •  Designer Bruno Lombardi