Neste sábado, dia 5,
completa um mês desde a última rodada de negociações, quando os
bancos apresentaram sua única proposta para os bancários na
Campanha Nacional deste ano. De lá para cá, os trabalhadores
rejeitaram a proposta em assembleias realizadas por todo o país e
iniciaram uma greve que completou quinze dias nesta quinta-feira (3)
e se consolidou com a maior paralisação dos bancários nos últimos
vinte anos.
Apesar da força da greve, os bancos se mantêm
em silêncio. Nesta quinta-feira, o Comando Nacional dos Bancários
se reuniu em São Paulo e avisou aos bancos que os integrantes estão
à disposição para retomar as negociações.
“Vamos
permanecer na capital paulista nesta sexta-feira à espera de uma
resposta dos bancos. Isso mostra que os bancários não são
intransigentes e que estamos dispostos a encontrar uma solução
negociada para a greve. Esperamos que os bancos deixem a arrogância
de lado, reabram o processo de negociação e apresentem uma nova
proposta que contemple as reivindicações dos bancários. Caso
contrário, vamos ampliar ainda mais a greve na semana que vem e
mostrar para toda a sociedade que nossa paralisação só se prolonga
e aumenta a cada dia por culpa dos bancos”, afirma a presidenta do
Sindicato, Jaqueline Mello, que representa Pernambuco no Comando
Nacional dos Bancários, responsável pelas negociações com os
bancos.
A greve nacional dos bancários segue forte em todo o
país e entra nesta sexta-feira (4) no seu 16º dia. Em Pernambuco
são mais de 10,5 mil bancários parados (90% da categoria no
Estado), com 518 das 602 agências fechadas. Os centros
administrativos dos bancos também estão em greve. No Brasil, foram
fechadas 11.406 agências e centros administrativos em todos os
estados da federação nesta quinta.
Em Pernambuco, os
bancários realizaram nesta quinta um protesto contra o Itaú, com
distribuição de sopa para a população (leia mais aqui).
Foi o terceiro protesto consecutivo dos bancários, que na terça
realizaram um ato contra o Santander (mais aqui)
e nesta quarta contra o Bradesco (leia aqui).
Em
assembleia realizada no início da noite desta quinta, os bancários
pernambucanos decidiram estender os protestos para os bancos
públicos. “Vamos realizar um grande ato contra o Banco do Brasil
nesta segunda-feira (7), às 9h, em frente ao CSO (Centro de Suportes
Operacionais), na Avenida Rio Branco. Os bancos públicos também são
responsáveis pela greve, já que fazem parte da mesa de negociações
da Fenaban. Como empresas públicas, o BB, a Caixa e o BNB deveriam
dar o exemplo para os bancos privados e retomar urgentemente as
negociações com os bancários”, explica o secretário-geral do
Sindicato, Fabiano Félix, que é funcionário do BB.
O
silêncio dos bancos, além de prejudicar os bancários que precisam
se manter fortes na greve, está causando problemas também para os
clientes e usuários do sistema financeiro nacional. Nesta quinta, a
Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas mandou carta à
Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) pedindo um acordo para o
fim da greve dos bancários, estimando que o varejo pode sofrer
perdas de até 30% nos primeiros dias de outubro caso a paralisação
se prolongue até o quinto dia útil do mês (leia mais aqui).
“Os
bancos estão mostrando que não têm compromisso nenhum com a
sociedade. Primeiro, empurraram os bancários para a greve. Agora,
deixaram que a paralisação chegasse ao 16º dia. Com isso fica
claro que a responsabilidade social dos bancos só existe nas
caríssimas propagandas que fazem”, finaliza Jaqueline, que
permanece em São Paulo nesta sexta, de plantão junto com os demais
integrantes do Comando Nacional dos Bancários.