Caldeirão de sopa chama atenção da população em ato no Itaú

Mais
um ato marcou o 15º dia de greve dos bancários em Pernambuco. Desta
vez, o alvo foi o Itaú da Dantas Barreto. Os grevistas distribuíram
sopa para a população e lembraram que, se no caldeirão dos
bancários tem sopa, no dos banqueiros só tem osso.

“Foi
uma forma de chamar a atenção das pessoas para a ganância dos
banqueiros. O Itaú, por exemplo, teve lucro de mais de 7 bilhões só
no primeiro semestre deste ano. Mas a realidade nas agências é bem
diferente do que a empresa veicula nos anúncios e programas de TV”,
denuncia o secretário de Formação do Sindicato, João
Rufino.

Para os trabalhadores, o que o banco oferece é um
caldeirão de mazelas, no qual se incluem metas abusivas, assédio
moral, doenças do trabalho e demissões – 2.264 nos primeiros seis
meses do ano. Para a população, o caldeirão é engrossado com
tarifas e juros altíssimos, filas imensas e falta de segurança nas
agências.

“O lucro do banco daria para oferecer uma
proposta decente. No entanto, o Itaú, como os outros, tem sido
intransigente nas negociações e a gente quer mostrar à população
que a responsabilidade pela greve é dos banqueiros”, afirma o
diretor do Sindicato Onésimo Reinaux.

O bancário Augusto
César já sentiu na pele as mazelas do caldeirão do Itaú. Na
categoria há 29 anos, desde os tempos do Banorte, ele viu sua saúde
desgastar-se no período de migração do Unibanco para o Itaú. O
trabalho de unificação das contas agravou suas doenças
ocupacionais. Mas, quando ele foi comunicar o banco que tinha uma
licença que precisava ser tirada, foi demitido quinze dias depois.

Augusto está com ação na Justiça, mas o Itaú tem
recorrido a todas as instâncias para protelar a decisão. Agora, ele
se junta à luta dos bancários com um recado aos colegas: “Muita
gente não faz greve porque acredita que, desta forma, vai ficar mais
tempo na empresa, não vai ser demitido ou vai ser reconhecido como
profissional. Não se iludam. O banco suga seu sangue e, basta uma
meta não cumprida, basta perceber que não tem mais o que tirar de
você, lhe joga na rua como se fosse descartável”, diz.

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Ouça reportagem sobre o protesto na Rádio dos Bancários

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Os
clientes, que utilizavam o autoatendimento, se queixavam dos
prejuízos, mas mostravam-se solidários ao movimento. “Os
bancários estão lutando pelos direitos deles. É justo”, afirmou
o senhor José Dário, cliente do banco. Dona Creuza, pensionista e
usuária do Santander, reclamava da dificuldade de ter que sacar aos
pouquinhos seu benefício. Mas tinha uma receita para resolver o
problema: “Os bancos tinham que dar logo o que os empregados estão
querendo, que eles também são pais de família, precisam de
melhores salários”.

Do lado de fora, também a população
prestou apoio ao movimento. Muitos transeuntes e ambulantes, que
passavam por ali e se serviam da sopa, paravam para escutar o que os
bancários tinham a dizer. “É um direito deles: tem mesmo é que
lutar”, afirmou Ana Paula. “Se os trabalhadores não se juntam
para exigir seus direitos, quem é que vai fazer por eles?”,
questionou André Trajano.  

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