ARTIGO: Na beira do precipício, por João Rufino

Estamos ás vésperas
de um verdadeiro ESTELIONATO ELEITORAL, cometido contra os
trabalhadores, que estão prestes a sofrer um duro golpe em seus
direitos. Tal golpe vem sendo urdido e tramado por um deputado
federai que nunca, em tempo algum de suas campanhas eleitorais,
revelou a intenção de usar seu mandato para obter para si e para os
demais empresários brasileiros, a vantagem de substituir os atuais
trabalhadores formais e vinculados às empresas, muitos realizando a
atividade-fim daquele arranjo produtivo, por mão de obra
TERCEIRIZADA. Isto é o que prevê o PL 4330 do deputado Sandro
Mabel. O famigerado PL da TERCEIRIZAÇÃO é um precipício.

Mas,
quem é o cidadão Sandro Mabel ? Ele não existe. Não faz muito
tempo o empresário goiano, Sandro Antônio Scodro, era filiado ao
PR de Goiás, mas tão logo pode pulou de galho, hoje ele é do PMDB.
Seu nome de fantasia deve-se a empresa de sua família: Biscoitos
Mabel, assim, como bom apelo eleitoral aos funcionários da fábrica
e ao povo goiano, além de todos os consumidores dos produtos Mabel,
virou Sandro Mabel.

Embora esteja em seu quarto mandato, nunca
revelou as intenções maldosas em seus discursos. Entretanto, em sua
atuação e proposições o cunho patronal revela-se como em qualquer
capitalista deste mundo: ganhar mais investindo menos ou quase
nada.

Num país onde nos últimos anos, os trabalhadores têm
claros sinais de que há políticos interessados no crescimento da
sua qualidade de vida, Sandro Mabel protagoniza o maior ataque contra
a dignidade dos trabalhadores, desde os tempos da escravidão.
Festejado por empresários de todos os segmentos e mesmo do serviço
público, onde a terceirização campeia ao arrepio da lei, o
deputado vê no imobilismo dos trabalhadores, algo que destoa da
atuação das centrais sindicais. E aposta nisso: no imobilismo de
cada trabalhador que o elegeu e de outras centenas de milhares
Brasil afora, que não protesta de forma veemente contra o ataque aos
seus direitos; no entanto, estão sempre dispostos a pagar para
comparecer a estádios de futebol, a pagar por um abadá para pular
atrás de trio elétrico, de se embriagar nos carnavais da vida, etc.
Sim, para isso há disposição, mas, para lutar contra o seu
projeto, o deputado/empresário acha que o trabalhador não está
disposto.

Que não seja entendido que sou contrário de forma
intransigente à possibilidade de contratação indireta nas
atividades que possam ser terceirizadas. Hoje, existem empresas e
empresários que exploram tal fatia do mercado de trabalho: limpeza e
conservação é um exemplo disso. Porém, há riscos até mesmo
hoje. Não é raro assistirmos empresas deste ramo “falirem” e
sumir da noite pro dia de uma localidade, deixando os trabalhadores a
ver navios. Não é raro também, que os trabalhadores
terceirizados, contratados para prestar serviços aos governos
municipais, estaduais e mesmo federais, são obrigados a pedir
demissão de uma empresa que perdeu o contrato se quiser ser
contratada por outra que ganhou, por ocasião da mudança de
governante. Muitos dos acidentes de trabalho ou tragédias como o
naufrágio da Plataforma P-36 da Petrobras, ocorrem pela exploração
absurda a que os trabalhadores deste setor são submetidos. Tudo para
manter seus empregos precarizados.

Assim o estelionato
eleitoral se aplica aos trabalhadores do Brasil.

Elegem
empresários na ilusão de estarem elegendo cidadãos isentos de
paixões e posições contrárias aos seus interesses. Podemos
ilustrar a atuação destes como se fossem lobos em pele de
ovelha.

Mas ainda há tempo, estamos a beira do precipício,
mas, ainda não fomos empurrados para dentro dele.

Cabe a
cada um de nós, trabalhadores ativos, aposentados ou a ingressar no
mercado de trabalho, todos eleitores, muitos que se dizem não mais
acreditar no sistema eleitoral, mas é deste sistema que saíram
também representantes que lutam por nós, mandatos para fazer o
contraponto ao PL4330.

Cabe a você torcedor apaixonado pelo
seu time, ter paixão por seu emprego e proteger a qualidade do
emprego das futuras gerações.

Cabe a todo baladeiro,
comemorar a vitória de nossa luta, mas, antes cair em campo e
divulgar os endereços eletrônicos dos deputados, twitter, facebook
e toda forma onde pudermos cobrar dos parlamentares seu NÃO AO PL
4330.

Cabe aos jovens, muitos estudantes e que ainda não
sabem o que é o mercado de trabalho, muitos que acordaram e foram a
luta, incluir em seus protestos o NÃO AO PL 4330, este projeto
definirá o rumo de suas vidas profissionais.

Enfim, está em
nossas mão, nossos teclados, nossa voz e participação ativa,
cobrando de cada parlamentar que diz defender-nos, seu compromisso
conosco, sob pena do fim de suas histórias políticas. Somente nós,
nossos votos e nossa ação o omissão podem definir este jogo, onde
não há prorrogação nem cobrança de penaltes.

Conto com
você hoje, agora, como vocês sempre puderam contar comigo.

*
João Rufino do Egito Filho é bancário do Itaú Unibanco e
secretário de Formação do Sindicato  



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