O Comando Nacional dos
Bancários realiza nesta segunda e terça, 26 e 27, a terceira rodada de
negociação da Campanha 2013 com a Fenaban, que tratará do tema remuneração. Os bancários reivindicam
reajuste de 11,93% (5% de aumento real, além da inflação projetada de 6,6%),
PLR de três salários mais R$ 5.553,15 fixos, piso salarial de R$ 2.860,21
(salário mínimo do Dieese) e R$ 678 ao mês (salário mínimo nacional) dos vales alimentação
e refeição, 13ª cesta e auxílio-creche/babá.
Nas duas rodadas
anteriores, os bancos rejeitaram as reivindicações sobre saúde, condições de
trabalho, segurança, emprego e igualdade de oportunidades.
“Os seis
maiores bancos apresentaram lucro líquido de R$ 29,6 bilhões no primeiro
semestre. Eles têm a maior rentabilidade do sistema financeiro mundial, mas
fecham postos de trabalho e reduzem a média salarial da categoria com o
mecanismo perverso da rotatividade, apesar do aumento da produtividade dos
bancários”, afirma Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT e
coordenador do Comando Nacional. “Por isso os trabalhadores exigem
remuneração decente, que passa por aumento real de salário, valorização do piso
e melhoria da PLR.”
Desconcentrar renda – Para Cordeiro,
trata-se de uma luta por desconcentração de renda. “Apesar de ser a sexta
maior economia do planeta, o Brasil ocupa ainda o vergonhoso 12º lugar no
ranking dos países mais desiguais do mundo. E no sistema financeiro a
concentração de renda é ainda maior”, afirma o presidente da Contraf-CUT.
Segundo estudo do
Dieese com base no Censo de 2010, os 10% mais ricos no país têm renda média
mensal 39 vezes maior que a dos 10% mais pobres. Ou seja, um brasileiro que
está na faixa mais pobre da população teria que reunir tudo o que ganha durante
3,3 anos para chegar à renda média mensal de um integrante do grupo mais rico.
No sistema
financeiro a concentração é ainda maior. No Banco Itaú, por exemplo, os
executivos da Diretoria recebem em média R$ 9,05 milhões por ano, o que
representa 234,27 vezes o que ganha o bancário do piso. No Santander, os
diretores embolsam R$ 5,6 milhões, o que significa 145,64 vezes o salário do
caixa. E no Bradesco, que paga R$ 5 milhões anuais a seus executivos, a
diferença é de 129,57 vezes.
Ou seja, para
ganhar a remuneração mensal de um executivo, o caixa do Itaú tem que trabalhar
16 anos e o caixa do Bradesco 9 anos.
“A sociedade
brasileira mostrou nas recentes manifestações de rua que quer mudança e
certamente está de olho na prática dos bancos, de juros e tarifas escorchantes.
Queremos transformar o crescimento em desenvolvimento econômico e social. Isso
passa por melhoria de salário e mais emprego, o contrário do que os bancos
estão fazendo”, conclui Carlos Cordeiro.
A negociação entre o Comando Nacional dos
Bancários e a Fenaban começa nesta segunda-feira às 14h e continua durante toda
a terça-feira.
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