Negociação com bancos não avança e bancários preparam mobilização nacional para a próxima quinta

A
segunda rodada de negociações da Campanha 2013, que tratou de saúde
e condições de trabalho, emprego e igualdade de oportunidades,
terminou nesta sexta-feira, dia 16, como começou na quinta: com os
bancos rejeitando todas as reivindicações dos bancários. Diante da
falta de respeito dos bancos, o Comando Nacional dos Bancários
decidiu intensificar as mobilizações e jogar peso no Dia Nacional
de Luta que será realizado na próxima quinta-feira, dia 22, com
manifestações e passeatas em todo o país.

“Agora é hora
de lutar para pressionar os bancos”, diz a presidenta do Sindicato,
Jaqueline Mello. “Já se foram duas rodadas de negociações, com
quatro reuniões, e até agora os bancos não aceitaram uma
reivindicação sequer dos bancários. Diante disso, só nos resta
ampliar a mobilização e ir para o enfrentamento. Aliás, a pressão
é a única linguagem que os bancos entendem”, completa Jaqueline,
que representa Pernambuco no Comando Nacional dos Bancários,
responsável pelas negociações com os bancos.

A Fenaban, que
na quinta-feira já havia rejeitado as reivindicações sobre o fim
das demissões imotivadas e da rotatividade e sobre o respeito à
jornada de 6 horas, nesta sexta-feira recusou também as demandas
relativas às terceirizações, aos correspondentes bancários, à
criação de comissão para acompanhar mudanças tecnológicas e ao
projeto dos bancários sobre ampliação do horário de atendimento
ao público, além da implementação de medidas práticas para
coibir discriminações e promover a igualdade de
oportunidades.

Basta de terceirização –
A reivindicação dos bancários é que os bancos suspendam a
implantação de quaisquer projetos de terceirização e recontratem
como bancários os terceirizados dos setores de recursos humanos,
compensação, tesouraria, caixa rápido, home banking,
autoatendimento, teleatendimento, cobrança, cartão de crédito,
retaguarda, concessão de crédito e atendimento direto ao cliente
com produtos e serviços bancários.

Os bancos rejeitaram a
proposta. A Fenaban, ao contrário, quer terceirizar todo o serviço
bancário. São os bancos que estão coordenando a bancada
empresarial na mesa quadripartite (que inclui ainda trabalhadores,
governo e parlamentares) que está discutindo o PL 4330 que
regulamenta a terceirização e precariza o trabalho. Se o PL for
aprovado, o sistema financeiro estará livre para terceirizar os
caixas e gerentes.

Os representantes patronais também
recusaram a demanda para que os bancos universalizem o atendimento
bancário para todos os municípios do país, dentro de um processo
de inclusão bancária, assegurando indistintamente a prestação de
todos os serviços, que devem prestados por bancários em agências e
PABs, visando garantir qualidade de atendimento, segurança e
proteger o sigilo bancário.

Comissão sobre
mudanças tecnológicas –
Com o
objetivo de impedir demissões, os bancários querem criar comissão
bipartite sobre mudanças tecnológicas para debater, acompanhar e
apresentar propostas diante de projetos de mudança tecnológica e
organizacional das empresas, reestruturação administrativa e
introdução de novos equipamentos. Os negociadores dos bancos
recusaram a criação da comissão, alegando que cada instituição
tem sua própria política tecnológica, e propuseram a realização
de um seminário sobre o tema.

Atendimento ao
público –
Os bancos recusaram
tanto a reivindicação para a criação de dois turnos de trabalho,
a fim de viabilizar o cumprimento do horário de atendimento ao
público das 9h às 17h – com proibição de abertura das agências
aos sábados, domingos, feriados e período noturno – quanto a
demanda para que tomem medidas para diminuir o tempo de espera dos
clientes e usuários nas filas, inclusive com contratação de
pessoal, evitando que o tempo de espera ultrapasse a 15
minutos.

Igualdade de oportunidades – A
reivindicação dos bancários é que os bancos tomem medidas
concretas para democratizar o acesso e as promoções nas empresas,
garantindo que mulheres, negras, indígenas, homoafetivos e
deficientes tenham igualdade de condições de contratação,
independente de idade e condições socioeconômica. A ascensão
profissional deve ser a partir de critérios objetivos, transparentes
e democráticos.

As empresas, além disso, precisam incorporar
o respeito à igualdade de tratamento entre mulheres e homens como um
valor organizacional, devendo, para tanto, adotar medidas preventivas
e planos de ação para a eliminação de quaisquer práticas
discriminatórias nos locais de trabalho.

E pela primeira vez,
os bancários incluíram na pauta cláusula reivindicando que seja
assegurado no quadro de empregados de cada banco o percentual mínimo
de 20% de negros e negras. Os negociadores da Fenaban concordam em
geral com os diagnósticos sobre a necessidade de promoção da
igualdade de oportunidades, mas argumentam que isso deve acontecer
naturalmente e se recusam a adotar medidas objetivas e
concretas.

Calendário de negociações –
Os sindicatos voltam a se reunir com a Fenaban para discutir as
reivindicações de segurança
na próxima terça-feira, dia 20, quando
os bancos devem apresentar
os dados do setor para o primeiro semestre.

Além disso, a
terceira rodada de negociação, que vai tratar do tema remuneração,
já foi agendada para os dias 26 (a partir das 14h) e 27 (dia todo).

A
Caixa tem rodada de negociação específica prevista para esta
segunda-feira, dia 19. No Banco do Brasil, há reuniões marcadas
para os dias 23 e 29.

Veja como foram as outras reuniões de negociação com a Fenaban
>> Bancos rejeitam reivindicações e bancários marcam Dia Nacional de Luta
>> Bancos negam reivindicações de saúde, condições de trabalho e segurança 
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 Negociações entre bancários e bancos começam pelas metas abusivas  

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