Os bancários de
Pernambuco realizaram nesta quinta-feira, dia 11, uma série de
paralisações, protestos e manifestações para cobrar do Governo
Federal e do Congresso Nacional avanços na pauta de reivindicações
da classe trabalhadora. A mobilização fez parte do Dia Nacional de
Luta convocado pela CUT e demais centrais sindicais, e contou com a
adesão de milhares de trabalhadores em todo o país.
No
Recife, os bancários iniciaram o Dia Nacional de Luta pela manhã
com a paralisação de treze agências do bairro da Boa Vista, no
centro da capital. À tarde, os bancários se juntaram a milhares de
trabalhadores e engrossaram a grande passeata que tomou conta das
ruas do centro do Recife.
Para a presidenta do Sindicato,
Jaqueline Mello, a participação dos bancários no Dia Nacional de
Luta foi muito forte em Pernambuco. “Os bancários aderiram
massivamente aos protestos e, junto com milhares de trabalhadores de
todo o país, construímos um grande Dia Nacional de Luta. Acredito
que conseguimos dar o nosso recado aos políticos e, agora, esperamos
que as nossas reivindicações sejam negociadas com seriedade e
atendidas”, diz.
Entre as principais reivindicações do Dia
Nacional de Luta estão a extinção do projeto de lei 4330, que
legaliza a terceirização e amplia a precarização do trabalho, fim
do fator previdenciário, 10% do PIB para a educação, 10% do
Orçamento da União para a saúde e transporte público e de
qualidade.
“O Brasil só muda quando a classe
trabalhadora vem pras ruas”, disse o presidente da CUT, Vagner
Freitas, “Aqui, nas ruas, sempre conquistamos nossos direitos e
vamos continuar conquistando. Precisamos acabar com o fator
previdenciário, herança maldita de FHC, acabar com a terceirização,
a rotatividade e a demissão imotivada, e aprovar a redução da
jornada de trabalho para 40 horas semanais”, completou
Vagner.
Paralisação – A paralisação de treze
agências bancárias no centro do Recife logo nas primeiras horas da
manhã anunciava para a população que esta quinta-feira seria um
dia diferente. Os bancários aderiram em peso aos protestos e
ajudaram a dialogar com os clientes sobre as reivindicações que
interessam a todos os trabalhadores.
“Aqui, no Banco do
Brasil da Sete de Setembro, fizemos uma reunião com os funcionários
e todos entenderam que esse momento requer da gente uma atitude
forte, de luta. E a agência do Banco do Brasil parou totalmente, sem
nenhum funcionário no seu interior. Também tivemos a adesão dos
vigilantes, dos profissionais da área de limpeza, todos entenderam
que nesse momento nós, trabalhadores, temos de ir às ruas e
reivindicar os nossos direitos”, conta o secretário-geral do
Sindicato, Fabiano Félix.
Nas treze agências paralisadas não
houve nenhum incidente. Vários clientes demostraram que estão
atentos às reivindicações dos trabalhadores e manifestaram seu
apoio à luta. É o caso do assistente de cobrança Fábio Gouveia,
cliente da agência Capibaribe do Bradesco. “Eu e o pessoal do meu
trabalho resolvemos faltar hoje para acompanhar a passeata”,
disse.
Para a secretária de Finanças do Sindicato, Suzineide
Rodrigues, o fechamento de todas as agências da avenida Conde da Boa
Vista mostra a disposição de luta dos bancários. “Mesmo nas
unidades fora do centro que não fecharam, os bancários protestaram
trabalhando vestidos de vermelho. As pessoas estão começando
entender os problemas do PL 4330 e a importância de lutar contra sua
aprovação. Também recebemos apoio dos cliente, que querem um banco
de qualidade, com menos tarifas. E todos nós queremos,
principalmente, um Brasil melhor, por isso as atividades desta quinta
foram um sucesso”, comentou.
Passeata – Apesar das
fortes chuvas que caíram nesta quinta-feira à tarde no Recife,
milhares de trabalhadores foram às ruas e realizaram uma linda
passeata pelo centro da capital pernambucana. Centenas de bancários
engrossaram a passeata e, com bandeiras e faixas, deram seu recado
aos políticos.
“Temos uma extensa pauta de reivindicações
e, nela, destaca-se hoje a luta contra o PL 4330. Nossa mobilização
conseguiu adiar a votação marcada para essa quarta na Comissão de
Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados, mas a proposta
ainda está viva. Conseguimos abrir, também, um canal de
negociações, mas se não houver acordo o projeto volta à pauta em
agosto. Por isso não podemos parar de lutar nos próximos dias”,
afirma Jaqueline.
A multidão que tomou as ruas do Recife
partiu da Praça do Derby por volta das 15h30 e seguiu pela avenida
Conde da Boa Vista. Os moradores da região manifestaram seu apoio ao
protesto jogando papel picado, acenando das janelas, exibindo
cartazes e a bandeira nacional.
A passeata seguiu até a
Assembleia Legislativa, onde um grupo formado por onze representantes
dos sindicatos foi recebido pelo pelo secretário da Casa Civil,
Tadeu Alencar, pelo secretário de Articulação Social, Aluísio
Lessa, e pelos deputados Daniel Coelho (PSDB), Waldemar Borges (PSB)
e Severino Ramos (PMN). Eles discutiram a pauta de reivindicações
levada pelas centrais sindicais. Durante a reunião, Tadeu Alencar
recebeu o documento das mãos do presidente da Central Única dos
Trabalhadores de Pernambuco (CUT-PE), Carlos Veras, que de manhã
acompanhou os protestos dos bancários.
Além da paralisação
dos bancários e da passeata, o Dia Nacional de Luta também contou,
em Pernambuco, com uma forte paralisação no Complexo de Suape e com
manifestações e bloqueios em nove rodovias que cortam o Estado.