A Revista dos Bancários pediu
uma entrevista com o secretário Especial para a Copa, Ricardo
Leitão, sobre o impacto das obras de mobilidade urbana, e aquelas
exigidas pela FIFA, na vida da população do entorno da Arena
Pernambuco e da futura Cidade da Copa. Depois de idas e vindas, de
entrevista marcada e desmarcada – em cima da hora -, com o secretário
Executivo, pois o titular estava em viagem de trabalho no Rio,
combinamos enviar as perguntas por correio eletrônico.
Entretanto,
a resposta não chegou a tempo do fechamento da edição de
julho, prorrogado para se garantir a
ouvida do outro lado, já que entrevistamos o coordenador do Comitê
Popular da Copa em Pernambuco, Evanildo Barbosa da Silva. Ele aponta,
dentre outras coisas, a falta de diálogo com o governo para
preservar os direitos das famílias e comerciantes do entorno da
Cidade da Copa.
Embora a
entrevista não tenha chegada a tempo para a Revista, publicamos as
perguntas e respostas aqui no site.
Trata-se, na verdade, de respostas coletivas, já que, segundo a
assessoria, “os dados foram informados por diferentes secretarias,
pois a Secopa é apenas representativa.”
REVISTA
DOS BANCÁRIOS: A Copa das Confederações trouxe à tona algumas
deficiências no acesso à Arena Pernambuco, que terminaram por
repercutir em todo o Recife, inviabilizando o tráfego já caótico.
Há tempo hábil para saná-las até a Copa de 2014, uma vez que as
obras complementares, incluídas no plano de mobilidade, estão
atrasadas?
SECOPA:
Durante a Copa das Confederações tivemos problemas relativos à
mobilidade do primeiro jogo, no dia 16 de junho. Conseguimos tomar as
providências cabíveis para evitar o mesmo transtorno nos jogos
seguintes. Além do metrô e do estacionamento do Parqtel, os
torcedores também puderam optar por deixar seus carros no
estacionamento da Universidade Federal de Pernambuco e, de lá,
seguir com o ônibus circular até a Arena. A ação funcionou com
sucesso. Outra ação para minimizar os transtornos já nessa Copa
foi à construção de uma saída maior da Estação Cosme e Damião,
trazendo mais segurança e confortos para os usuários desse modal.
Assim, conseguimos melhorias significativas nos dois jogos seguintes.
A competição desse ano serviu como teste para nos prepararmos para
a Copa do Mundo da Fifa de 2014. Poderemos disponibilizar outros
bolsões de estacionamento para os torcedores para que todos possam
utilizar ônibus circulares até a Arena Pernambuco. Além disso,
haverá ainda a opção de dois corredores exclusivos de coletivos do
Bus Rapid Transit (BRT) em vias segregadas e os usuários do metrô
poderão utilizar tanto a estação Cosme e Damião como também o
terminal de Camaragibe. Continuaremos estimulando a população a
utilizar os meios coletivos.
REVISTA
DOS BANCÁRIOS: Quais são as medidas concretas a serem adotadas em
relação ao metrô/ônibus e à distância dos terminais de
transporte coletivo até o estádio?
SECOPA:
Além das obras de mobilidade que foram adiantadas para a realização
da Copa das Confederações, a Copa do Mundo contará ainda com os
corredores Norte – Sul/ Leste – Oeste, onde será usado o Bus
Rapid Transit (BRT), o que tornará a viagem dos torcedores mais
rápida. O sistema de metrô já recebeu o reforço de dez novos três
até o mundial irá receber mais cinco, o que da um total de quinze
que vão incorporar as linhas já existentes.
Corredor
Leste Oeste –
O investimento de R$ 151 milhões. O corredor passará por 22
estações e atender aos Terminais Integrados da Terceira Perimetral,
que será construído no cruzamento da Avenida Caxangá com
a General San Martin; de Camaragibe; e da Quarta Perimetral, na
BR-101. Também serão construídos três elevados: um próximo ao
Bompreço, da Benfica; outro na Terceira Perimetral, próximo ao
Hospital Getúlio Vargas; e mais um no Engenho do Meio. Na
Praça João Alfredo, ao lado do Museu da Abolição, na Segunda
Perimetral, vai ser construído um túnel e um viaduto será erguido
próximo à UPA da Caxangá.
Corredor
Norte Sul –
O investimento é de R$ 145 milhões. O corredor tem
início no Terminal Integrado de Igarassu e segue até a
Estação Central do Metrô, no centro do Recife, passando
pela PE-15, Complexo de Salgadinho e Avenida Cruz Cabugá. O percurso
de 33,2 km vai ter 33 estações interligadas a quatro terminais
integrados: Igarassu, Abreu e Lima, Pelópidas Silveira e PE-15. Dois
elevados serão construídos nos Bultrins e outro elevado em Ouro
Preto. A sua conclusão está prevista para setembro de
2013.
REVISTA
DOS BANCÁRIOS: Quem visitou a Arena Pernambuco e os bairros da
vizinhança, como Cosme e Damião, viu que a Cidade da Copa ainda não
saiu do papel. A ideia foi abandonada, por quê?
SECOPA:
A ideia não foi abandonada. A Cidade da Copa será construída em
uma área de 240 hectares e, desde o seu anúncio, é um projeto de
desenvolvimento a médio e longo prazo. A
Cidade da Copa, um complexo habitacional e corporativo, a 20
quilômetros da área central do Recife, criará um novo vetor de
crescimento econômico e adensamento demográfico a oeste da Região
Metropolitana da capital, sendo, na avaliação da FIFA, um dos
maiores legados da Copa no Brasil. Vai consolidar um vetor de
crescimento no oeste da Região Metropolitana do Recife, contribuindo
para a desconcentração populacional em torno da capital
pernambucana. A Cidade da Copa será construída em etapas com
finalização total prevista para 2025. Seus sistemas de mobilidade e
infraestrutura foram planejados e será referência no uso de
tecnologia avançada, possibilitando um modelo diferenciado de
qualidade de vida para moradores e visitantes dessa smartcity. Em seu
território estarão 4,5 mil unidades residenciais, parques públicos,
campus universitário, escolas, arenas multiuso e indoor, cinemas,
teatros, shoppings, hotéis e outros empreendimentos.
REVISTA
DOS BANCÁRIOS: Os recursos do Tesouro Estadual investido nas obras
da Copa se traduzem em renúncia fiscal, a fundo perdido? Se for
verdade, em que medida tais investimentos aprofundam o nível de
endividamento público do Estado? A relação custo/benefício
compensa, mesmo pensando na repercussão daqui a 15 anos?
SECOPA:
Os recursos não foram a fundo perdido, pois se fossem o Estado não
precisaria pagar. No entanto todas as obras de mobilidade estão
sendo feitas através do financiamento da Caixa Econômica, que será
pago pelo Estado. Já a Arena Pernambuco foi financiada pelo BNDES e
Banco do Nordeste. Com isso, todas as obras foram liberadas por
bancos públicos federais. E esses bancos, por sua vez, não iriam
liberar financiamento para Pernambuco se houvesse dificuldade para
pagar, e nem o Estado iria aceitar um financiamento que não pudesse
arcar.
REVISTA DOS BANCÁRIOS:
O Comitê Popular da Copa aponta a falta de diálogo com os agentes
públicos o principal entrave na tentativa de minimizar o impacto da
obras na vida da população. Onde está o nó?
SECOPA:
A Arena Pernambuco foi construída em um terreno praticamente vazio,
com cerca de 150 famílias de posseiros habitando em algumas
localidades. E essas, por sua vez, receberam indenização por suas
propriedades, que seriam casas, alguma com plantações e criações
de animais. Os valores das indenizações foram calculados pela
Procuradoria Geral do Estado (PGE) e Secretaria das Cidades.
Duas
questões não foram respondida, mas
deixamos o registro das
perguntas.
REVISTA
DOS BANCÁRIOS: Só no entorno da Arena Pernambuco cerca de mil
famílias perderam ou perderão suas casas e/ou seu pequeno negócio,
com indenizações abaixo do valor de mercado e pressão de toda
sorte dos agentes privados, segundo relatório da auditoria conjunta
da Secretaria de Controle Interno da Presidência da República/Comitê
Popular da Copa. O que o Estado tem feito para intermediar tais
relações e garantir direitos dessas famílias?
REVISTA DOS
BANCÁRIOS: Há quem, a exemplo de professores do MDU/UFPE,
questione o legado positivo das obras da Copa 2014 para a população,
como por exemplo, as obras viárias. Para tais estudiosos, o Promob
não resolve os problemas de mobilidade urbana do Recife e entorno,
pois seria programa para os anos 70. Fato ou especulação?