A importância da
unidade de ação na luta em defesa dos direitos dos bancários e
contra as práticas antissindicais do banco espanhol foram
enfatizadas na manhã desta terça-feira (4), durante a mesa de
abertura do Encontro Nacional dos Dirigentes Sindicais do Santander,
promovido pela Contraf-CUT, no San Raphael Hotel, em São Paulo. O
evento conta com mais de 130 participantes e continua nesta quarta
(5) durante todo o dia.
Pernambuco está representado pelos
diretores do Sindicato, Epaminonas Neto e Eleonora Costa, e pela
diretora da Fetrafi-NE (Federação dos Trabalhadores do Ramo
Financeiro do Nordeste), Teresa Souza.
O secretário de
imprensa da Contraf-CUT, Ademir Wiederkehr, salientou a necessidade
de fortalecer a organização dos bancários para intensificar as
lutas específicas. Ele lembrou a realização dos recentes encontros
nacionais dos dirigentes sindicais do Bradesco, Itaú e HSBC, bem
como dos congressos dos trabalhadores de bancos públicos, como Banco
do Brasil e Caixa Econômica Federal.
“Precisamos
reforçar a luta por emprego, remuneração, saúde e condições de
trabalho, previdência complementar e plano de saúde, que são hoje
os grandes temas que preocupam os funcionários do Santander, bem
como pressionar o banco pelo fim das ações judiciais movidas pelo
banco contra entidades sindicais”, apontou Ademir.
“A
unidade nacional é fundamental para aumentar a mobilização em todo
país, a fim de acabar com a enrolação do Santander nas negociações
e resolver os problemas dos funcionários e aposentados do banco com
conquistas e avanços concretos”, conclamou.Apresentações,
palestras e debates – A diretora do Sindicato dos Bancários de
Pernambuco, Eleonora Costa, apresentou a realidade do Bandeprev,
cujos participantes são oriundos do Bandepe, adquirido pelo ABN Real
e depois vendido ao Santander. O fundo de pensão dos bancários do
antigo banco estadual possui paridade nos conselhos fiscal e
deliberativo, além de um diretor eleito. Nova eleição ocorre no
próximo dia 4 de julho.
Já a economista do Dieese na
Subseção da Contraf-CUT, Vivian Rodrigues, fez uma apresentação
sobre o balanço do primeiro trimestre deste ano do Santander,
destacando o lucro de R$ 1,5 bilhão, a rentabilidade de 12%, o
crescimento das provisões para devedores duvidosos (PDD), a elevação
das receitas de tarifas e o corte de 508 empregos, dentre outros
dados. Ela também mostrou o enxugamento do quadro de funcionários,
agravado pelas demissões em massa em dezembro de 2012, e revelou o
aumento de 38% na previsão para a remuneração milionária dos
altos executivos em 2013.
O professor Moisés Marques fez uma
análise da conjuntura nacional e internacional, alertando para o
processo de inclusão financeira sem inclusão bancária. Ele fez
algumas projeções para o futuro dos bancos e da categoria,
sobretudo diante do uso do celular nas transações bancárias.
Moisés chamou a atenção para a migração da agência para o banco
digital como canal de relacionamento com o cliente, apontando que o
movimento sindical precisa também discutir novas formas de
mobilização para enfrentar essa realidade.
A médica Maria
Maeno tratou dos problemas de saúde e condições de trabalho. Ela
apontou para a gestão do medo, das ameaças de demissões, de
desmoralização profissional ou de isolamento e discriminação,
criticando a autoaceleração e a submissão dos indivíduos às
metas e à intensificação do trabalho. Ela reclamou da sobrecarga,
da desvalorização do trabalhador e da gestão adoecedora, dizendo
que “a vida e a saúde têm sido muito sacrificadas pelos
bancos”. Maeno defendeu qualidade de vida e alertou que é
preciso discutir o modelo pericial e a reabilitação
profissional.
O gerente geral da Agência Nacional de Saúde
Suplementar (ANS), Francisco Teles, abordou a lei nº 9656/98 e as
recentes normas regulamentadores que tratam dos planos de saúde. As
mudanças afetaram a assistência à saúde de ex-empregados
demitidos e aposentados. “Só quem se beneficiou foram os
contratantes de planos de saúde”, apontou.
A presidente
da Anapar, Cláudia Ricaldone, mostrou como anda a previdência
complementar, apontando os principais desafios dos participantes de
fundos de pensão. Ele pediu que todos se filiem à entidade, através
do site, lembrando que a anuidade custa apenas R$ 30.
O
secretário-geral da Afubesp, Walter Oliveira, enfatizou que hoje
existem 24 planos de previdência no Santander. “O maior é o
SantanderPrevi, com 44 mil participantes, mas é virtual, diante da
falta de eleições democráticas”. Ele analisou os problemas do
Banesprev, como o não aporte pelo banco do serviço passado no Plano
II.
Reivindicações específicas – O Encontro Nacional
será retomado na manhã desta quarta, às 9h, com uma apresentação
sobre o papel das COEs pelo secretário de Organização do Ramo
Financeiro da Contraf-CUT, Miguel Pereira. Depois, haverá exposição
das resoluções dos encontros estaduais ou regionais preparatórios
sobre emprego, remuneração, saúde e condições de trabalho,
previdência complementar e plano de saúde (confira aqui como foi o Encontro Estadual de Pernambuco e aqui para ler sobre o Encontro Regional do Nordeste).
Em seguida, os
dirigentes sindicais se reunirão em grupos temáticos para
aprofundar as propostas e, à tarde, será realizada uma plenária
para deliberações com a aprovação da pauta específica de
reivindicações dos funcionários do Santander para negociação com
o banco.