Abreu e Lima, o General das Massas, no ciclo de palestras do Sindicato

Dia 04 de junho os bancários de
Pernambuco tem mais um encontro marcado com a História do estado. No
ciclo de palestras mensais iniciado em março, História em Debate
pelos Trabalhadores
, o escritor Paulo Santos, que inaugurou a
série, retorna, desta vez, para expor a temática de seu romance, O
General das Massas
. Trata-se da participação pernambucana no
processo de independência da América Latina, através das
revoluções de 1817 e 1824 e da figura do general Abreu e Lima.

Os debates em torno da atividade
histórica que tem Pernambuco e o Nordeste como protagonistas é uma
iniciativa do Sindicato dos Bancários de Pernambuco, em parceria com
a a CUT Pernambuco e o grupo Typhis, que reúne escritores e
jornalistas com trablalhos publicados sobre a tema.

Em março, o tema foi a Revolução de
1817, a partir do livro A Noiva da Revolução, do mesmo Paulo
Santos; em abril, o foco foram os crimes da ditadura militar, com
Urariano Mota, centrado no romance de sua autoria, Soledad no
Recife
; e em maio, a presença norte-americana no Nordeste, com o
também jornalista e escritor, Vandeck Santiago, autor de caderno
especial a respeito.

O centro da palestra e debate em junho é
José Inácio de Abreu e Lima, que veio a tornar-se general, e foi um
destacado participante das lutas latino-americanas pela independência
e pela democracia. Nasceu no Recife, em 1796, onde veio a falecer em
1869.

Encarcerado em Salvador durante a
Revolução de 1817, o então jovem capitão artilheiro foi obrigado
a assistir ao fuzilamento do seu pai, o Padre Roma, emissário da
República Pernambucana à Bahia. Fugiu da prisão e seguiu para a
Venezuela, onde se alistou no exército de Simón Bolívar, ao lado
de quem lutou durante 12 anos.

De batalha em batalha, Abreu e Lima
percorreu vasto território, que ajudou a libertar da dominação
espanhola – do atual Panamá à Venezuela, passando pelo Equador,
Peru, Bolívia e Colômbia. Seu desempenho nas lutas tornou-o
herói naqueles países, além de lhe valer numerosos ferimentos,
condecorações e o posto de general. Na verdade, alcançou lugar no
seleto rol dos “Libertadores das Américas”, tornando-se o
brasileiro que mais se distinguiu no exterior.

Todos os feitos de Abreu e Lima,
entretanto, não foram suficientes para tornarem-no conhecido dos
brasileiros, ou até mesmo dos pernambucanos. Ainda que ele seja nome
de município da Região Metropolitana do Recife e padrinho da
refinaria de petróleo, atualmente em construção pela Petrobrás em
Ipojuca, Mata Sul do estado.

Igualmente, pouco se sabe a respeito das
lutas de libertação e da implantação da democracia e do
pan-americanismo no continente, no início do século XIX. Batalhas das quais o venezuelano Simón Bolívar foi o maior condutor, e das
quais o Brasil participou representado por Abreu e Lima, e pelas
revoluções pernambucanas de 1817 e 1824.

O pernambucano também desenvolveu
intenso trabalho como jornalista, polemista, ensaísta e historiador.
Chegou a publicar três jornais: A Torre de Babel, em
Cartagena; O Raio de Júpiter, no Rio de Janeiro; e A Barca
de São Pedro
, no Recife; além de publicar uma História do
Brasil.

Polemizou com Hipólito da Costa, em
defesa da Revolução de 1817, nas páginas do Correo del Orinoco,
da Venezuela, e com ninguém menos do que o francês Benjamim
Constant, em defesa de Bolívar, no Courrier Français. E
também é autor de O Socialismo, provavelmente o primeiro
tratado sobre o tema jamais escrito por um latino-americano.

Por suas posições sempre a favor “do
povo que é depreciado a cada instante”, os adversários
políticos no Brasil o apelidaram, jocosamente, de “General das
Massas”.

Abreu e Lima foi um combatente até os
seus últimos dias. Embora católico praticante, era, ao mesmo tempo,
um ferrenho defensor de todas as liberdades, inclusive a religiosa.
Já com 74 anos se pôs a escrever a favor do ecumenismo cristão,
apoiando o direito dos protestantes celebrarem seus cultos e chamando
contra si a ira dos prelados conservadores, com quem passou a
polemizar através da imprensa.

A morte o colheu em meio a essa
discussão, sem que ele abjurasse das suas ideias, e o bispo de
Olinda, D. Francisco Cardoso Ayres, negou-lhe sepultura em
campo-santo brasileiro. Seus restos só puderam ser inumados no
Cemitério dos Ingleses, no Bairro de Santo Amaro, debaixo de uma
cruz celta, onde repousam até hoje.

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