Após três dias de
debates, o Encontro Nacional dos Funcionários do HSBC terminou na
última sexta-feira, dia 17, em Curitiba, com a aprovação da pauta
de reivindicações específicas, que tem como prioridades a defesa
do emprego e as condições de trabalho. Os participantes do Encontro
realizaram, também, um ato de protesto em frente do Palácio
Avenida, sede do banco inglês no Brasil, contra a política de
recursos humanos da empresa e contra as demissões.
Ao todo,
cerca de 100 pessoas, de todas as regiões do país, participaram do
Encontro Nacional. Os diretores do Sindicato, Pedro Villa-Chan e Alan
Patrício, representaram Pernambuco no evento. “O Encontro foi
ótimo, muito produtivo. Temos de registrar a bela organização do
evento, o interesse e participação de todos nos debates, e a
disposição de realizar um excelente trabalho em todo país para
alcançarmos nossos objetivos. E o mais importante: o espírito de
unidade que perpassou todo o encontro, sem nenhum tipo de
contratempo, onde os interesses dos funcionários do HSBC estiveram
no centro o tempo todo. Discutimos desde a importância de reajustar
o reembolso do quilômetro rodado, que está há anos em R$ 0,44, até
a organização da mobilização dos bancários para pressionarmos o
HSBC e garantir que as negociações sejam produtivas”, comentou
Alan, que também é secretário de Assuntos Jurídicos da
Contraf-CUT.
Logo no primeiro dia do Encontro, 15 de maio, o
CEO global do HSBC, Stuart Gulliver, que recebeu R$ 16,2 milhões em
bônus pelo resultado produzido pelos bancários, anunciou mais um
corte de 14 mil funcionários em todo o mundo, como forma de aumentar
a rentabilização e o pagamento de dividendos aos acionistas, apesar
do lucro global no primeiro trimestre de 2013 já ser o dobro do
mesmo período do ano passado.
“Isso é um absurdo, pois,
além da rotatividade no HSBC ser uma das mais altas no sistema
financeiro nacional, o número de postos de trabalho eliminados chega
a nos assustar, diante da realidade e necessidades das agências”,
criticou o secretário de Organização da Contraf-CUT, Miguel
Pereira.
Ele acrescentou que, para tentar esconder o sol com a
peneira, o banco investe mais em terceirização, utilização
indevida de jovens aprendizes, dos correspondentes bancários e
contratos temporários para algumas funções, como os ‘hunters’. “E,
como se o trabalho não fosse pouco, o banco criou um modelo de
compartilhamento de unidades, onde um gerente operacional fica
responsável por até três agências. E como se não bastasse, o
sistema operacional do banco é obsoleto, gerando retrabalho, com
demora nos procedimentos e falhas operacionais. E ao final o HSBC
ainda responsabiliza diretamente os funcionários por essas falhas.
Não é à toa que novamente o HSBC, em 2012, foi o banco mais
reclamado junto ao BC”, disse Miguel.
>> Ouça reportagem sobre o Encontro Nacional na Rádio dos Bancários
Protesto –
Na sexta-feira, último dia do Encontro, os participantes se
concentraram ao meio-dia em frente ao prédio do banco no centro da
capital paranaense, dialogando com a população e com os bancários
e denunciando as dificuldades enfrentadas pelos bancários do HSBC no
Brasil e o desrespeito da diretoria da empresa em não tratar
seriamente as negociações coletivas.
“Há muito tempo
que o HSBC não negocia com seriedade a pauta apresentada e os
problemas só se agravam. O banco responde uma demanda com outro
problema criado. Tem sido assim com o programa próprio de
remuneração variável (PPR), que é o pior dentre todos os bancos,
com as alterações unilaterais no plano de saúde e na previdência
complementar, além da falta de funcionários e do adoecimento dos
bancários, que estão tomando medicamentos de tarja preta para
suportar o alto nível de estresse e pressão cotidianas. E quando
adoecem são perseguidos e demitidos”, protestou Carlos Kanak,
coordenador da Comissão de Organização dos Empregados (COE) do
HSBC e secretário de Finanças do Sindicato dos Bancários de
Curitiba.
A falta de funcionários nas agências para
assegurar o bom atendimento aos clientes, somada à pressão diária
para o cumprimento de metas abusivas, tem transformado o dia a dia
nas unidades num verdadeiro inferno. E, ao invés de o banco atender
as reivindicações dos trabalhadores de efetuar mais contratações,
o banco vem eliminando postos de trabalho. Em 2012 foram 1.002
cortes. Somente no mês de março houve mais de 40 demissões. O
ambiente está tão ruim que, dos desligamentos em 2012, 45% foram a
pedido.
“Basta!” é a palavra de ordem – Para
dar resposta a esse verdadeiro cenário de filme de terror a que
estão submetidos os funcionários do HSBC no Brasil, o Encontro
Nacional aprovou o lançamento de uma campanha nacional, com a
palavra de ordem “Basta!”, que terá peças publicitárias
abordando a questão do emprego e procurando dialogar com
trabalhadores, clientes, usuários e governo federal. Também foi
aprovada a retomada dos Grupos de Trabalho (GT) para a formulação e
encaminhamentos das questões relacionadas à remuneração (criação
de uma proposta de PCCS); Saúde e Previdência Complementar.
A
participação dos bancários brasileiros também na Jornada
Continental de Lutas, convocada pela UNI Américas para junho, é
outra atividade considerada fundamental, pois somente no Brasil há a
figura da rotatividade, que serve apenas para reduzir os custos com
mão de obra das empresas de um modo geral, expelindo os bancários
no auge de sua produtividade.
Outro ponto aprovado é a
necessidade de formalização das demais conquistas obtidas nos
últimos anos, como fruto da luta dos bancários do HSBC, mas que não
possuem nenhum acordo específico assinado. “Parece que é uma
liberalidade por parte do banco, o que obviamente não é”, diz
Miguel.
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