Os bancários
conquistaram nesta terça-feira, dia 14, uma importante vitória na
luta contra a falta de segurança nos bancos. Depois de muita
pressão, a Febraban cedeu e assinou um acordo com o Sindicato e a
Contraf-CUT para instalar os equipamentos de segurança reivindicados
pelos bancários nas 261 agências de Recife, Olinda e Jaboatão.
O
projeto-piloto de segurança bancária, conquistado durante a
Campanha Nacional do ano passado, deverá ser implantado dentro de
noventa dias. Ele prevê a instalação de portas de segurança com
detectores de metais, câmeras internas e externas, biombos entre a
bateria de caixas e as filas, guarda-volumes, vigilantes com coletes
balísticos e armados de acordo com a Lei 7.102/83 e cofre com
dispositivo de retardo. O próximo passo é garantir que o novo
modelo de agência segura seja estendido para o restante do país.
Para a presidenta do Sindicato, Jaqueline Mello, a
implantação do projeto piloto de segurança nos bancos é uma
grande vitória dos bancários. “Este é o resultado de anos de
luta e muita pressão. Finalmente conseguimos dar um grande passo
para que os bancos cumpram a sua responsabilidade. Agora, vamos
acompanhar de perto todo o processo de implantação do programa aqui
em Pernambuco para que, em breve, essas medidas sejam estendidas para
todo o Brasil”, diz.
O presidente da Confederação
Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Carlos
Cordeiro, lembra que faz muito tempo que o movimento sindical
bancário está exigindo dos bancos mais investimentos em segurança
para poupar vidas humanas. “No ano passado houve 2.530 ataques a
bancos no país e 57 mortes de clientes, vigilantes, policiais e
bancários em assaltos envolvendo bancos. O projeto-piloto é inédito
e representa um avanço muito importante porque contempla antigas
reivindicações dos bancários e é uma experiência que pode mudar
o conceito de segurança praticado pelos bancos, que hoje só visa o
patrimônio. Queremos mudar o foco para a proteção da vida das
pessoas”, afirmou.
Para o presidente da Febraban, Murilo
Portugal, o projeto-piloto “é uma demonstração de que os bancos
reconhecem o interesse legítimo que os sindicatos têm na
integridade física e segurança dos seus funcionários”.
As
medidas previstas serão fiscalizadas pelas prefeituras dos três
municípios. O projeto tem duração de 12 meses e prevê a criação
de um grupo de trabalho de segurança bancária para acompanhamento
das ocorrências, que será constituído por representantes do
Sindicato, da Contraf-CUT, e dos seis maiores bancos. O grupo de
trabalho também vai acompanhar semanalmente as ocorrências, em
conjunto com a Secretaria de Defesa Social de PE, Comando da Polícia
Militar e o delegado-geral da Polícia Civil.
Pacto pela
vida – O projeto-piloto de segurança bancária foi abraçado
pelo governador Eduardo Campos, que decidiu inclui-lo no programa
Pacto pela Vida, que completou seis anos nesta terça-feira. “O
projeto é resultado de um largo entendimento que envolveu o governo,
o Ministério Público, os trabalhadores e os bancos. Ele está
assentado em valores que prezamos muito, de respeito aos direitos
humanos e fortalecimento da democracia. Espero que tenha vida longa”,
disse o governador pernambucano.
Já o prefeito de Recife,
Geraldo Júlio, também destacou “a construção coletiva do
projeto-piloto, com participação dos trabalhadores, dos bancos e do
poder público estadual e municipal”. Pelo acordo, as
Prefeituras do Recife, Olinda e Jaboatão vão se responsabilizar
pela demarcação do local próprio para a parada de carros fortes em
frente às agências.
Luta árdua – Um dos principais
responsáveis pela conquista dos bancários foi o promotor de
Justiça, Ricardo Coelho, que há dois anos comprou a briga do
Sindicato contra os bancos. De lá para cá, o promotor autuou os
bancos do Recife que não cumpriam as leis de segurança em mais de
R$ 20 milhões e interditou mais de uma dezena de agências, um ato
inédito no Brasil. “A todo momento tivemos de superar
dificuldades. Agora, garantimos um acordo que trará mais segurança
para os bancários e clientes. Foi uma luta, um avanço, uma
conquista”, comemorou Ricardo Coelho, durante a assinatura do
acordo.