Os bancários do
Bradesco lançaram nesta terça-feira, dia 7, uma nova campanha por
valorização e mais respeito aos funcionários do banco. A
mobilização foi definida no Encontro Nacional, realizado no início
de abril, em Atibaia (SP), que também atualizou a pauta de
reivindicações específicas a ser discutida de forma permanente com
o banco (leia mais aqui).
Em Pernambuco, o Sindicato
percorreu quatro das principais unidades do banco no Recife. Durante
toda manhã desta terça-feira os dirigentes bancários vistaram
agências da Conde da Boa Vista, Concórdia, Dantas Barreto e
Imperador. A demanda excessiva de trabalho e a falta de funcionários
são o retrato fiel do descompromisso do Bradesco com seus clientes e
empregados. O resultado não poderia ser outro: demora no atendimento
e muita, muita reclamação. Até as pessoas que precisam e têm o
direito ao atendimento preferencial são obrigadas a passarem horas
na fila.
“O problema é que todas as vezes que a gente vem
aqui só tem um caixa de atendimento preferencial. Hoje mesmo eu
cheguei aqui vinte para as dez e já peguei a senha 34. Um caixa para
atender idoso, gestante, pessoas lactentes, pessoas com deficiência.
Isso é um caos. Isso é um descaso com a população, com o cliente.
Eu estou super insatisfeita com esse atendimento do Bradesco”,
reclama Luciene de Menezes Mendes, cliente da agência Conde da Boa
Vista.
Também na agência Concórdia a demora no atendimento
era o principal alvo da insatisfação dos clientes, que apoiaram a
manifestação do Sindicato. “Eu quero parabenizar o movimento
que vocês estão fazendo porque nós, clientes, assim com vocês,
bancários, precisamos de respeito e o Bradesco tem dinheiro para
investir. Eu vou citar o exemplo da cidade na qual eu moro, Cabo de
Santo Agostinho. Eu estou aqui no Recife porque foi impossível ser
atendido na agência de lá. A unidade é horrorosa, não tem nem
cadeiras para sentar, não tem os biombos, ou seja, todos que estão
na fila veem o que o cliente esta fazendo lá no caixa. Se o cliente
sair com uma grande quantidade de dinheiro, isso é visível e
facilita o crime da saidinha de banco”, relata Daniel Leocádio de
Souza, cliente do Bradesco.
Reivindicações – De
acordo com a secretária de Finanças do Sindicato, Suzineide
Rodrigues, a pauta tem como principais reivindicações a criação
de um Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS), melhores
condições de trabalho e preservação da saúde, parcelamento do
adiantamento das férias e auxílio-educação para todos.
“Nós
estamos realizando toda essa movimentação nacional dos bancários
do Bradesco pela valorização dos seus funcionários. Queremos um
melhor plano de cargos e carreiras porque o banco não aparece com
critérios claros. Auxílio-educação porque o Bradesco é o único
banco que não paga bola de estudos para seus funcionários. Estamos
reivindicando também um vale cultura, que hoje já é lei e o banco
não incentiva seus funcionários. Realizamos hoje atividades no
Brasil inteiro para esquentar a mobilização dos bancários, mas
também para conversar com os clientes, pedindo o apoio. Temos
reivindicações que interessam também aos clientes, como a
contratação de mais bancários para melhorar o atendimento”,
esclarece Suzineide.
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Bancário não é lata – Em suas
campanhas publicitárias, o Bradesco apela a sentimentos de
valorização do ser humano – o contrário do que o banco faz com
seus funcionários. Fazendo alusão ao robô que o banco usa na
propaganda, a campanha de valorização do funcionalismo explora essa
contradição, com o slogan “Bancário não é lata. É gente
como você, gente de verdade”. Uma paródia da música “Homem
Primata”, dos Titãs, acompanhada em ritmo de xote pelo trio de
pé de serra Forró Afiado, ajudou a passar o recado para os
bancários e também para a população.
“O bancário
não é um robô, o bancário é gente como você. Fizemos essa
denuncia hoje em várias agências do Bradesco e tivemos o apoio da
população. Fizemos uma paródia em cima da música Homem Primata,
na qual dizemos que o bancário não é um homem de lata. O
lançamento da campanha foi muito positivo. Estamos exigindo, agora,
que o Bradesco retome as suas negociações específicas. O banco,
inclusive, já tem em mãos a nossa pauta que foi construída nos
encontros regionais e no encontro nacional. Vários dos pontos dessa
pauta são antigos e até agora não foram atendidos. Queremos que o
Bradesco realmente valorize os seus funcionários e é por isso que
estamos lutando”, avalia o secretário de Bancos Privados do
Sindicato, Geraldo Times, que também é funcionário do Bradesco.
Confira as principais reivindicações dos bancários do Bradesco
Por um Plano de Cargos, Carreiras e Salários – Reivindicação antiga, o PCCS é o conjunto de regras e normas que estabelece critérios claros, objetivos e transparentes de promoção, escalonamento e de responsabilidades dos bancários, de forma a garantir a igualdade de oportunidades para todos e a valorização profissional. Hoje o banco privilegia os altos escalões com milionárias bonificações de resultados. E funcionários com o mesmo cargo e função ganham salários diferentes, há estagnação na carreira, vigora o apadrinhamento e o famoso QI (“quem indica”). Essa ausência de transparência causa insatisfação no ambiente de trabalho e faz com muitos talentos deixem a empresa por falta de perspectivas profissionais.
Saúde, condições de trabalho e reabilitação – A pressão por obtenção de metas cada vez maiores e abusivas leva ao assédio moral e aos crescentes casos de adoecimentos, tanto físicos quanto psíquicos, na categoria bancária. Queremos acabar com as metas abusivas e com o assédio moral e estabelecer relações de trabalho mais humanas. Em relação à reabilitação profissional, o Bradesco discrimina os bancários que retornam da licença-médica, muitas vezes colocando em atividades totalmente alheias à sua função ou até mesmo em isolamento. Os bancários querem que o banco construa um programa próprio de reabilitação com base no que já existe na Convenção Coletiva, pondo fim a todas essas distorções.
Parcelamento do adiantamento das férias – Essa é uma cláusula nova que os bancários estão trazendo para a sua pauta de reivindicações. O que se quer é o parcelamento do adiantamento das férias em até 10 vezes mensais, de forma facultativa, sem acréscimo de juros ou encargos. Isso evitaria que os bancários recorressem a empréstimos para se recompor financeiramente quando retornam de férias. A reivindicação pode ser perfeitamente atendida, pois os demais bancos, inclusive da rede privada, já concedem esse benefício aos seus trabalhadores.
Auxílio-educação – Entre os principais bancos que atuam no país, o Bradesco continua sendo o único sem nenhum incentivo educacional para o funcionalismo, apesar de exigir que os trabalhadores tenham cada vez mais qualificação. É inconcebível um banco que apresenta lucro líquido de quase R$ 3 bilhões no primeiro trimestre do ano, com a maior rentabilidade dentre todos os bancos das Américas e da Europa segundo a consultoria Economática, não ter uma política de auxílio-educação. O banco argumenta que já investe na qualificação por meio do Treinet. Mas ele é voltado somente aos interesses do banco e não supre a necessidade de uma formação de nível superior. Afinal, em sua propaganda o Bradesco usa muito a Fundação Bradesco para tentar demonstrar seu compromisso com a educação. Mas ele não faz esse investimento em seus próprios funcionários.