Direção do BB edita boletim que insulta a inteligência dos bancários

Os funcionários do
Banco do Brasil estão revoltados com o novo “informativo”
da direção da empresa, publicado nesta terça-feira, dia 16,
falando das “maravilhas” do novo plano de funções
implantado unilateralmente no final de janeiro. Para os bancários, o
comunicado do banco é uma provocação e ignora os problemas do novo
plano, que reduziu salários nas funções de 6 horas e as
gratificações de função de todos os comissionados.

“A
direção do BB parece que vive num universo paralelo e não conhece
a realidade sofrível que seus funcionários estão vivendo por conta
do novo plano de funções comissionadas e outros problemas gerados
pela empresa”, comenta o secretário-geral do Sindicato, Fabiano
Félix. “Este comunicado do banco é uma provocação barata, que
só reforça a necessidade dos bancários construírem uma grande
greve de 24 horas no dia 30 de abril. Vamos mostrar para o banco que
não estamos nada contentes com as atitudes da direção, que ainda
por cima se recusa a negociar com os sindicatos os problemas dos
bancários”, destaca Fabiano.

O novo boletim do BB explica
que “o assunto diz respeito à sua carreira. Procure, no Banco, as
informações oficiais sobre o tema, discuta com seus pares e reflita
sobre as opções e oportunidades para o seu futuro na Empresa”.

“É
interessante. Os bancários arrancaram na luta, em mais de cem dias
de greve na última década, 36% de aumento real no piso e 16% de
aumento real nas gratificações de função, além da nova carreira
de mérito. Será que os funcionários devem procurar mesmo o banco
como diz a direção?”, questiona William Mendes, diretor da
Contraf-CUT e coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários
do BB.

Ele afirma que, após a publicação da revista
nacional O Espelho, os bancários passaram a entender melhor o quanto
as mudanças do novo plano de funções são perversas e atacam os
direitos conquistados nas campanhas salariais unificadas. “A
direção do banco tenta enganar os seus funcionários com esses
boletins e informativos que ficam o tempo inteiro nas telas de
trabalho”, critica William.

Plano é para reduzir
direitos –
A direção do BB confessa no boletim que o plano
reduz as gratificações de função e faz com que todos os
comissionados tenham complementos de função. Antes os bancários
com verbas pessoais maiores ou em funções comissionadas de VRs
baixos não tinham complemento algum (antes CTVF e agora CFC ou CFG).
Pelo contrário, cerca de 30 mil comissionados ganhavam mais que o
VR.

O banco confessa a malandragem do plano quando diz em
boletim: “As verbas pessoais são irredutíveis e refletem os
ganhos que cada funcionário adquiriu durante sua vida funcional. A
parte da função, por sua vez, é sempre definida pela
Empresa”.

“Aqui a direção ameaça dizendo que mexe
no salário a hora que quiser, inclusive reduzindo ou não corrigindo
mais as verbas. Fizeram isso entre 1997 e 2002, antes da campanha
unificada. A direção não corrigia verba alguma pelos reajustes
salariais e os comissionados tinham reajuste zero quando corrigia o
piso. Agora, montaram um plano com a mesma ideia: qualquer aumento no
piso ou direito novo, como letra de mérito, reduz o complemento
(CFC, CFG ou Ajuste Plano de Função). Este é um ataque nefasto
dessa direção”, denuncia William.

Ainda no boletim o
banco acrescenta uma frase que denuncia o quanto se incomodava com o
que a direção chama de “barrigudos” – os bancários que
ganhavam mais que o VR por acumular direitos legitimamente
conquistados ao longo da vida funcional. O BB quer reduzir custos do
banco às custas de cortar a folha de pagamento e os direitos
auferidos na luta pelos bancários.

Os “danos”
causados aos custos de pessoal do banco seriam as conquistas de
seguidos aumentos reais na última década. O boletim da direção
diz:”Entretanto, existem alguns funcionários que têm
remuneração maior que o VR, resultado de ganhos pessoais e
reajustes diferenciados no piso salarial.”

O que a
direção chama de “alguns” até janeiro de 2013 era cerca
de 30 mil comissionados, ou seja, a metade do quadro comissionado,
porque com as lutas e conquistas das campanhas unificadas, todos os
assistentes, todos os funcionários em funções com remunerações
médias e que já detinham certo tempo de banco, anuênios, carreira
de mérito e VCPIs ganhavam mais que o VR, que era
piso.

Irregularidade – A direção do BB quer cometer
agora mais uma irregularidade com o novo plano de funções. O banco
migrou, sob ameaça de descomissionamento, milhares de funcionários
de “confiança” entre 27 e 28 de janeiro para novas funções
com a gratificação de função menor.

As verbas que
remuneravam as gratificações de função no banco eram o somatório
de ABF+ATFC+25% de gratificação semestral. O BB reduziu todas as
gratificações. Um gerente de relacionamento com VR = R$ 5.972,40,
por exemplo, ganhava R$ 2.825,35 de gratificação de função. Após
a mudança unilateral do banco, passou a ganhar R$ 2.239,64 fazendo
exatamente a mesma coisa.

Agora a direção diz no boletim: “A
mesma lógica foi aplicada à Gratificação Semestral, que foi
incorporada em todas as verbas sobre as quais já incidia, sem
quaisquer prejuízos aos funcionários.”

O BB sempre
pagou a gratificação semestral de 25% sobre as verbas ABF e ATFC e
ao mudar a composição da gratificação, alterando o nome da verba
e a reduzindo, está descumprindo a cláusula 23 do Acordo Coletivo
de Trabalho (ACT). Lá está garantido que “a verba Gratificação
Semestral será incorporada a todas as verbas sobre as quais tenha
incidência na data de início de vigência do presente instrumento
(1º setembro 2012), conforme relação anexada a este instrumento
(lá constam ABF e ATFC)”.

O banco está reduzindo o
direito e a gratificação dos comissionados de forma irregular. No
exemplo citado do gerente de relacionamento cuja gratificação de
função era de R$ 2.825,35 (composta por ABF + ATFC + 25% GS), ele
irá reduzir em R$ 585,71 a mesma gratificação de função se levar
adiante sua “lógica” de incorporar a gratificação
semestral de 25% sobre a verba alterada para menor.

Mobilização
e greve para barrar prejuízos –
Os funcionários não têm outra
alternativa que não seja lutar e fazer o governo federal e a direção
do banco voltarem atrás na tentativa de reduzir custos do BB às
custas dos direitos dos bancários, direitos conquistados com muita
luta e muita greve.

“Convocamos todos os bancários do BB em
Pernambuco para assembleia no dia 25, às 19h, na sede do Sindicato.
Lá, vamos deflagrar oficialmente a greve de 24 horas no dia 30, que
precisa ser muito forte para mudarmos a política de RH do Banco do
Brasil. Além do ataque que sofremos em nossos direitos com este novo
plano de funções, há muito assédio moral e descomissionamentos
por não cumprimento de metas absurdas no banco. Faltam condições
de trabalho e funcionários para atender a demanda dos clientes. Só
com mobilização vamos quebrar a intransigência desta diretoria”,
conclui Fabiano.

Expediente:
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