O Sindicato dos
Bancários de Pernambuco acaba de reintegrar, judicialmente, mais
três trabalhadores do Santander, dois dos quais demitidos na leva da
dispensa em massa ocorrida em dezembro do ano passado, todos oriundos
do antigo Bandepe. Os funcionários são portadores de LER/DORT
(Lesão por Esforço Repetitivo – Doença Ocupacional Relacionada ao
Trabalho), desconsiderada pelo banco na hora de demissão. Outras
duas reintegrações devem acontecer até o início da próxima
semana, segundo Wellington Trindade, secretário de Saúde do
Sindicato.
Somadas as reintegrações a se efetivarem, já
ultrapassa a casa de 30 o número de bancários demitidos sem justa
causa pelo banco espanhol que tiveram seu direito ao emprego de
volta. É mais de 50% das cerca de 54 dispensas que passaram pelo
Departamento Jurídico do Sindicato na ocasião. Em todas elas, a
exemplo dos três processos consolidados esta semana, o Sindicato se
recusou a fazer a homologação, emitiu a CAT (Comunicação de
Acidente de Trabalho) e orientou os trabalhadores a buscarem seus
direitos, via Justiça.
>> Leia mais sobre as reintegrações no Santander
Francisco Odilon, da Agência
Araripina, estava afastado pelo INSS, quando foi demitido em 5 de
dezembro. Contava 27 anos e seis meses de banco. Portador de lesões
nos ombros e cotovelos, ainda assim foi considerado apto à demissão
pelo Departamento Médico do Santander. “Vinha fazendo tratamento
há muito tempo. Foi meu primeiro afastamento. A demissão veio um
dia após eu ter sido enquadrado em benefício pelo INSS”, conta o
bancário. Ele ainda se encontra em benefício e retorna ao trabalho,
efetivamente, dia 2 de maio. A reintegração foi obtida através do
advogado Valder Rubem, que não integra a Assessoria Jurídica do
Sindicato.
Já Fernando Márcio Campos de Azevedo foi
reintegrado à Agência Rua da Imperatriz, na terça-feira, 9, por
antecipação de tutela. No final de 2009 e início de 2010, ele
esteve afastado do trabalho para tratar lesões no punho, cotovelo,
ombro e na lombar. A despeito disso, o último exame periódico a que
se submeteu pelo Santander, constatou aptidão ao exercício
funcional. Dois meses depois, em 3 de outubro de 2012, o coordenador
de Atendimento foi demitido, após 31 anos e três meses de serviços
prestados.
“Eu continuava a sentir dores, tomava medicação,
mas sabe como é… Na verdade, é difícil conciliar a rotina de
trabalho no banco com o tratamento, então a gente vai adiando,
deixando pra depois”, confessa. Em benefício pelo INSS até 19 de
abril, ele pretende requerer a extensão do afastamento, pois ainda
não se sente recuperado.
Caso semelhante é a do bancário
Aloízio Feijó, reintegrado à Agência de Prazeres na quinta-feira,
5. Ele também tinha histórico de dores nos membros superiores,
incluindo a coluna cervical, desde 2007. Gerente de Atendimento, “ou
faz tudo” – segundo ele, estava em tratamento desde então; tomava
medicação, fazia fisioterapia, mas não quis se afastar do
trabalho, apesar da recomendação médica. “A gente não tem o
direito de adoecer. Vê o que acontece com os colegas que se
afastam… Optei pelo paliativo. Fui demitido do mesmo jeito. Graças
a Deus não perdi o direito ao Plano de Saúde, senão teria sido
muito mais difícil”, reconhece.
A demissão de Feijó
ocorreu em 16 de junho de 2011, depois de 29 anos de banco. A perícia
do INSS o colocou em benefício até janeiro de 2012, ainda com a
saúde debilitada e os movimentos comprometidos. Entrou na Justiça,
e só agora, em 2 de abril obteve liminar, através do escritório
Advogs, que assessora a Asbepe, via advogado Antônio Carlos que
também cuida do processo de Fernando Azevedo. A data do retorno
efetivo ao trabalho ainda é uma incógnita, mas o protocolo da
reintegração ao banco assegura seus direitos.