Um acervo de 40 entrevistas com personalidades pernambucanas que sofreram algum tipo de perseguição por parte do sistema repressivo da ditadura militar estará em breve disponível para consulta pública. São quase 78 horas de depoimentos gravados e transcritos, uma iniciativa da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça através do projeto Marcas da Memória. Quase 30 desses depoentes, entre ex-presos políticos e envolvidos com o movimento à época de combate ao regime, estarão reunidos hoje, às 14h, no lançamento do livro “Marcas da memória: história oral da Anistia no Brasil”, no Centro de Filosofia e Ciências Humanas da UFPE.
Coordenador desse projeto, o professor da UFPE Antônio Montenegro explica que foi mais de um ano de envolvimento com o tema para chegar ao resultado, que é a formulação de documentos que vão servir ao resgate da memória daquele período da história recente brasileira. “O relato oral traz um nível de experiência que muitas vezes não está escrito nem relatado. Um nível de vivências que outras fontes de informação não propiciam. Ao mesmo tempo é uma oportunidade de organizar a própria história de vida ao narrá-la. Ao ser transcrita, transforma-se em um importante documento”, disse o professor.
Entre os depoentes, Abelardo da Hora, Alanir Cardoso, Luciano Siqueira, Chico de Assis, Jomard Muniz de Brito e Teresa Costa Rêgo. Os depoimentos foram colhidos através do laboratório de história oral e imagem da UFPE, com o apoio de uma equipe de oito estudantes. “Procuramos escolher os nomes a serem entrevistados de forma a contemplar as diversas tendências e movimentos políticos da época. Para com isso ter uma maior diversidade e representatividade”, frisou Montenegro.