Milton Nascimento celebra carreira e parcerias com show em Pernambuco

Cantar junto com o artista músicas que fazem parte da memória afetiva é uma das magias que um show ao vivo pode proporcionar ao público. E é assim que o cantor e compositor Milton Nascimento pretende que a apresentação da turnê “Travessia”  – que, entre outros aniversários, comemora os 50 anos de carreira do artista – ocorra em Pernambuco, nesta sexta-feira (5), no Teatro Guararapes, em Olinda: com a celebração dos fãs.

“Como se trata de um show que comemora 50 anos de carreira, 45 [anos] de ‘Travessia’ e 40 [anos] de Clube da Esquina, eu não poderia deixar de colocar meus grandes sucessos. E não adianta, pois é isso mesmo que as pessoas esperam quando vão a um concerto de celebração, ainda mais quando tenho convidados de longa data como Wagner Tiso e Lô Borges junto comigo no palco”, explicou Milton, em entrevista ao G1.

As parcerias são tão importantes para o cantor, também conhecido por Bituca, que até mesmo a música que o consagrou ao estrelato na edição de 1967 do Festival Internacional da Canção, e que hoje nomeia a turnê, não existiria sem a ajuda primordial dos amigos. O cantor explica a história de “Travessia”: “Entre 1965 e 1967, eu morei em São Paulo, e numa só noite, pouco antes do Festival Internacional da Canção de 1967, eu fiz três músicas, ‘Morro Velho’, ‘Pai Grande’ e ‘Travessia’, sendo que as duas primeiras eu fiz letra e música. Mas quando terminei ‘Travessia’, logo percebi que a letra não era para mim nem para o Márcio Borges, que era o meu parceiro mais frequente naquela época. E eu tinha acabado de conhecer o Fernando Brant, então me lembrei dele e peguei um ônibus para encontrá-lo em Belo Horizonte. Deixei com ele uma fita, e ele insistiu dizendo que não queria fazer porque nunca tinha ‘mexido com esse negócio de música’. Mas eu deixei a fita mesmo assim e, um tempo depois, quando retornei a BH, ele estava com ‘Travessia’ prontinha. Daí começou tudo”.

Dentro do show que acontecerá no Teatro Guararapes, Milton dará oportunidade aos companheiros Lô Borges e Wagner Tiso também brilharem na noite, com apresentações solo. “A ideia de fazer esse show surgiu ano passado, durante a gravação do DVD, no Vivo Rio, e a coisa funcionou tão bem que decidimos rodar o Brasil inteiro com esse concerto em 2013. Eles têm total liberdade para escolher o que querem tocar, mas é claro que o repertório tem sempre a ver com a história de nós três. Estamos juntos há muitos anos na estrada, e tê-los agora comigo nessa turnê está sendo uma emoção incrível”, comentou.

O artista recorda especialmente do início da parceria com Wagner Tiso, ainda em Minas Gerais. “Quando comecei a tocar na noite, aos 13 anos de idade, junto com Wagner Tiso, éramos tão jovens que tínhamos que nos esconder na cozinha dos lugares que a gente tocava para fugir dos agentes do Juizado de Menores. Me lembro também até hoje dos bailes que a gente fazia na época, as viagens pelo sul de Minas, enfim, essas coisas foram de muita importância na minha carreira”, lembrou.

Milton Nascimento e Naná Vasconcelos na abertura do carnaval do Recife (Foto: Luka Santos/G1)
Milton Nascimento e Naná Vasconcelos no Recife, durante a abertura do Carnaval 2013.
(Foto: Luka Santos/G1)

“Gosto de pensar na minha vida como um todo: os amigos, os lugares que passamos e, principalmente, o prazer de viver da música.” E, na lista de lembranças de Milton Nascimento, ele afirma sua estreita relação com o pernambucano e percussionista Naná Vasconcelos, parceiro de longas datas.

“Ainda ontem eu estava dizendo para um jornalista que o Recife sempre esteve presente na minha vida, não apenas a cidade em si, mas também por causa de amigos como Naná, que eu conheço desde o começo dos anos 1970, quando ele apareceu na minha casa e disse: ‘Eu vim do Recife só pra tocar com você’. E eu estava passando as músicas pra um disco que ia gravar, então ele pegou umas panelas e começou a me acompanhar. Todo mundo ficou maluco com o som que ele fazia, daí ele entrou comigo no estúdio e foi incrível. E até hoje nós nunca mais nos separamos”, relembra Milton, que no início deste ano esteve no Recife para se apresentar junto com o percussionista, durante a abertura do carnaval da cidade. “Pernambuco é um dos meus estados favoritos, e quando eu fico muito tempo sem aparecer por aí começo a sentir muita falta do carinho das pessoas”, finalizou.

Serviço
Milton Nascimento – Clássicos da MPB
Sexta-feira (5), às 21h, no Teatro Guararapes
Centro de Convenções de Pernambuco – Avenida Professor Andrade Bezerra – Olinda – PE
Ingressos: Lojas Passadisco, VR, e também pela internet
Classificação: 14 anos

Expediente:
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