Bancários comprovam no MPT demissões em massa no Santander

Caiu a máscara das
demissões do Santander em 2012. Na quarta audiência de mediação
com o banco espanhol, realizada na tarde desta quarta-feira (23) no
Ministério Público do Trabalho (MPT), em Brasília, a Contraf-CUT
apresentou estudo do Dieese que comprova a ocorrência de demissões
em massa em dezembro de 2012. Enquanto a média de dispensas sem
justa causa era de 182 entre janeiro e novembro, o banco despediu
1.153 no último mês do ano passado, quase seis vezes mais,
significando um crescimento de 533,5%.

Para a presidenta do
Sindicato, Jaqueline Mello, nada justifica as demissões em massa
iniciadas em dezembro pelo Santander. “O Brasil é o país mais
lucrativo para o banco espanhol e não podemos admitir que a empresa
venha aqui só para explorar os brasileiros sem nenhuma
responsabilidade social. Vamos intensificar a campanha pela Convenção
158 da OIT (Organização Internacional do Trabalho), que proíbe as
demissões imotivadas em empresas lucrativas, como é o caso dos
bancos”, destaca Jaqueline.

A análise do Dieese, feita com
base nos novos dados fornecidos pelo banco na última segunda-feira
(21) após determinação da procuradora do MPT, Ana Cristina Tostes
Ribeiro, revela também que as dispensas imotivadas em dezembro
dispararam em relação a novembro, quando o banco mandou embora 256
empregados, o que representou um crescimento de 350,4%.

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Clique aqui para
acessar a íntegra do estudo do Dieese


Confira o
número de demissões sem justa em 2012:

– janeiro: 198

fevereiro: 170
– março: 218
– abril: 179
– maio: 234

junho: 176
– julho: 157
– agosto: 126
– setembro: 147

outubro: 139
– novembro: 256
– dezembro: 1.153
– total:
3.153

A procuradora do MPT questionou o Santander se os dados
estavam corretos. Os advogados do banco consultaram suas tabelas e os
números foram conferidos mês a mês. Foi registrado em ata que “o
banco confirmou os desligamentos sem justa causa (janeiro a
dezembro/12) apresentados no estudo do Dieese”.

“Lamentável
é que o banco escondeu esses números até agora, negando o direito
à informação e mostrando falta de transparência, mas graças à
atuação do MPT finalmente foi possível comprovar a dispensa
coletiva na véspera do Natal, que só não foi maior por causa das
denúncias, dos protestos e das manifestações dos sindicatos em
todo país”, ressalta o secretário de imprensa da Contraf-CUT,
Ademir Wiederkehr.

O estudo do Dieese apresenta ainda os
números por tipos de desligamentos (demissão sem justa causa,
demissão por justa causa, aposentadoria, falecimento e término de
contrato). Estão excluídas as transferências entre agências, que
estavam incluídas nos primeiros dados fornecidos pelo banco, razão
pela qual os números do estudo anterior do Dieese foram diferentes
dos atuais.

Corte de 975 empregos em dezembro – O
levantamento do Dieese revela o total de admitidos e desligados em
2012, com o saldo de empregos mês a mês. O destaque é dezembro,
quando o banco desligou 1.302 empregos e admitiu 327, o que
representa um corte de 975 postos de trabalho. 

Em
novembro, o banco já havia fechado 150 vagas. Em todo ano, o saldo
foi negativo, com a extinção de 183 empregos. “O Santander faz
propaganda milionária, dizendo que está investindo forte no Brasil,
mas não explica aonde. O certo é que não investe no emprego, pois
eliminou postos de trabalho”, critica o secretário de
Organização do Ramo Financeiro da Contraf-CUT, Miguel
Pereira.

Rotatividade do Santander foi de 11% em 2012 – Com
os novos dados, o Dieese calculou a taxa de rotatividade (excluídas
as transferências) do Santander, ficando em 11% entre janeiro e
dezembro de 2012, com base no Caged. Trata-se do mesmo número
informado recentemente pelo banco em notícia da Folha de S.Paulo. Já
a rotatividade do setor bancário de janeiro a novembro do ano
passado foi de 7,6%, conforme o Caged.

A taxa de rotatividade
descontada (que exclui transferências, demissões a pedido,
desligamentos por morte e aposentadorias) atingiu 6,8% no Santander,
ficando acima do índice de 4,4% dos trabalhadores do setor bancário
que foram substituídos em 2012.

Por ambos os métodos, a
rotatividade no Santander é superior à média do setor
bancário.

Proteção ao emprego – Ao final da
audiência, a Contraf-CUT e os sindicatos reiteraram que diante do
estudo do Dieese, do número apurado de demissões sem justa causa em
dezembro, do corte de empregos em 2012 e da rotatividade acima do
setor bancário ficou caracterizada a despedida em massa de
trabalhadores no banco. Foi registrado em ata que “é necessário
negociar formas de proteção ao emprego”.

O MPT deverá
se manifestar após a próxima terça-feira (29). “Concluímos o
processo de mediação no MPT, garantindo acesso à lista de
desligados em dezembro e obtendo pela primeira vez dados do Caged de
um banco privado, possibilitando que o Dieese apurasse as demissões
mês a mês e calculasse a taxa de rotatividade do banco”,
avalia Miguel.

“Vamos aguardar o posicionamento do MPT
sobre esse processo de demissões no Santander, sendo que para nós
ficou comprovada a prática de dispensa coletiva em dezembro e de
rotatividade acima da média do setor bancário”, salienta
Ademir.

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