A 3ª Conferência
Regional da UNI Américas – Rompendo Barreiras, que está sendo
realizada em Montevidéu, aprovou nesta quinta-feira, dia 6, uma
série de moções referentes a um dos grandes eixos de sua
estratégia, que é a organização de redes sindicais nas empresas
multinacionais.
O Sindicato dos Bancários de Pernambuco
participa do evento representado pela presidenta Jaqueline Mello. Ao
todo, os bancários brasileiros participam do encontro, por meio da
Contraf-CUT, com 27 representantes. A Conferência termina nesta
sexta-feira, dia 7, e reúne 392 delegados, observadores e convidados
de 33 países das três Américas e do Caribe.
“A UNI é um
central sindical mundial que representa mais de 20 milhões de
trabalhadores em todo o planeta. O Sindicato faz parte da UNI, por
meio da Contraf. Já a UNI Américas é o braço continental da UNI”,
explica Jaqueline. Ela lembra que a Conferencia da UNI Américas foi
precedida de conferências por setores de atividade organizados na
UNI Américas, entre eles o de Finanças e de Mulheres.
>> Veja como foi o primeiro dia da Conferência
Construindo uma nova América – Na abertura
do segundo dia da conferência, em que a Contraf-CUT participou da
mesa por intermédio do secretário de Relações Internacionais
Mário Raia, o secretário-geral da UNI Mundial, Philip Jenning,
saudou a presença do presidente uruguaio José “Pepe”
Mujica no encontro, no dia anterior, para afirmar que os
trabalhadores da América Latina estão vivendo uma nova realidade.
“As políticas neoliberais do FMI e do Consenso de Washington
nasceram aqui e foram enterradas aqui. Hoje celebramos uma nova
América por que vocês estão construindo uma nova América”,
disse o presidente da UNI Mundial.
“Na Europa, estamos
ameaçados pela austeridade por causa da irresponsabilidade do
capital financeiro. Temos a troika, um demônio de três cabeças,
demonizando os sindicatos, retirando direitos dos trabalhadores e
provocando miséria”, acrescentou Jenning, resssalvando que os
sindicatos estão respondendo, com greves gerais, lutando por uma
mudança de rumo.
“Hoje as Américas são o lugar de onde o
mundo espera soluções, oxigênio, pela experiência de ter rompido
com o neoliberalismo”, elogiou o dirigente sindical nascido no País
de Gales, referindo-se às políticas governamentais de forte caráter
social em inúmeros países latino-americanos e à atuação forte do
movimento sindical, que tem resultado em ganhos salariais para os
trabalhadores.
O presidente da UNI Mundial, no entanto,
advertiu que “o trabalho não está terminado” e que há
ainda no continente uma grande desigualdade econômica e social a ser
superada. Nesse trabalho, afirmou, os sindicatos têm um papel
fundamental a desempenhar. Ele acredita que os acordos marcos globais
são o principal instrumento para esse avanço. “Hoje temos 47
acordos globais que estão funcionando e chegaremos a 100 quando
fizermos o Congresso na Cidade do Cabo, em 2014”, aposta Philip
Jenning.
Sindicatos fortes – Durante o resto do dia, os
delegados discutiram o tema Batendo tambores por sindicatos fortes
nas empresas multinacionais, que focalizou as campanhas por direitos
de sindicalização nas empresas regionais e globais, como também as
campanhas por acordos marcos globais.
O secretário de
Relações Internacionais da Contraf-CUT, Mário Raia, leu duas
moções ao plenário, uma com o mesmo título do tema em discussão,
redigida pelo comitê executivo regional UNI Américas, e outra sobre
a construção de conselhos de enlaces fortes, apresentada pelo
Conselho de Enlace do Brasil. Ambas foram aprovadas por
unanimidade.
Sobre a primeira moção, Batendo o tambor por
sindicatos fortes em companhias multinacionais, Raia afirmou que essa
tarefa “é a obra central de nossa federação global e
representa o principal objetivo que adotamos quando a UNI foi criada,
há 12 anos”.
A moção estabelece um plano de ação
para organizar os trabalhadores das multinacionais nos próximos
quatro anos. “Ela enfoca a criação ou alianças regionais
baseadas em multinacionais e redes de apoio que visam construir força
sindical nessas empresas, buscando acordos de estruturação
regionais”, visando garantir o mesmo padrão de vida dos
trabalhadores nos vários países, acrescentou Raia.
Construindo
Conselhos de Enlaces Fortes – A segunda moção apresentada pelo
secretário de Relações Internacionais da Contraf-CUT relata a
experiência do Conselho de Enlace do Brasil, que reúne dirigentes
sindicais de dez empresas multinacionais. “Fazemos um apelo à
UNI Américas para incentivar a criação de novos conselhos de
enlace e fortalecer os comitês existentes, tanto para elevar o nível
de organização existentes quanto para promover a colaboração
entre as afiliadas em suas campanhas com empresas multinacionais”,
afirmou o dirigente sindical brasileiro.
“Além disso, a
moção propõe que os conselhos de enlace estabeleçam bases de
dados para rastrear as políticas de relações de trabalho e as
condições em empresas multinacionais para auxiliar a organização
de campanhas”, concluiu Mário Raia.
Redes sindicais
nas multinacionais – O secretário de Organização da
Contraf-CUT, Miguel Pereira, fez ao plenário da 3ª Conferência
Regional da UNI Américas um relato sobre a organização das redes
sindicais em empresas multinacionais, especialmente no setor
financeiro (BB, Itaú, Santander, HSBC, BBVA e Scotland Bank).
“As
diversas jornadas de luta implementadas nos diversos países
apresentaram para os bancários a importância estratégica da
unidade da ação sindical articulada e global. O passo mais
significativo que já demos foi a assinatura do acordo marco global
com o Banco do Brasil, que nos abre a possibilidade de organizarmos
sindicatos de bancários nos Estados Unidos, país que reúne cerca
de um terços dos trabalhadores do sistema financeiro mundial mas que
não possuem organização sindical”, afirmou Miguel
Pereira.
Práticas antissindicais – A Conferência
dedicou um grande espaço para mostrar e discutir as experiências de
luta e organização dos trabalhadores em empresas multinacionais que
adotam política francamente antissindical, como por exemplo do
Wallmart, a maior empresa de varejo do mundo, e da Prosegur, a
companhia de segurança privada que tem 55 mil funcionários no
Brasil, operando inclusive nos bancos.
Foi apresentado um
vídeo sobre a primeira greve de trabalhadores da história do
Wallmart, realizada no Black Friday do último 23 de novembro, em Los
Angeles, nos Estados Unidos. Funcionários da rede de supermercados
dos EUA que participaram da organização da greve, do Brasil, da
Argentina, da Colômbia e do Chile estiveram na conferência e
relataram as terríveis condições de trabalho e a prática
antissindical do Wallmart.
O vídeo e os trabalhadores da
empresa norte-americana contaram como resistem aos ataques patronais
e como estão se organizando. Criaram uma Aliança Sindical Global e
marcaram para o dia 14 de dezembro um dia mundial de protestos contra
o Wallmart. “Vai acabar a ditadura de Walmart, fruto de
capitalismo selvagem e avaro, símbolo do que provocou a crise
mundial. Eles terão que negociar”, desafia a secretária-geral
da UNI Finanças, Adriana Rosenzvaig.
O presidente da
brasileira Confederação Nacional dos Vigilantes (CNTV), José
Boaventura Santos, também relatou a experiência da luta dos
trabalhadores da Prosegur, empresa multinacional de segurança que
“paga salários aviltantes, impõe jornadas excessivas e não
respeita os trabalhadores”. A companhia demitiu 300
trabalhadores no Paraguai este ano porque reivindicavam melhores
salários e condições de trabalho.
“Nosso objetivo é
construir aliança forte para lutar por condições dignas de
trabalho, defender o emprego e salário, e continuar vivo”,
acrescenta Boaventura, referindo-se ao fato de que a empresa em
muitos lugares coloca a vida de seus funcionários em
risco.
Homenagem aos presos políticos – O segundo dia
da Conferência foi encerrado com uma homenagem da UNI Américas aos
presos, torturados e assassinados pelas ditaduras militares na
América Latina. A 3ª Conferência Regional da UNI Américas será
encerrada nesta sexta-feira com discussão sobre o crescimento e
fortalecimento do movimento sindical, as negociações coletivas e o
desenvolvimento sustentável.