Estudo do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) baseado nos
dados do mercado de trabalho brasileiro divulgado pelo IBGE, referente
ao 3º trimestre do ano, indicou que houve um bom desempenho no período,
com redução na taxa de informalidade, aumentos na taxa de atividade e
nos rendimentos e diminuição na taxa de desocupação.
“Pode-se destacar o valor do rendimento médio dos trabalhadores, que
apresentou crescimento expressivo no trimestre em questão, em particular
em setembro de 2012, ficando bem próximo do máximo registrado na série.
Além disso, as taxas de desemprego e de informalidade permaneceram em
patamares mais baixos do que os registrados para o mesmo período em anos
anteriores”, avaliou o Ipea com os dados do IBGE (Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística).
O Ipea observou no entanto que o comportamento da taxa de desemprego
contrasta com a evolução dos indicadores de produção, que aponta
claramente para uma perda de dinamismo da economia, sobretudo no setor
industrial.
“Por outro lado, a julgar pela evolução recente da massa salarial é
possível que o mercado interno colabore para a manutenção do bom
desempenho do mercado de trabalho”, disse o órgão.
De acordo com o Ipea, o dado negativo do mercado de trabalho no país
ficou por conta da geração de novos postos de trabalho, “já que foram
gerados 550 mil postos a menos no acumulado entre janeiro e setembro de
2012, em comparação com o mesmo período em 2011, segundo o Caged
(Cadastro Geral de Empregados e Desempregados)”.
PÚBLICO X PRIVADO – No mesmo estudo, o Ipea analisou também a contribuição dos rendimentos
do funcionalismo público na desigualdade da distribuição de renda no
Brasil, utilizando a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios)
para os anos de 1995 a 2011.
“Tal como ocorre em outros países, no Brasil os empregados do setor
público tendem a receber rendimentos superiores aos dos empregados do
setor privado”, afirmou.
De acordo com o estudo, essa diferença está relacionada a dois fatores. O
primeiro é um efeito-composição, que ocorre porque a força de trabalho
do setor público é composta por trabalhadores de maior nível
educacional. O segundo é um efeito-segmentação, cuja implicação para a
determinação dos preços do trabalho se manifesta na existência de um
diferencial salarial, na média favorável aos trabalhadores públicos,
mesmo quando comparados a trabalhadores privados com características
similares às suas, informou.
Segundo o Ipea, enquanto a distribuição observada dos rendimentos dos
trabalhadores formais do setor privado contribuiria com algo em torno de
37% da desigualdade da renda do trabalho, os rendimentos dos empregados
do setor público, já descontado o diferencial estimado, contribuiria
com 14%.