A Contraf-CUT avalia que a interrupção da redução da taxa básica de
juros (Selic), mantida em 7,25% ao ano na última reunião do Copom deste
ano, ocorrida nesta quarta-feira (28), é um equívoco, na medida em que
ainda há espaço para a queda dos juros na economia brasileira.
Apesar dos cortes anteriores da Selic, os bancos continuam com juros e
spreads entre os mais altos do mundo, travando e impedindo que a redução
chegue de fato na ponta para as pessoas físicas e jurídicas.
“Os bancos continuam usando truques contábeis para manter os juros e
spreads altos, o que inviabiliza o aumento da oferta de crédito,
indispensável para fomentar o crescimento econômico do país. Sobretudo
os bancos privados continuam ganhando muito e emprestando pouco. É
preciso inverter essa lógica”, avalia Carlos Cordeiro, presidente da
Contraf-CUT. “Por isso, precisamos de uma política sólida que reduza os
juros de forma consistente.”
Estudo divulgado nesta quarta pelo IBGE indica que o Brasil continua
sendo um dos países mais desiguais do mundo, apesar da diminuiçao da
pobreza nos últimos 30 anos. “Os bancos, ao manterem os juros elevados,
acabam retirando recursos de investimento em políticas públicas,
essenciais para transformar crescimento econômico em desenvolvimento com
distribuição de renda, como exige a sociedade brasileira”, critica
Cordeiro.
“Os bancos, como concessões públicas, precisam assumir o papel de
contribuir com o desenvolvimento econômico e social do país. E não há
dúvidas de que juros mais baixos são fundamentais para ampliar o
crédito, incentivar a produção e o consumo, gerar mais empregos,
distribuir renda, combater a miséria e garantir inclusão social”,
salienta o dirigente da Contraf-CUT.
“Além disso, está na hora de o Banco Central definir, além das metas de
inflação, metas sociais, como o aumento do emprego e da renda dos
trabalhadores e a redução das desigualdades sociais do país”, aponta
Cordeiro.
Os seis maiores bancos no país (BB, Itaú, Bradesco, Caixa, Santander e
HSBC) apresentaram lucro líquido somado de R$ 25,2 bilhões no primeiro
semestre de 2012 e provisionaram R$ 39,15 bilhões para os devedores com
atraso superior a 90 dias. O aumento desse provisionamento variou de
22,2% (Caixa) a 63,43% no HSBC, para um crescimento da inadimplência no
período de apenas 0,7 ponto percentual, segundo dados do BC.
“O spread estratosférico tem sido responsável por boa parte dos lucros
dos bancos, que estão sendo maquiados e escondidos nos balanços por
intermédio do truque do superdimensionamento das provisões para
devedores duvidosos”, ressalta o presidente da Contraf-CUT.