Greve geral na Argentina tem participação de 95% dos bancários

Cerca de 95% dos bancários participaram da greve geral de terça-feira 20
na Argentina, que parou o país de norte a sul. O informe sobre o
movimento e a participação dos bancários foi transmitido por dirigentes
da Asociación Bancaria, o sindicato nacional da categoria no país
vizinho conhecido como
La Bancaria, durante a reunião do Comitê Executivo da UNI Finanças, realizada nesta quarta-feira 21 na sede da Contraf-CUT, em São Paulo.

Convocada pela Central Geral dos Trabalhadores (CGT) da Argentina, a
paralisação nacional foi em defesa de uma série de bandeiras dos
trabalhadores, entre elas o fim dos impostos sobre os salários, o
cumprimento da legislação trabalhista que impede terceirizações (que os
empresários querem mudar) e reajuste no valor dos benefícios da
aposentadoria.

“No caso específico dos bancários, também fomos à greve contra projeto
de lei apresentado no Senado para atender interesse dos bancos de
ampliar o horário de abertura das agências, o que significa aumentar a
jornada de trabalho dos trabalhadores”, diz Eduardo Luis Negro,
pró-secretário de Ação Social e Esportes do Secretariado Geral Nacional
de
La Bancaria.

Negro e Guillermo Maffeo, secretário de Ação Sindical da Seccional de
Buenos Aires de La Bancaria, participaram na sede Contraf-CUT, junto com
dirigentes sindicais de outros países latino-americanos, da reunião
preparatória da Conferência Regional da UNI Américas, que será realizada
de 5 a 7 de dezembro, em Montevidéu, da qual os bancários brasileiros
também participarão.


‘Greve foi por direitos, não contra o governo’

Os dirigentes sindicais argentinos desmentiram as avaliações
predominantes na cobertura da grande imprensa brasileira de que a greve
geral na Argentina foi contra o governo da presidenta Cristina Kirchner.
“Não foi uma greve nem contra nem a favor do governo, mas em defesa dos
interesses dos trabalhadores”, enfatiza Negro.

Eles disseram que
La Bancaria apoia os princípios que norteiam o
governo argentino, “de incentivo do consumo, da produção e do trabalho”,
as políticas sociais e as decisões de Cristina Kirchner de reestatizar
várias empresas privatizadas durante os governos neoliberais da década
de 1990, entre as quais a companhia petrolífera YPF e a empresa área
Aerolineas Argentinas.

“Apoiamos esse modelo e queremos aprofundá-lo, para benefício dos
trabalhadores, assim como estamos lutando para que o governo mude a
legislação sobre os bancos criada na ditadura militar e transforme o
sistema financeiro num bem público voltado para fomentar o crédito e
incentivar a produção e o trabalho”, explica Guillermo Maffeo.

Os dois dirigentes sindicais argentinos contam que os trabalhadores
tiveram conquistas importantes nos últimos anos, como a criação do fórum
paritário salarial anual, que reúne trabalhadores, empresários e
governo com o objetivo de manter o poder de compra dos salários diante
da inflação, criando mecanismos de atualização salarial.

Os bancários em particular, acrescentam Negro e Maffeo, conquistaram um
feriado no seu dia nacional (6 de novembro) e uma premiação equivalente a
250 dólares para cada trabalhador do setor financeiro, a ampliação a
partir de 2012 do que aqui no Brasil seria o auxílio-creche/babá e a
implementação de um bônus adicional para os bancários da chamada “zona
patagônica”, a região do sul do país onde o custo de vida é mais alto em
razão da exploração turística.

“É essa a estratégia de La Bancaria: lutar para aprofundar o modelo e ampliar os direitos dos trabalhadores”, conclui Negro.

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