A retração dos bancos privados na concessão de créditos fez com que os
bancos públicos ganhassem maior participação nesse segmento de mercado,
nos últimos quatro anos. Os bancos privados nacionais detinham 47,9% das
operações de crédito, em setembro de 2008, mas apesar de o volume de
crédito bancário ter dobrado de lá para cá, a participação deles nos
financiamentos e empréstimos caiu para 37,1% do mercado.
Os números constam de relatório do Departamento Econômico do Banco
Central (BC), segundo o qual os bancos privados estrangeiros também
perderam espaço. Eles eram responsáveis, então, por 21,4% dos créditos,
mas a participação caiu para 16,7% no último mês de setembro. Em
contrapartida, os bancos públicos, que à época detinham 30,7% do estoque
de créditos, são agora detentores de 46,2% dos R$ 2,237 trilhões
emprestados a terceiros – pessoas físicas e jurídicas.
A alteração nas concessões de crédito tende a aumentar, uma vez que o
estoque de financiamentos cresceu 15,8% nos últimos 12 meses, até
setembro, de acordo com o relatório do BC. Mas, no mesmo período o Banco
do Brasil registrou expansão de 20,5%, e o vice-presidente de Pessoa
Física da Caixa Econômica Federal, Fábia Lenza, estimou crescimento
muito maior este ano. Ele disse que só no mês de outubro, a Caixa
contratou R$ 16,63 bilhões em créditos.
Além da retração natural dos bancos privados na concessão de créditos,
depois da crise financeira generalizada com a falência do banco de
investimentos norte-americano Lehman Brothers, em setembro de 2008, dois
fatores contribuíram significativamente para a mudança no perfil
creditício do país: o crédito consignado, com desconto direto do
salário, e o aumento dos financiamentos imobiliários. Dois segmentos em
que os bancos públicos têm atuação mais forte; principalmente a Caixa
Econômica Federal, gestora dos recursos do Fundo de Garantia do Tempo de
Serviço (FGTS).
O aumento da carteira de crédito foi impulsionada, basicamente, pelo
crescimento do emprego e da renda nos últimos anos, de acordo com o
diretor de Fiscalização do BC, Anthero Meirelles. Mas ele destacou,
também, as contribuições da redução da taxa básica de juros (Selic), de
agosto do ano passado para cá, e a política gradativa de queda dos juros
bancários, a partir do último mês de abril, capitaneada pelos bancos
públicos. Ressaltou, ainda, a expansão do crédito imobiliário, impactado
também