À frente da câmera, o tom muda, o gesto é mais calculado, a fala é pensada. Para muitos, entrar na sala de cinema é embarcar em mundo de fantasias e esquecer o real. E se, caro espectador, para um grupo de jovens cineastas a arte de filmar tivesse um único objetivo: interpretar a vida tal e qual ela é? Foi assim para diretores canadenses da década de 1960 que criaram o Cinema Direto, muitas vezes também chamado de cinema-verdade. Para quem não resiste a raridades, a mostra Cinema Direto Canadense começa nesta segunda (19), e vai até o dia 25, com exibição de filmes inéditos e clássicos da época. Toda programação é gratuita e exibida no Cinema da Fundação, com exceção da noite de encerramento, que ocupará o auditório da Aliança Francesa no Derby, a partir das 18h, com exibição de No fim das contas. Às 20h, o professor da Universidade de Concordia, Thomas Waugh, dará a palestra O Cinema Direto em Montreal: Sex and the City.
Apesar da relação Canadá e Brasil ter perdido as referências, em muito suas histórias se cruzam. Na mesma época que o Cinema Direto fazia barulho naquele país, o Brasil vivia o Cinema Novo, balançado por nomes como Glauber Rocha e Nelson Pereira dos Santos. Ambos os movimentos também foram influenciados pela Nouvelle Vague francesa, espelho da revolução sexual europeia.
O roteiro da mostra conta com 20 produções, como Para Aqueles que virão (1962), de Pierre Perrault e Michel Brault, primeiro longa exibido em Cannes. Entre os destaques estão duas produções de Claude Jutra, Meu Tio Antonie (1971) – considerado um dos melhores filmes do país – e No fim das contas (1963), clássico que nunca foi lançado em DVD e chega ao Brasil pela primeira vez. Na trama, na qual Truffaut faz uma aparição de luxo, a história de um cineasta que se apaixona por uma cantora haitiana.
Serviço:
Mostra Cinema Direto Canadense ? desta segunda (16) até dia 25, no Cinema da
Fundação (Rua Henrique Dias, 609, Derby) e Aliança Francesa (Rua Amaro
Bezerra, 466 ? Derby). Entrada gratuita. Informações: 3202-6262 e
3073-6767