Milhares de europeus participaram nesta quarta-feira (14) de uma série
de protestos e greves contra o crescente desemprego e as medidas de
austeridade fiscal nos países que compõem a União Europeia. Os protestos
ocorreram simultaneamente em 23 países, incluindo Grécia, França e
Bélgica, segundo informações da agência de notícias BBC Brasil.
Greves na Espanha e em Portugal interromperam os transportes, além de fechar estabelecimentos comerciais e escolas.
Espanha – A mobilização foi enorme na Espanha com um milhão de manifestantes em
Madri, um milhão em Barcelona e meio millhão em Galícia, dentre outras
cidades. A situação é particularmente instável na Espanha, onde o
desemprego ronda 25% da força de trabalho, o maior da Europa.
Em vários momentos do dia, polícia e manifestantes entraram em confronto
em muitas cidades espanholas. Na capital, Madri, houve confronto em uma
garagem de ônibus depois que os manifestantes tentaram impedir que os
veículos deixassem o local.
O ministro do Interior espanhol disse que mais de 80 prisões foram
efetuadas por todo o país. Dezenas de pessoas, incluindo 18 policiais,
foram feridos. O governo, entretanto, diminuiu a importância do
protesto, alegando que a rede elétrica registrava 80% de uso. Mas os
sindicatos afirmaram que as operações de grandes companhias, como Danone
e Heineken, foram interrompidas pelas manifestações.
Portugal – Em Lisboa, alguns manifestantes derrubaram grades que servem para
proteger o Parlamento e lançaram pedras contra os policiais, após
passeata organizada pela Confederação Geral dos Trabalhadores
Portugueses (CGTP). A polícia dispersou o grupo com cães e cassetetes,
conforme a agência de notícias Lusa.
Um balanço parcial aponta que sete pessoas foram detidas e 48 ficaram
feridas. O Ministério da Administração Interna de Portugal informou que
os atos não têm relação com os trabalhadores que participam da greve,
coordenada pela CGTP, conforme a Lusa.
Itália – Na Itália, os sindicatos convocaram uma série de protestos de quatro
horas ao longo dia que afetaram os transportes rodoviários, ferroviários
e aéreos. De acordo com a BBC, no entanto, os primeiros sinais do
impacto foram limitados.
A polícia em Roma lançou bombas de gás lacrimogênio em direção aos
manifestantes, que revidaram atirando objetos em direção às forças de
segurança.
Grécia – Na Grécia, o protesto foi a terceira maior passeata em dois meses. No
começo desta semana, parlamentares gregos aprovaram o quinto pacote de
austeridade fiscal, que inclui cortes de salários e pensões, além de
reformas no mercado de trabalho, assim como um Orçamento apertado para o
próximo ano.
Outros países – Na França, cinco sindicatos organizaram passeatas em mais de 100 cidades, mas não fizeram greves.
Na Bélgica, os manifestantes protestaram na capital Bruxelas diante das
embaixadas da Alemanha, Espanha, Grécia, do Chipre, de Portugal e da
Irlanda. Eles entregaram uma carta a Laszlo Andor, o comissário da União
Europeia para Emprego, Assuntos Sociais e Inclusão, parabenizando-o por
ganhar o que eles chamaram de “Prêmio Nobel de Austeridade”.
As manifestações e as greves atingiram muitas das linhas de trem de alta
velocidade regularmente frequentadas por políticos, conselheiros e
diplomatas por toda a União Europeia. Centenas de voos foram cancelados.