Após três anos sem gravar, o cantor e compositor Nando Reis traz ao
público um disco totalmente novo, com 15 canções inéditas. As músicas
que compõem o álbum “Sei” foram todas compostas no segundo semestre de
2011 e o disco foi lançado de forma independente. O público recifense
vai ter a oportunidade de conhecer o trabalho no show da próxima
quinta-feira (1), véspera de feriado, no espaço Baile Perfumado, no
bairro do Prado. Em entrevista ao G1 por telefone, o cantor contou como foi o processo de produção do novo disco e qual a expectativa para a apresentação no Recife.

Nesse intervalo sem gravar, Nando Reis aproveitou o tempo para rodar
com o projeto Bailão do Ruivão, um show de regravações e versões de
canções variadas, que vão do brega ao rock. E o compositor não considera
que esse período tenha sido de falta de inspiração. “Esses três anos
não são um tempo tão longo. Eu estava na estrada, fazendo shows… E
para gravar discos de estúdio tem um pouco esse ciclo mesmo”, comentou.

O cantor e sua banda, Os Infernais, arregaçaram as mangas em território
estrangeiro. Para gravar, os músicos fizeram praticamente um exílio em
Seattle, nos Estados Unidos. Tudo para ir atrás do produtor
norte-americano Jack Endino, com quem Nando Reis já trabalhou em quatro
outros discos. “Eu quis gravar na cidade onde ele trabalha, no estúdio
que ele trabalha. E foi bom porque eu aproveitei para levar a minha
banda para fora; lá a gente pôde ficar completamente imerso no processo
de produção e gravação do disco”, contou Nando Reis.

O título “Sei” é homônimo de uma das faixas do disco e virou nome do
álbum muito por uma brincadeira. “O nome do disco veio a partir do nome
da música e de uma ideia que eu tive, uma curiosidade, na verdade. Eu
sempre dei títulos muitos grandes pros meus discos. Mas o último foi
Drês [2009], com quatro letras, este é Sei, com três, o próximo pode ser
que seja apenas um ponto, quem sabe”, ri o cantor.

Para esse álbum, Nando Reis quis manter a cara da banda. “Esse disco é
rock’n’roll. É um som nosso, da minha banda, que é o som que eu gosto, o
som d’Os Infernais. Nós não quisemos inovar muito nas sonoridades, nem
mudar os instrumentos. Os instrumentos que nós tocamos já são bem
fechados”, comentou. As novidades ficam por conta dos metais, que foram
feitos por três músicos daqui de Pernambuco, e dos backing vocals,
entoados por quatro cantoras de igreja de Seattle.

“Eu estava lá nos Estados Unidos e, um dia de manhã, a gente foi
assistir a um culto numa igreja. É uma igreja aonde vão muitos drogados,
uma galera ‘down’ mesmo, ou seja, o lugar certo para a gente estar
[risos]. E nós as ouvimos cantando e convidamos para elas gravarem com a
gente. E elas foram – no começo, um pouco receosas, é verdade [risos],
mas depois adoraram”, brincou.

No segundo semestre de 2011, a Universal Music, gravadora à qual o
cantor era vinculado, anunciou que o contrato não seria renovado. “Eu
recebi várias propostas, de outras gravadoras, mas eram todas muito
conservadoras com relação à forma de vender os discos. Então, eu pensei
que devia fazer sozinho”, disse. “Sei” foi produzido de modo
completamente independente e está disponível para compra apenas na
internet e nos shows.

Após 30 anos de carreira, Nando Reis nunca havia feito uma produção
independente. E ele decidiu inovar: o disco está à venda apenas no site
do cantor e é o público quem escolhe o preço. As pessoas escutam o
álbum, dizem o preço que acham que ele vale e, semanalmente, é tirada
uma média, que resulta no preço que o disco será vendido naquela semana.
“Foi uma forma de me aproximar de quem está perto do meu trabalho”,
disse.

Mas quem quiser ter as músicas em casa, no computador, vai precisar
comprar o CD. “As músicas não estão disponíveis para download. Eu não
gosto desse tipo de mídia, acho que não é de boa qualidade. Todos os
discos serão vendidos de forma física mesmo”. E Nando Reis garante: essa
liberdade da produção independente não mudou em nada seu trabalho, uma
vez que sempre teve muita liberdade de composição nas gravadoras com
quem trabalhou.

A turnê de “Sei” está só começando – o primeiro show foi na cidade de
Toledo, no Paraná – e o compositor está ansioso para colocar as músicas
no palco do Recife. “A turnê está bem no começo, é o segundo show que eu
vou fazer, então estou bastante empolgado. E eu já fiz shows memoráveis
no Recife, memoráveis mesmo, em vários espaços diferentes. Eu tenho um
público aí que é bem fiel, que comparece e que eu gosto muito”,
concluiu.

Serviço:
Nando Reis e Os Infernais, com show de abertura da banda Café Preto
Quando? Quinta-feira, 1º de novembro, 23h
Onde? Baile Perfumado – Rua Carlos Gomes, 390, bairro do Prado, Recife (ao Lado do Jockey Club, antigo Cavalo Dourado)
Ingressos? R$ 80 (os ingressos com valor de meia-entrada já estão esgotados)