O Santander Brasil divulgou nesta quinta-feira (25) lucro líquido de R$
5,694 bilhões de janeiro a setembro deste ano no padrão contábil
internacional, o IFRS, o que significa uma queda de 4,41% em relação aos
primeiros nove meses de 2011. Esse montante representa 25% do resultado
do banco espanhol em todo mundo.
No terceiro trimestre, o banco lucrou R$ 2,511 bilhões no Brasil, alta
de 72,11% em relação ao resultado de R$ 1,459 bilhão no período entre
abril e junho, segundo análise preliminar do Dieese.
O banco voltou a gerar empregos. No primeiro trimestre, o quadro era de
55.053 funcionários, sendo reduzido para 54.918 no segundo trimestre, o
que representou um corte de 135 vagas. No terceiro trimestre, o número
de trabalhadores subiu para 55.120, significando a criação de 202 vagas.
“A pequena ampliação de postos de trabalho é positiva, mas insuficiente
diante da abertura de 90 agências nos últimos 12 meses. Há ainda
carência de funcionários nas unidades. O banco tem que fazer novas
contratações e acabar com a rotatividade, a fim de gerar mais empregos,
melhorar as condições de trabalho, garantir qualidade de atendimento
para os clientes e a população e contribuir com o desenvolvimento do
país”, afirma Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT.
PPDs reduzem lucro – O lucro teria sido muito maior se o banco não utilizasse outra vez a
manobra contábil de superdimensionar as provisões para devedores
duvidosos (PDDs), que somaram R$ 11,389 bilhões, um crescimento de
30,95% em relação a setembro de 2011 e 46,34% em relação ao segundo
trimestre de 2012.
“Essa maquiagem é um velho truque dos bancos para diminuir os lucros. As
instituições financeiras perseguem vários objetivos com essa mágica,
como a redução da PLR dos bancários, a tentativa de justificar a
contenção da oferta de crédito e a manutenção das altas taxas de juros,
spreads e tarifas bancárias”, critica o presidente da Contraf-CUT.
Receita de tarifas crescem – O truque de subir as tarifas para compensar a redução cosmética das
taxas de juros de algumas linhas de crédito também ficou comprovado no
balanço do Santander.
A soma das receitas de prestação de serviços e das tarifas bancárias foi
elevada em 11,38% em relação aos primeiros nove meses de 2011. Mas,
separadas, o Dieese observa um crescimento de 20,14% na renda de tarifas
em 12 meses, atingindo R$ 2,285 bilhões, e 3,2%, no último trimestre,
alcançando R$ 763 milhões.
Por sua vez, as receitas com a prestação de serviços cresceram 7,85% em
relação a setembro de 2011, chegando a R$ 5,099 bilhões, e 9,14% na
comparação com o segundo trimestre, passando para R$ 1,779 bilhão.
Com isso, a relação entre as receitas de prestação de serviços mais
renda das tarifas bancárias e as despesas de pessoal passou para 159,02%
em comparação com setembro de 2011. “Isso significa dizer que o banco
paga os seus funcionários com essas receitas e ainda tem um excedente de
59,02%”, explica Cordeiro.
Outros dados do balanço – As operações de crédito subiram 10,16%, chegando a R$ 207,334 bilhões.
As de pessoas físicas foram as que mais cresceram, atingindo 12,49%, e
as de pessoas jurídicas apresentaram alta de 9,08%.
A taxa de inadimplência, para atrasos superiores a 90 dias, foi de 5,1%
com alta de 0,8 ponto percentual frente a setembro de 2011 e 0,2 ponto
percentual no terceiro trimestre.
O Santander também divulgou o resultado no padrão contábil brasileiro
(BR Gaap). O banco obteve um lucro líquido gerencial (que exclui o ágio
das ações) de R$ 4,731 bilhões, uma queda de 5,72% frente ao aos nove
primeiros meses de 2011.
No mundo, PDDs disparam e lucro cai – Maior banco da zona do euro, o Santander apresentou lucro líquido de
janeiro a setembro de 1,8 bilhão de euros (2,3 bilhões de dólares), 66%
menos do que um ano antes.
Segundo informativo do banco, os resultados foram prejudicados por
perdas contábeis sobre investimentos em imóveis feitos na explosão do
mercado imobiliário espanhol. O banco disse que completou 90% das baixas
contábeis exigidas pelo governo sobre moradias retomadas e empréstimos
irrecuperáveis a construtoras, após contabilizar 5 bilhões de euros (6,5
bilhões de dólares) em perdas.
O banco ainda informou que elevou as provisões para devedores duvidosos
(PDDs) na Espanha para 9,5 bilhões de euros entre janeiro e setembro,
dando à instituição uma cobertura de 70%.
O aumento da inadimplência na Espanha se espalhou para além do setor
imobiliário, em um momento de recessão no país, que registra índice de
desemprego de 25%.
Com isso, a Espanha representa apenas 16% do lucro mundial do Santander, sendo metade gerado na América Latina.