Apesar do anúncio do governo de que os bancos públicos estão reduzindo
suas tarifas, levantamento do Idec mostra que alguns cortes divulgados
pelo Banco do Brasil e pela Caixa Econômica Federal foram feitos após
aumentos consideráveis –o que para o instituto, na prática, significa
que não há avanço.
O BB diz que o aumento de receitas com tarifas “deve-se principalmente
ao maior consumo de produtos e serviços pelos clientes”. Isso ocorreria
em razão do ganho de renda, sobretudo das classes C e D, e do
investimento da instituição para oferecer produtos “adequados às
necessidades dos clientes”.
Além disso, o Banco do Brasil argumenta que a instituição passou a operar em novos segmentos, como crédito imobiliário.
Sobre o valor das tarifas, afirma que as reduções levaram a um patamar
“inferior ao praticado em 2010” e, no caso do serviço de adiantamento a
depositantes, o aumento se justifica por conta de mudanças na
metodologia de cobrança imposta pelo Banco Central.
A Caixa atribuiu o aumento na cobrança da tarifa de adiantamento a depositante a novas regras do BC.
Levantamento – Segundo estudo, o aumento prévio ocorreu com pelo menos três tarifas do
BB. Entre elas está a que incide sobre a concessão de adiantamento a
depositantes para cobrir contas a descoberto.
Em abril do ano passado, ela custava R$ 30; em agosto, subiu para R$ 39, e, neste mês, caiu para R$ 38,20.
Na Caixa, a mesma tarifa era de R$ 27, mas subiu para R$ 43 e depois caiu para R$ 38,20 no mesmo período.
“É mais publicidade do que efeito na prática”, afirma a economista Ione Amorim, do Idec, que coordenou o levantamento.
Os bancos públicos foram obrigados pelo governo a liderar uma ofensiva para corte dos juros e das tarifas no mercado bancário.
A divulgação de reajustes no segundo semestre deste ano irritou o
ministro Guido Mantega (Fazenda), que determinou o recuo anunciado nas
últimas semanas.
Nos últimos anos, os bancos vêm elevando consecutivamente as receitas
relativas às tarifas. O gasto médio com tarifas da clientela dos seis
maiores bancos do país (Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal,
Bradesco, Itaú, Santander e HSBC) calculado pelo Idec subiu de R$ 52,43
para R$ 69,86 entre o primeiro semestre de 2011 e 2012.