O ex-presidente e um dos controladores do Banco Cruzeiro do Sul, Luis
Octávio Indio da Costa, foi preso por policiais federais na tarde desta
segunda-feira (22), em São Paulo. Ele foi levado à sede da Polícia
Federal.
O advogado do banqueiro, o criminalista Roberto Podval, disse que ainda
não teve acesso à decisão do juiz que decretou a prisão, e por isso
ainda não definiu a estratégia de defesa.
O Cruzeiro do Sul tem um rombo de mais de R$ 3 bilhões, que pode ser ainda maior, segundo especialistas.
O Banco Central decretou a liquidição na instituição financeira no
último dia 14 de setembro, depois de ter passado três meses em Regime de
Administração Especial Temporária (Raet).
No dia 17 de outubro, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou pedido
de Índio da Costa para desbloquear bens pessoais dele que foram
congelados pela decisão que liquidou o banco.
BC fechou o banco em setembro – O Banco Central (BC) anunciou, em 14 de setembro, a liquidação dos bancos Cruzeiro do Sul e Prosper.
Segundo o BC, do total de depósitos à vista e a prazo do Banco Cruzeiro
do Sul e do Banco Prosper, cerca de 35% e de 60%, respectivamente,
contam com garantia do Fundo Garantidor de Créditos (FGC). O FGC é
administrado pelos próprios bancos e cobre aplicações de até R$ 70 mil,
em caso de quebra da instituição financeira.
Negociações com Santander falharam – As negociações com o Santander para a compra do Cruzeiro do Sul se
estenderam até a madrugada do dia 14 de setembro, mas não avançaram
diante da cobrança pelo banco espanhol de garantias que impediram um
acordo para a venda da instituição.
O Cruzeiro do Sul está sob intervenção do Banco Central desde o início
de junho e, no dia 13 de setembro, venceu o prazo para o Cruzeiro do Sul
conseguir aprovação de credores para renegociação de dívidas e obtenção
de um comprador.
O plano de recuperação do banco Cruzeiro do Sul, que tinha patrimônio
negativo em R$ 2,237 bilhões até a intervenção ocorrida em 4 de junho,
previa, além da reestruturação da dívida, a venda da instituição.
Histórico negativo – Não é de hoje que o Cruzeiro do Sul atravessa problemas. Com quase 20
anos nas mãos da família Indio da Costa, a instituição coleciona um
histórico recente marcado por balanços reprovados por auditores,
acusação de desvio de recursos e investigações por parte das
autoridades.
A lista de tropeços do Cruzeiro do Sul começou a vir à tona em 2008, um
ano depois de o banco estrear na bolsa de valores, vendendo cerca de R$
645 milhões em ações. Desse valor, os Indio da Costa embolsaram R$ 150
milhões.
A instituição, que tinha R$ 2,6 bilhões em operações de crédito consignado, estreou valendo R$ 2,15 bilhões.
Em setembro de 2008, a massa falida do Banco Santos acusou, em um
processo judicial, o Cruzeiro do Sul de ter desviado R$ 206,2 milhões
dos credores da instituição que pertenceu a Edemar Cid Ferreira. O caso
ainda está correndo na Justiça.
Um ano depois, no fim de 2009, o banco anunciou a intenção de fazer uma
nova oferta de ações, em uma operação que somaria R$ 400 milhões, entre
novos recursos para o Cruzeiro do Sul e a venda de parte das ações dos
Indio da Costa. Logo, porém, o processo foi abortado, em meio a uma
sucessão de episódios negativos.
Em janeiro de 2010, o Banco Central começou a questionar as operações do
Cruzeiro do Sul de venda de carteiras para fundos de direitos
creditórios. Depois desse repasse, o próprio banco comprava as cotas do
fundo, em operações que, para o Banco Central, poderiam ser irregulares.
No mês seguinte, foi a vez de a Comissão de Valores Mobiliários (CVM)
fazer marcação cerrada em cima do banco. A autoridade mandou o Cruzeiro
do Sul republicar seus balanços de 2008 e 2009 sob o argumento de que a
instituição não estava consolidando em seu balanço os fundos de direitos
creditórios que detinha.