Os bancos encontraram
uma saída para viabilizar a redução dos juros do cartão de
crédito: cobrar uma taxa extra do estabelecimento comercial que
vender produtos parcelados sem juros.
Pagará mais quem
parcelar por um prazo maior.
A medida está sendo discutida
por Itaú, Bradesco, Banco do Brasil e Santander com o governo
federal.
A alternativa passou a ser discutida há dois meses,
quando os bancos viram que não teriam como resistir às pressões
contra os juros “escorchantes”, nas palavras de Guido
Mantega (Fazenda).
Hoje, o lojista oferece o financiamento ao
cliente, recebe o valor da compra a prazo, mas quem arca com o risco
da inadimplência é o banco, emissor do cartão.
Para os
bancos, quanto maior o número de parcelas maior é o risco de
calote.
Segundo Roque Pellizzaro, presidente da CNDL
(Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas), a medida vai
estimular o varejista a encurtar o parcelamento. “Enquanto as
taxas eram altas e assimiláveis, era fácil embutir no preço dos
produtos. Agora, as margens são menores e teremos que rever.”
A
proposta de acabar com as compras parceladas sem juros não evoluiu
porque, se fosse extinta, o comércio resgataria o cheque
pré-datado.
A ideia é iniciar a cobrança, gradativamente, a
partir do ano que vem para não comprometer o Natal. Ainda não há
definição sobre como calcular esse risco que será dividido com os
lojistas.
“Hoje, é o lojista que decide parcelar ou não,
mas o risco não é dele. Ao mesmo tempo, ele sabe quanto vai custar.
Temos uma precificação que não é equilibrada e a conta vai para
quem paga a fatura do cartão no rotativo. E para o cliente que paga
tudo à vista e tem um produto caro”, disse Marcio Schettini,
vice-presidente do Itaú.
A medida ainda reduz o
comprometimento da renda das famílias. O parcelamento no cartão não
entra no cálculo do nível de endividamento, mas consome uma parte
importante da renda.