No segundo dia, bancários fecham 7.324 agências e greve se fortalece

Subiu para 7.324 o
número de agências e centros administrativos de bancos públicos e
privados fechados nesta quarta-feira 19, segundo dia da greve
nacional dos bancários, segundo balanço realizado pela Contraf-CUT
com base nos dados enviados até as 17h45 pelos 137 sindicatos que
integram o Comando Nacional da categoria. Na terça-feira 18,
primeiro dia da paralisação, 5.132 agências haviam sido fechadas.
Na greve do ano passado, foram paralisadas 6.248 unidades no segundo
dia.

“O movimento está se ampliando rapidamente no
Brasil todo. Os banqueiros pagaram pra ver e estão vendo a força da
greve, resultado da insatisfação dos bancários diante da ausência
de nova proposta da Fenaban que contemple as reivindicações da
categoria”, afirma Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT e
coordenador do Comando Nacional.

Os bancários querem 5% de
aumento real, valorização do piso salarial, PLR maior, mais
empregos e fim da rotatividade, melhores condições de saúde e
trabalho, mais segurança nas agências e igualdade de oportunidades.
Eles aprovaram a greve por tempo indeterminado nas assembleias
realizadas em todo o país no dia 12, depois de cinco rodadas duplas
de negociação com a Fenaban. Os bancos apresentaram a única
proposta no dia 28 de agosto, com reajuste de 6% (apenas 0,58% de
aumento real), rejeitada pelos bancários em assembleias em todo o
país. 

A Contraf-CUT enviou cartas à Fenaban e aos
bancos no dia 5 para reafirmar que apostava no processo de negociação
e aguardava uma nova proposta para ser apreciada pelas assembleias
previamente convocadas para os dias 12 e 17. Mas a federação dos
bancos não deu resposta até hoje. 

“Esperamos que
a Fenaban rompa o silêncio, marque nova negociação e apresente uma
proposta decente para levarmos às assembleias dos bancários. Em
caso contrário, a greve continuará crescendo e poderá entrar na
próxima semana”, diz Carlos Cordeiro.

Os
bancos podem atender aos bancários porque …


Os lucros são crescentes 

Os seis maiores bancos,
que empregam 90% da categoria, lucraram R$ 25,2 bilhões no primeiro
semestre de 2012, um aumento de 1,20% em relação ao mesmo período
do ano passado. Isso sem contar a manobra contábil de
superdimensionamento das provisões para devedores duvidosos (PDD)
diante de uma inadimplência em queda. O lançamento em PDD foi de R$
39,15 bilhões no primeiro semestre, 64,3% a mais que o lucro líquido
dos bancos. 

… Deram aumento de 9,7% aos altos
executivos 

Enquanto a Fenaban propõe reajuste de
apenas 6% aos bancários, a remuneração já milionária dos altos
executivos dos bancos aumentou este ano em 9,7%, segundo dados
fornecidos pelos próprios bancos à Comissão de Valores
Mobiliários. Assim, a remuneração anual de cada diretor
estatutário chegará até R$ 8,4 milhões este ano.


Setores menos lucrativos deram reajustes maiores

Quase
todos os acordos salariais assinados no primeiro semestre de 2012
resultaram em aumento real de salários dos trabalhadores, segundo
pesquisa do Dieese. Muitos desses acordos foram até superiores a 5%
acima da inflação, enquanto a Fenaban ofereceu meros 0,58% de ganho
real aos bancários. 

… Os bancários brasileiros
têm baixos salários

Enquanto os bancos pagam piso de
1.090 dólares no Uruguai e de 1.200 dólares na Argentina, aqui no
Brasil o salário de ingresso de um bancário é de 681 dólares, ou
seja, R$ 1.400. Os bancários querem um piso de R$ 2.416,23,
equivalente ao salário mínimo do Dieese. 

As
principais reivindicações dos bancários

?
Reajuste salarial de 10,25% (aumento real de 5%). 
? Piso
salarial de R$ 2.416,38.
? PLR de três salários mais R$
4.961,25 fixos. 
? Plano de Cargos e Salários para todos
os bancários.
? Elevação para R$ 622 os valores do
auxílio-refeição, da cesta-alimentação, do auxílio-creche/babá
e da 13ª cesta-alimentação, além da criação do 13º
auxílio-refeição.
? Mais contratações, proteção contra
demissões imotivadas e fim da rotatividade.
? Fim das metas
abusivas e combate ao assédio moral
? Mais segurança
?
Igualdade de oportunidades.

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