Milhares de pessoas
tomaram a orla de Boa Viagem neste domingo, dia 16, para participar
da 11ª edição da Parada da Diversidade Sexual do Recife. O
Sindicato marcou presença e, junto com um grupo de bancários,
exigiu o fim da homofobia e a igualdade de oportunidades nos
bancos.
“O Sindicato sempre participa da Parada e este ano
não foi diferente. Mais uma vez colocamos em pauta a questão da
igualdade de direitos, pois o preconceito ainda tem impedido que
muitos bancários homossexuais façam carreira nos bancos”, destaca
o secretário de Bancos Públicos do Sindicato, Geraldo Times. Ele
destaca que os bancários são pioneiros na luta contra a homofobia e
já conquistaram diversos avanços, como a extensão dos mesmos
direitos do cônjuge aos parceiros do mesmo sexo que trabalham nos
bancos. “Mas precisamos conquistar muito mais”, diz
Geraldo.
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Segundo a Polícia Militar, um público de 200 mil
pessoas compareceu ao evento neste domingo. Houve o registro de
alguns furtos no local. Os participantes ficaram concentrados no
Parque Dona Lindu, onde a bancária e cantora Karina Spinelli fez
show, aquecendo o público para a saída dos 12 trios, que
percorreram a orla.
Protesto – Uma manifestação
contra a morte de uma transexual em Pernambuco também marcou o
evento. A cabeleireira Lorena Layala, 27 anos, foi encontrada morta
na manhã da última quinta-feira (13), às margens da PE-22, em
Paulista, no Grande Recife. Ela foi morta com dois tiros. Amigos da
vítima pedem Justiça. “Estamos muito tristes, pois ela era uma
pessoa muito querida na comunidade. Queremos que a polícia
investigue e prenda o criminoso”, disse a cabeleireira Brena
Bazente.
Só este ano, 89 travestis foram assassinados no
estado. “O índice é alto e ainda subnotificado, já que
contamos apenas aquelas mortes que são noticiadas na mídia. A gente
precisa de políticas públicas que chegue em todo o estado”,
falou o coordenador do Fórum LGBT de Pernambuco, Thiago
Rocha.
Rocha também comentou sobre o anúncio homofóbico
publicado em jornais de Pernambuco que gerou polêmica nas redes
sociais, no dia 4 deste mês. Em peça publicitária, a organização
religiosa Pró-Vida Pernambuco comparava o “homossexualismo”
(sic) à pedofilia, turismo sexual e exploração de menores. “Nós
entramos, no dia seguinte, com uma ação no Ministério Público
contra a entidade. Mas eu enxerguei um ponto positivo nisso: vimos
que, pela mobilização, a sociedade pernambucana está do nosso
lado”, comentou.
A comunidade gay ainda luta pela
criminalização contra a homofobia no Brasil. No Recife, a lei
municipal 16.780, que completa dez anos em 2012, já criminaliza o
preconceito contra gays, transexuais e transgêneros. Segundo o Fórum
LGBT de Pernambuco, o estado é o sexto do Brasil em número de
homicídios de homossexuais.
“A lei é pela defesa da
vida, preconizada na Declaração Universal dos Direitos Humanos e na
Constituição Federal. Acredito que o segmento deve se organizar
mais e cobrar da polícia a aplicação da lei também”, disse a
secretária de Direitos Humanos e Segurança Cidadã, Amparo
Araújo.
Desfile – Este
ano, a Parada teve como tema “Democracia em todos os cantos:
vamos cantar um Pernambuco sem homofobia”. Além dos trios
elétricos, também se apresentaram grupos de cultura popular. Muitos
moradores dos edifícios na beira-mar acompanharam o evento das
janelas e varandas. Na avenida, os cabeleireiros Gildo Ximenes e
Inaldo Nóbrega se divertiam fantasiados de índio. Nas camisas, as
palavras liberdade e orgulho estampadas. “Queremos ser livres
para andar nas ruas sem sermos incomodados. Temos de ter mais orgulho
de quem somos”, disse Gildo.
De braços dados, Shirley
Lima e Dávine Régis curtiam a movimentação. Elas estão juntas há
oito meses. “As pessoas têm que entender que somo pessoas de
bom caráter, cidadãos de bem. Tivemos sorte que em nossas casas
todos aceitaram nosso namoro. Hoje é um dia para mostrar que o mundo
é feito por gente diferente”, falou Shirley.
A Parada
também atraiu muitos turistas. Thiago Souza veio da Paraíba. “Eu
venho todos os anos porque sou gay, luto pela causa e gosto de
respeito”, explicou.