O consumidor brasileiro paga quase 15 vezes mais juros que os europeus e
os americanos. A notícia foi tema de reportagem na manhã desta
quarta-feira (12) do programa Bom Dia Brasil, da Rede Globo.
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Confira o texto da reportagem:
Os juros do cartão de crédito não caem, mesmo com a queda da taxa
básica, a Selic. Você sabia que o consumidor brasileiro paga quase 15
vezes mais juros que os europeus e os americanos?
Em 2009, Vitor Hugo Vieira pediu um empréstimo consignado de R$ 1,8 mil.
O banco ofereceu um cartão de crédito com débito automático. Só que o
desconto mensal era sempre do pagamento mínimo, e a dívida começou a
acumular juros e mais juros.
Foram dois anos pagando R$ 120 por mês, mas ele continuava devendo. E
resolveu entrar na justiça. “Eu já tinha pago mais de R$ 3 mil de uma
dívida que eu fiz de R$ 1,8 mil e 30 meses depois eu continuava devendo
um valor superior ao que eu tinha feito de empréstimo. A gente se vê sem
saída e a única alternativa foi essa. Se não, eu estaria pagando ainda 5
anos de uma dívida que se arrastava e não acabava nunca”, conta o
bombeiro.
O que aconteceu com Vitor Hugo não é muito diferente do que acontece com
boa parte dos brasileiros que usam cartões de credito. Os juros dos
nossos cartões estão entre os maiores do mundo. A taxa média que se paga
no Brasil é de 238,3% ao ano.
É muito, mas muito mais do que o cobrado em outros países. Nos nossos
vizinhos, Peru, Chile e Argentina, as taxas ficam em torno dos 50% ao
ano. No México, na Venezuela e na Colômbia, cerca de 30%. Nos Estados
Unidos e na Europa, 16%.
Em agosto, seis em cada dez famílias brasileiras estavam endividadas. E
73% dos que tinham dívidas deviam justamente ao cartão de crédito. O
Banco Central cortou os juros básicos da economia – a Selic – em 7,5% ao
ano. Mas essa redução não chegou ainda ao bolso do consumidor.
“Quando ocorre essas quedas de juros, isso vale para o mercado
financeiro, não impacta a vida do consumidor em geral. De todos nós, que
fazemos nossas compras e, às vezes, não conseguimos pagar a fatura,
precisamos parcelar, pagar o mínimo”, explica Ronaldo Gotlib, consultor
financeiro.
Para o consultor, os endividados devem tentar um acordo com as
administradoras de cartões: “O primeiro caminho é sempre tentar
conversar com a própria administradora, negociar a sua dívida, mas de
forma estudada. Resolva aquela dívida e evite a próxima”.