Mais de 2,5 mil caixas eletrônicos são destruídos pelo Brasil em três anos

Na última semana, pelo
menos 15 caixas eletrônicos foram explodidos em todo o Brasil. Esse
tipo de crime assusta não só pela freqüência, mas também pelo
risco que apresenta para a população.

O Bom Dia Brasil
investigou o caminho desses explosivos até as mãos dos bandidos e
mostra, com ajuda da tecnologia, o estrago impressionante que eles
podem causar.

O mais violento método de arrombamento de
cofres já é o maior pesadelo do setor bancário no Brasil. De
acordo com a Febraban, a estimativa é de que mais de 2,5 mil caixas
tenham sido explodidos desde 2009, quando aconteceu o primeiro
assalto à banco com explosivos.

Comparando com o primeiro
semestre do ano passado, podemos perceber que a incidência desse
tipo de crime reduziu em alguns estados do Nordeste e aumentou
consideravelmente em outras regiões do país. Como no Sul, no
Centro-Oeste e em alguns estados da região Sudeste. No Paraná, por
exemplo, os roubos com explosões subiram de 8 para 68. São Paulo
também tem sofrido esse tipo de ataque, mas a Secretaria de
Segurança preferiu não passar os números para a nossa equipe.

Não é difícil
encontrar pelo Brasil lugares em que caixas eletrônicos explodiram
mais de uma vez. É o caso deste centro comercial em Campinas. Foram
três explosões em apenas um ano.

“A gente tem até uma
dúvida se as mesmas pessoas estão fazendo isso porque eles chegam
muito rápido, geralmente no período da madrugada, quando o shopping
está fechado, só com o guarda noturno aqui, e o pessoal em questão
de segundos coloca explosivos e vai tudo para o ar”, explica Bráz
de Freitas, síndico do shopping.

Para a gente mostrar melhor
o alto poder de destruição de explosivos que estão sendo
manipulados por bandidos no Brasil e também o risco dessa operação
criminosa, nós vamos explodir um caixa eletrônico. Naturalmente, é
uma simulação. Não haverá riscos nem para a nossa equipe nem para
os peritos que vão conduzir a ação. Também não haverá prejuízo
material. Esse caixa eletrônico já está fora de circulação, mas
a explosão vai ser de verdade.

Uma equipe de 11 pessoas foi
mobilizada para registrar a explosão de diferentes ângulos. São
cinco câmeras, inclusive a supercâmera lenta, capaz de registrar
com precisão cada pequeno detalhe. O detonador é acionado por
combustão. Depois, é correr para um lugar seguro.

Quando
todos estavam a uma distância considerada segura pelos peritos para
acompanhar a explosão do caixa eletrônico, veio a explosão e o
caixa eletrônico ficou destruído. É assustador imaginar que no
Brasil tantos bandidos em diferentes regiões do país tenham acesso
a explosivos como esse.

O poder de destruição fica ainda
mais evidente com as imagens registradas pela supercâmera lenta. Nós
colocamos duzentas cédulas cenográficas como essa aqui, sem nenhum
valor oficial, dentro do caixa eletrônico para ver o que aconteceria
depois e é o resultado é que poucas notas conseguem ser recolhidas
pelos bandidos. As notas ficam destruídas. Absolutamente todas
destruídas.

Por que ainda assim se insiste nessa modalidade
de arrombamento, por explosão, se sabe que haverá prejuízo?
Rodrigo Pimentel responde: “Por dois motivos: pela oferta de
explosivo, pela facilidade com que se obtém explosivo no Brasil, e
também pelo tempo da ação. É uma ação que demora – entre a
instalação do explosivo e a detonação – em torno de um minuto e
meio. Então, é uma ação rápida”.

Segundo o comentarista
de segurança, no Brasil são produzidos mais ou menos 30 toneladas
de explosivo por dia. E como isso vai parar na mão do bandido? “Isso
é desviado, roubado, furtado ou mesmo comprado em empresas de
mineração”, diz.

“Há cerca de três anos nós temos
observado que tem aumentado a freqüência de desvio de explosivos. A
forma pelo qual ele acontece é quando uma empresa vai realizar uma
explosão e ela diz que consumiu uma determinada quantidade de
explosivos. Como é que nós temos condições de averiguar se aquela
quantidade foi consumida ou não? Então, baseado na produção
daquela empresa nós podemos chegar a conclusão da quantidade de
material, de explosivo que foi utilizado. Não fechando essa conta, é
um forte indício de que há desvio de explosivo” , aponta Gen.
Álvaro Gonçalves, comandante da artilharia divisionária.


no primeiro semestre deste ano, já foram mais de 700kg de explosivo
desviados de dentro dos paiois. Isso sem contar os desvios de carga.
Pensando nisso, o Exército publicou uma série de normas para
aumentar o controle sobre a venda de explosivos. A partir de agora,
eles devem ter uma identificação numérica e os fabricantes devem
manter um balanço atualizado dos explosivos que foram vendidos.


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