O projeto de expansão de uma rede de comunicação popular, democrática e
com a participação da sociedade e dos trabalhadores teve um marco
importante na noite de terça-feira, 28 de agosto, em São Paulo, quando
também foi comemorado o aniversário de 29 anos de fundação da Central
Única dos Trabalhadores e o Dia do Bancário. A data marcou o lançamento
oficial da Rádio Brasil Atual FM 24 horas no ar.
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A solenidade foi prestigiada pela Contraf-CUT. Além do presidente Carlos
Cordeiro, participaram vários dirigentes da entidade, bem como
representantes do Comando Nacional dos Bancários.
Ousadia – Sob a frequência 98,9 FM em São Paulo, 93,3 FM no litoral paulista e
102,7 FM no noroeste paulista, e alcance estimado em 22 milhões de
pessoas, a Brasil Atual se consolida como um importante contraponto aos
grandes veículos de comunicação estabelecidos.
A iniciativa que se concretiza é uma parceria entre o Sindicato dos
Bancários de São Paulo e os Metalúrgicos do ABC. Porém, é um sonho
antigo, como lembrou Valter Sanches, diretor do Sindicato dos
Metalúrgicos e presidente da Fundação Comunicação, Cultura e Trabalho,
entidade mantenedora da TVT e parceira da Rede Brasil Atual no projeto
da rádio. “A ideia surgiu nas grandes greves dos anos 1980, quando
sentíamos que a manipulação midiática nos prejudicava”, declarou.
Ele relembrou as assembleias lotadas em que os trabalhadores aprovavam a
continuidade da greve e um dos principais veículos de comunicação do
país noticiava que a greve havia acabado e que o movimento grevista
tinha sido enfraquecido. “Por isso, quando colocamos na ordem do dia a
democratização dos meios de comunicação era para que todos pudessem
falar”, declarou.
Dar as notícias que os outros não dão é o principal objetivo do projeto.
Assim explicou Paulo Salvador, diretor da Rede Brasil Atual, ao
destacar que a luta pela construção de meios alternativos em
contraposição aos tradicionais veículos tem por obrigação dar voz e
espaço a todos na sociedade, fundamentalmente àqueles que são invisíveis
para a grande imprensa. “A nossa missão é ousada e queremos construir
também uma rede em parceria com as rádios comunitárias”, explicou.
História – Juvandia Moreira, presidenta do Sindicato, destacou a importante atuação
da entidade no processo de construção da CUT e resgatou os vários
instrumentos de comunicação criados pelo movimento sindical para que
fosse possível fazer chegar as mensagens aos trabalhadores na base.
“Lembro do início com mega-fone nas portas dos bancos, depois os
“pipoqueiros” de som, os carros de som, a Folha Bancária. Existe toda
uma construção histórica que possibilitou a criação desse projeto, que
hoje é um orgulho para nós”, disse.
Sérgio Nobre, presidente dos Metalúrgicos do ABC e secretário-geral da
CUT, também resgatou a comunicação com os trabalhadores nas décadas
passadas, lembrando da “Rádio Peão” nas portas de fábrica no ABC. “Isso
me faz relembrar 25 anos atrás, quando o primeiro pedido de concessão de
rádio foi entregue pelo metalúrgico e ex-presidente Lula, na época
deputado federal, ao então ministro da Comunicação, Toninho Malvadeza
(Antonio Carlos Magalhães).”
Ele explicou que foram quatro concorrências de concessão para um projeto
concebido e desenvolvido por entidades de trabalhadores, sendo todas
negadas, apesar de os requisitos exigidos na lei terem sido cumpridos.
Do papel à prática – A execução do projeto na prática se deu quando Luiz Claudio Marcolino e
José Lopez Feijóo presidiam o Sindicato dos Bancários de São Paulo e dos
Metalúrgicos do ABC, respectivamente. Assim lembrou Vagner Freitas,
presidente da CUT, ao reconhecer a importância dos dois na guinada que
tirou o projeto do papel para se tornar realidade. “Essa é uma parceria
antiga na construção de instrumentos alternativos para a classe
trabalhadora”, reforçou.
O dirigente da CUT ressaltou que o objetivo desde sempre foi criar meios
de comunicação que exercitassem o contraditório para que a notícia seja
transmitida sob os vários pontos de vista dos mais variados atores
sociais que compõem a sociedade. “Quando colocamos um projeto como esse
em prática é porque não queremos que a comunicação seja exclusividade de
meia dúzia de famílias e empresários, assim como é hoje.”
Homenagem – O presidente da CUT prestou uma homenagem ao ex-dirigente sindical
bancário Manoel Castaño Blanco, morto há duas semanas, vítima de
acidente vascular cerebral. Ele destacou a importante atuação de Manolo à
frente da Secretaria de Imprensa do Sindicato, quando ajudou a
consolidar a concepção de que era necessário democratizar os meios de
comunicação e fortalecer os veículos próprios como forma de disputar a
hegemonia na busca por um novo modelo de sociedade, mais justa e
igualitária.
29 anos de CUT – O importante papel dos bancários e dos metalúrgicos no processo de
fundação e construção da Central foi destacada por Rosane Bertotti,
secretária de Comunicação da CUT. A dirigente resgatou que a luta pela
democratização da comunicação faz parte da estratégia de luta da CUT
desde o 1º Congresso.
“Hoje, temos a ousadia de ser a quinta maior central sindical do mundo e
comemorar os 29 anos de história com mais essa ousadia, que é o
lançamento de uma rádio feita por trabalhadores”, concluiu.