Contraf-CUT critica agências do futuro sem bancários do Itaú e Bradesco

A Contraf-CUT critica o modelo de “agências do futuro” do Itaú e
Bradesco que substituem bancários por robôs e sistemas de computador.
Esse novo conceito de atendimento, a ser inaugurado nesta semana em
unidades de São Paulo, com a utilização de alta tecnologia, ameaça o
emprego da categoria e precariza ainda mais o atendimento dos clientes e
da população.


A iniciativa ocorre depois que o Itaú lucrou R$ 7,12 bilhões no primeiro
semestre de 2012 e, além da política de rotatividade, fechou mais de
9.014 mil postos de trabalho nos últimos 12 meses. O Bradesco, por sua
vez, apurou lucro líquido de R$ 2,867 bilhões no segundo trimestre do
ano, enquanto fechou 571 postos de trabalho no período.

Na contramão do emprego – “Esse novo tipo de agência está na contramão do emprego e do
desenvolvimento do país, cujo objetivo é tão somente reduzir os custos e
turbinar ainda mais os lucros dos bancos”, afirma Carlos Cordeiro,
presidente da Contraf-CUT.


O novo conceito transforma as agências numa espécie de butique
financeira, onde prevalece a exclusão do atendimento a clientes de menor
renda. No Bradesco, por exemplo, não haverá caixas para pagamento de
contas e, no Itaú, o caixa “físico” será mantido, mas o atendimento será
exclusivo aos correntistas.


“O modelo é discriminatório e atenderá preferencialmente os clientes de
maior poder aquisitivo. O chamado banco do futuro parece fazer parte
de um processo que já vem sendo construído para discriminar a população
de baixa renda”, aponta Cordeiro.


“De um lado, estimula-se a expansão dos correspondentes bancários para
atender as pessoas de menor renda fora das agências e, de outro, cria-se
espaços de alta tecnologia, como esses, que darão preferência aos
clientes de maior renda. Está-se firmando um modelo de banco altamente
excludente. Os órgãos que fiscalizam o sistema financeiro brasileiro
precisam ficar atentos a esses modismos que ameaçam o futuro da
categoria bancária”, alerta Cordeiro.

Objetivo é turbinar lucros – O presidente da Contraf-CUT observa que o Itaú lança esse novo modelo no
exato momento em que amplia o horário de atendimento de 1,5 mil
agências até as 20h, sem qualquer negociação com o movimento sindical,
desrespeitando milhares de funcionários do banco.


“Mais uma vez, o Itaú foca o crescimento do lucro, sem atentar para o
aumento do ritmo de trabalho que a medida ocasiona e coloca em risco a
vida de seus funcionários e clientes, uma vez que à noite existe mais
insegurança. Isso mostra a falta de compromisso cada vez maior do Itaú
com os trabalhadores e a sociedade”, destaca o dirigente sindical.


Na “agência do futuro” haverá inclusive uma prateleira, que parece uma
vitrine de joalheria, exibindo os produtos do banco. “Enquanto lutamos
pelo emprego decente, com atendimento digno ao cliente, e cobramos do
sistema financeiro que o banco cumpra seu papel social de contribuir com
o desenvolvimento do país com distribuição de renda, as agências são
transformadas em lojas de produtos financeiros”, critica Cordeiro.


Segundo reportagem do jornal O Estado de S.Paulo, as duas primeiras
experiências serão inauguradas em shoppings da capital paulista. O Itaú
abrirá as portas no shopping Villa-Lobos, enquanto o Bradesco inaugura
sua unidade no JK Iguatemi. Os bancos dizem que as novidades são
“incubadoras de ideias” que podem ser expandidas para o resto da rede.

Mais automação – O Bradesco transformou a agência numa viagem ao futuro, com displays por
todo lado, e escalou um robô, o Link 237, para dar as boas-vindas ao
cliente. Os caixas eletrônicos são paralelos à parede, de modo a
garantir privacidade ao correntista.


Já no Itaú, a aposta é na estratégia adotada desde a fusão com o
Unibanco, em 2008: trazer mais informalidade e ar de “lounge” à rede de
atendimento. “A agência não tem mesa fixa de gerente – ela vai com o
notebook aonde o cliente estiver”, explica Fernando Chacon, diretor
executivo do Itaú Unibanco.


No próximo ano, o Itaú deve abrir uma nova unidade nos mesmos moldes no
Shopping Ibirapuera. O Bradesco investiu R$ 10 milhões nos últimos meses
para desenvolver seu modelo de “agência do futuro”.

Mobilização – Para essas “agências do futuro”, não falta dinheiro. “Enquanto isso, o
banco não amplia investimentos em segurança para proteger a vida de
trabalhadores e clientes”, aponta o presidente da Contraf-CUT.


“Vamos aproveitar a Campanha Nacional dos Bancários para mobilizar os
bancários e sociedade e dar uma resposta aos bancos, a fim de cobrar
mais empregos e um atendimento decente para os clientes, como
contrapartida social diante dos lucros astronômicos”, conclui Cordeiro.

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