O número de queixas de consumidores insatisfeitos subiu de 476 mil em
2010 para 535 mil no ano passado segundo 24 Procons estaduais e 146
municipais. Apenas no primeiro semestre de 2012, a entidade registrou
341 mil reclamações. E entre as principais reclamações está a
insatisfação de clientes com bancos e outras instituições financeiras.
Os indicadores apontam a insatisfação dos consumidores com a qualidade
de serviços, produtos e atendimento no Brasil e apontam aumento nas
reclamações em nível semelhante ao crescimento da classe média, que está
em franca ascensão. Os dados são da Senacon (Secretaria Nacional do
Consumidor), que agrupa informações enviadas por Procons, e foram
publicados nesta segunda-feira 27 no portal
G1.
Entre as queixas nos primeiros seis meses deste ano, 87% dizem respeito
a empresas dos setores bancários ou de telecomunicações, os dois
setores foram que mais cresceram com o aumento das classes C e D nos
últimos anos.
Maria Inês Dolci, coordenadora da associação de consumidores ProTeste,
diz que o boom da classe média é explorado por bancos e instituições
financeiras, que muitas vezes chegam a omitir dos novos clientes a gama
de serviços básicos gratuitos disponíveis. “Há muita propaganda, muito
estímulo, e pouca informação. Constatamos que, para muitos clientes,
pouco depois torna-se difícil até manter a conta aberta, devido às
taxas”, relata ao enfatizar que pacotes de tarifas são empurrados pelos
bancos ao correntista.
Crescimento x investimento –
Segundo estudo conduzido
pelo pesquisador Marcelo Neri, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), 118
milhões de brasileiros estarão na classe C (renda familiar mensal acima
de R$ 1.750) até 2014, perfazendo 60% da população brasileira. De acordo
com o estudo, o número de integrantes da classe média saltou de 65,9
milhões para 105,4 milhões entre 2003 e 2011.
Se por um lado aumenta a procura por novos consumidores, por outro a
estrutura das empresas não suporta a prestação de alguns serviços.
Problemas com a qualidade de serviços no país foram evidenciados na
recente punição da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) às
operadoras de celular, enfatizando a defasagem de investimento. Segundo
os analistas, há uma discrepância entre o volume de recursos destinados a
publicidade e marketing, para atrair cada vez mais clientes, sem
expansão estrutural e de atendimento.
Para o diretor do Procon de São Paulo, Paulo Arthur Góes, os
prestadores de serviço no Brasil não estão sabendo “absorver” os novos
clientes que entram no mercado ao conquistar a ascensão social.